Como saber se tenho TDAH: sinais de alerta e quando procurar ajuda médica
A dificuldade de concentração e a sensação de estar com a mente em vários lugares ao mesmo tempo são queixas comuns na sociedade moderna. No entanto, quando essa desatenção é persistente e acompanhada por uma inquietação constante e atitudes impulsivas, ela pode sinalizar uma condição neurobiológica específica e complexa.
Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) tem origem na infância e, frequentemente, acompanha o indivíduo ao longo da vida adulta. Sua manifestação interfere diretamente em diversas áreas, como no desempenho acadêmico e na produtividade profissional.
Muitas pessoas convivem com os desafios impostos pelo transtorno sem saber que seus problemas têm uma base neurológica tratável. A principal dificuldade reside em diferenciar os comportamentos que fazem parte da personalidade de cada um daqueles que configuram um quadro clínico, o que pode atrasar a busca por ajuda.
Nesse contexto, a jornada em busca de um diagnóstico pode ser ao mesmo tempo desafiadora e libertadora. Confrontar as dificuldades de maneira estruturada representa um ponto de virada para muitas pessoas, que passam a reescrever suas histórias com mais autocompaixão e estratégias funcionais.
Índice – TDAH
- O que é TDAH e como o transtorno afeta o dia a dia
- Quais são os principais sinais de TDAH em adultos
- Sinais de TDAH mais comuns em crianças e adolescentes
- Diferenças entre distração comum e sintomas de TDAH
- Como saber se tenho TDAH: testes e avaliações preliminares
- Quando é o momento certo para procurar ajuda médica
- Como é feito o diagnóstico clínico do TDAH
- Profissionais indicados para avaliar e tratar o TDAH
- O que fazer após o diagnóstico: tratamento e acompanhamento
O que é TDAH e como o transtorno afeta o dia a dia
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é uma condição do neurodesenvolvimento com fortes bases genéticas. Caracteriza-se por um padrão de desatenção, hiperatividade e impulsividade que é mais severo do que o tipicamente observado para a idade, não sendo uma falha de caráter ou preguiça.
As principais alterações ocorrem no funcionamento de neurotransmissores, como a dopamina, em regiões cerebrais responsáveis pelas funções executivas. Essas funções incluem a capacidade de planejamento, organização, gerenciamento do tempo, memória de trabalho e controle de impulsos, sendo vitais para a execução de tarefas.
No cotidiano, o TDAH se manifesta de múltiplas formas. A pessoa pode ter dificuldade para iniciar e concluir projetos, perder objetos com frequência e esquecer compromissos. A impulsividade pode levar a decisões apressadas, enquanto a hiperatividade pode se apresentar como uma incapacidade de relaxar.
Leia também: Como aproveitar a energia mística com sabedoria
Quais são os principais sinais de TDAH em adultos
Em adultos, os sintomas de TDAH podem ser mais sutis, especialmente a hiperatividade, que tende a se manifestar internamente. Em vez de uma agitação motora evidente, o adulto pode experimentar uma forte sensação de inquietação mental, como se seus pensamentos estivessem sempre acelerados e desordenados.
A desatenção se traduz em desafios práticos, como a procrastinação crônica, a dificuldade em seguir uma rotina e uma tendência a se distrair facilmente. A gestão do tempo se torna um grande obstáculo, levando a atrasos frequentes e à sensação de nunca conseguir dar conta de todas as responsabilidades.
A impulsividade e a desregulação emocional também são marcantes. Isso pode aparecer como impaciência, dificuldade para lidar com frustrações e mudanças de humor repentinas. Nos relacionamentos, essa característica pode gerar conflitos, pois a pessoa pode ser percebida como insensível por interromper os outros.
Sinais de TDAH mais comuns em crianças e adolescentes
Na infância e na adolescência, os sinais do TDAH costumam ser mais visíveis, principalmente no ambiente escolar. A desatenção se manifesta na dificuldade de prestar atenção às aulas, seguir instruções e completar tarefas. Frequentemente, a criança é descrita como “avoada” ou “vivendo no mundo da lua”.
A hiperatividade é outro sintoma comum. A criança parece estar sempre em movimento, mexendo-se constantemente na cadeira, correndo em momentos inadequados e tendo dificuldade para participar de atividades silenciosas. Essa agitação motora não é intencional, mas uma necessidade neurológica.
A impulsividade leva a criança a responder perguntas antes que sejam concluídas, a interromper conversas e a ter dificuldade para esperar sua vez. Esse comportamento pode resultar em problemas de relacionamento com colegas e professores, além de dificuldades em aceitar regras e limites estabelecidos.
Leia também: Energia solar: saiba como aderir, quanto custa e o que muda na sua conta de luz
Diferenças entre distração comum e sintomas de TDAH
Distinguir uma distração normal dos sintomas de TDAH é fundamental. A distração comum é geralmente situacional, ocorrendo em momentos de cansaço, estresse ou desinteresse por uma tarefa específica. Uma vez que a situação muda, a capacidade de focar retorna ao normal, sem causar prejuízos duradouros.
Os sintomas do TDAH, por outro lado, são crônicos e invasivos. Eles não aparecem apenas em uma situação, mas se manifestam em diversos contextos da vida da pessoa, como em casa, na escola e no trabalho. A dificuldade de atenção e a impulsividade são constantes e não dependem apenas de fatores externos.
O principal critério de diferenciação, contudo, é o nível de prejuízo funcional. Enquanto a distração comum raramente impede o funcionamento global do indivíduo, o TDAH causa dificuldades significativas e persistentes. Esses prejuízos afetam o desempenho acadêmico e profissional de forma consistente.

Como saber se tenho TDAH: testes e avaliações preliminares
A suspeita de TDAH geralmente começa com a auto-observação. Testes online, embora possam gerar curiosidade, não possuem valor diagnóstico e não devem ser usados para tirar conclusões sobre a própria saúde, pois apenas um profissional pode fornecer um diagnóstico correto e seguro.
Uma etapa preliminar útil é o uso de escalas de rastreio validadas, como a Escala de Autoavaliação para Adultos (ASRS). Ela serve como um guia para identificar se os sintomas presentes são consistentes com os do TDAH e se merecem uma investigação mais aprofundada por um especialista.
Além disso, um exercício de autoanálise pode fornecer informações valiosas. Anotar por algumas semanas as dificuldades enfrentadas, os contextos em que elas aparecem e o nível de prejuízo que causam na vida diária ajuda a organizar as ideias para uma eventual consulta médica.
Quando é o momento certo para procurar ajuda médica
A decisão de procurar ajuda profissional deve ser tomada quando os sintomas causam sofrimento e prejuízos funcionais de maneira contínua. Se as dificuldades estão afetando negativamente o desempenho no trabalho, os estudos, os relacionamentos familiares ou a vida social, este é um forte sinal de alerta.
Outro indicador importante é o impacto na saúde emocional. A convivência diária com os desafios do TDAH pode levar a sentimentos crônicos de frustração, inadequação, ansiedade e baixa autoestima. Quando a pessoa percebe que está constantemente lutando, a avaliação médica se torna necessária.
Não é preciso esperar por uma crise para buscar orientação. Se a suspeita de TDAH existe e os sintomas atrapalham a qualidade de vida, mesmo que de forma moderada, a consulta com um especialista é recomendada. O diagnóstico precoce permite o início do tratamento e a implementação de estratégias de apoio.
Como é feito o diagnóstico clínico do TDAH
O diagnóstico do TDAH é um processo clínico detalhado, realizado por um médico especialista. Ele se baseia nos critérios estabelecidos por manuais diagnósticos internacionais, como o DSM-5, que exige a presença de um número específico de sintomas por um período determinado de no mínimo seis meses.
O profissional conduz uma entrevista aprofundada para coletar o histórico de vida do paciente, desde a infância até o presente. São investigados o desempenho escolar, o histórico profissional e a presença dos sintomas em diferentes fases. No caso de crianças, a entrevista com pais e professores é indispensável.
Parte fundamental do processo é o diagnóstico diferencial. O médico precisa descartar outras condições médicas ou psiquiátricas que podem apresentar sintomas semelhantes, como transtornos de ansiedade ou depressão. Exames podem ser solicitados para investigar essas outras possibilidades.
Profissionais indicados para avaliar e tratar o TDAH
A avaliação inicial e o diagnóstico do TDAH devem ser feitos por um médico. Os profissionais mais indicados para essa função são o psiquiatra e o neurologista, pois ambos possuem o conhecimento necessário para realizar o diagnóstico diferencial e prescrever o tratamento medicamentoso.
Frequentemente, o médico trabalha em conjunto com um neuropsicólogo. Este profissional aplica uma bateria de testes e avaliações cognitivas para analisar detalhadamente as funções executivas, como atenção, memória e controle inibitório, auxiliando na confirmação das dificuldades do paciente.
O tratamento é idealmente multidisciplinar. Além do acompanhamento médico, a psicoterapia é altamente recomendada. Dependendo das necessidades individuais, podem ser envolvidos também psicopedagogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais para um suporte completo e integrado.
Leia também: Atividade econômica e inflação no Brasil em análise
O que fazer após o diagnóstico: tratamento e acompanhamento
Receber o diagnóstico de TDAH é o primeiro passo para uma nova fase de autoconhecimento. O tratamento é multimodal, ou seja, combina diferentes intervenções. A psicoeducação, que consiste em aprender sobre o transtorno, é a base para que o paciente entenda seus desafios e se engaje no tratamento.
O tratamento medicamentoso, quando indicado pelo médico, é uma das principais ferramentas. Fármacos estimulantes e não estimulantes atuam na regulação dos neurotransmissores, ajudando a melhorar o foco, reduzir a impulsividade e controlar a hiperatividade, sempre com supervisão profissional.
Paralelamente, a psicoterapia é fundamental para desenvolver habilidades e estratégias de enfrentamento. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), por exemplo, ajuda o paciente a organizar sua rotina, gerenciar o tempo e a lidar melhor com as emoções, promovendo o bem-estar geral.