Seu gato dorme muito? Veja quantas horas é normal e o que isso revela

Observar o comportamento de um gato doméstico frequentemente leva a uma conclusão quase unânime: eles são especialistas em longas sonecas. A imagem de um felino enroscado em um sofá, aparentemente entregue a um sono profundo por horas a fio, é uma cena comum em muitos lares e desperta a curiosidade de seus tutores.

Essa predisposição ao descanso, contudo, não é um mero sinal de preguiça. O padrão de sono dos gatos é um reflexo direto de sua herança biológica, uma característica ancestral que permanece presente mesmo após milhares de anos de domesticação. Compreender essa natureza é o primeiro passo para interpretar corretamente seus hábitos.

A quantidade de horas que um gato dorme pode variar consideravelmente, influenciada por fatores como idade, saúde e o ambiente em que vive. Distinguir um comportamento de sono normal de um que possa indicar um problema subjacente é uma das responsabilidades mais importantes de um tutor atento.

Dessa forma, a análise dos hábitos de sono do felino, a identificação de mudanças repentinas em sua rotina e o conhecimento sobre os sinais de alerta são fundamentais. Essas informações permitem garantir não apenas o bem-estar físico do animal, mas também sua saúde emocional e psicológica.

Quantas horas por dia um gato costuma dormir

A quantidade de sono de um gato é uma das suas características mais marcantes. Em média, um gato adulto saudável dorme cerca de 60% do seu tempo, o que se traduz em um período que pode variar de 12 a 16 horas por dia. Esse número, no entanto, é uma média e pode sofrer variações consideráveis.

Fatores como o clima podem influenciar diretamente nesse padrão. Em dias mais frios ou chuvosos, é comum que os felinos procurem se abrigar e passem ainda mais tempo dormindo para conservar o calor corporal e a energia. A rotina da casa e o nível de atividade dos tutores também podem modular seus períodos de descanso.

É importante notar que, mesmo dentro dessa longa janela de sono, a maior parte do tempo é passada em um estado de sono leve. Estudos indicam que cerca de 70% do sono felino é superficial, permitindo que o animal desperte rapidamente ao menor sinal de perigo ou de uma oportunidade de caça, um traço herdado de seus ancestrais selvagens.

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Por que os gatos dormem tanto ao longo do dia

A principal razão para os longos períodos de sono dos gatos está em sua natureza de predador. Na vida selvagem, a caça exige explosões curtas e intensas de energia para perseguir e capturar uma presa. Dormir por longos períodos é a estratégia evolutiva que eles desenvolveram para conservar essa energia vital para os momentos de atividade.

Esse comportamento é conhecido como crepuscular, e não noturno, como muitos acreditam. Os ancestrais dos gatos domésticos eram mais ativos durante o amanhecer e o entardecer, períodos em que suas presas naturais também estavam mais ativas. Durante o pico do dia e da noite, eles descansavam para se proteger de predadores maiores e economizar energia.

Mesmo vivendo em um ambiente doméstico seguro e com comida farta, os gatos mantêm esse instinto. As brincadeiras dentro de casa, como perseguir um brinquedo ou uma luz, são uma simulação desse comportamento de caça. As longas sonecas que se seguem são, portanto, a forma de se recuperar e se preparar para a próxima “caçada”.

Diferença de sono entre gatos filhotes, adultos e idosos

A idade é um dos fatores que mais alteram a necessidade de sono de um gato. Os gatos filhotes são os que mais dormem, podendo passar até 20 horas por dia em estado de sono. Esse período extenso é fundamental para o seu desenvolvimento físico e neurológico.

Durante o sono, especialmente na fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), o cérebro do filhote consolida o aprendizado, desenvolve as conexões neurais e libera hormônios de crescimento essenciais. É comum observar os filhotes tendo espasmos ou se movendo durante o sono, um sinal de que seu sistema nervoso está em pleno desenvolvimento.

À medida que o gato se torna adulto, seu padrão de sono se estabiliza na média de 12 a 16 horas diárias. Já na fase idosa, é natural que o gato volte a dormir mais, de forma semelhante a um filhote. O envelhecimento torna o metabolismo mais lento e pode trazer desconfortos articulares, fazendo com que o animal fique mais apático e busque o descanso com mais frequência.

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Quando o excesso de sono pode ser sinal de problema de saúde

Embora seja normal que gatos durmam muito, uma mudança súbita e significativa no padrão de sono pode ser um sinal de alerta. Se um gato que costumava ser ativo em determinados horários passa a dormir de forma contínua e demonstra apatia mesmo quando está acordado, isso pode indicar um problema de saúde subjacente.

Diversas condições médicas podem levar à letargia e ao sono excessivo. Doenças metabólicas, como o hipertireoidismo ou a diabetes, problemas renais, infecções, dores crônicas causadas por artrite e até mesmo doenças mais graves podem ter o aumento do sono como um de seus primeiros sintomas.

É fundamental que o tutor conheça bem a rotina normal do seu gato. A observação atenta é a melhor ferramenta para identificar se o aumento nas horas de sono é apenas uma variação normal, causada por um dia mais frio, ou se é um sintoma persistente que exige uma investigação mais aprofundada por um profissional.

Seu gato dorme muito Veja quantas horas é normal e o que isso revela
Gatos filhotes podem dormir até 20 horas por dia, um período essencial para o seu desenvolvimento físico e neurológico – Crédito: Darkmoon_Art / Pixabay

O que o padrão de sono do gato revela sobre o bem-estar dele

O padrão de sono de um gato pode dizer muito sobre seu estado emocional e seu nível de bem-estar. Um gato que se sente seguro e confortável em seu ambiente tende a ter um sono mais tranquilo e a entrar em fases de sono profundo com mais facilidade. A escolha de locais de descanso expostos e relaxados é um sinal de confiança.

Por outro lado, alterações no padrão de sono podem indicar estresse ou tédio. Um gato que não recebe estímulos suficientes, com poucos brinquedos ou pouca interação, pode passar a dormir mais por falta de atividade. O tédio pode, a longo prazo, levar a problemas comportamentais e até mesmo à depressão.

Da mesma forma, um gato estressado ou ansioso pode apresentar um sono mais agitado, ou passar a se esconder para dormir em locais onde se sente mais protegido. Mudanças no ambiente, como a chegada de um novo animal ou uma mudança de casa, podem ser gatilhos para esse tipo de comportamento.

Mudanças no ambiente que podem afetar o sono do seu gato

Os gatos são animais extremamente territorialistas e sensíveis a mudanças em seu ambiente. Qualquer alteração, por menor que pareça, pode afetar seu comportamento e, consequentemente, seu padrão de sono. A introdução de um novo membro na família, seja um bebê ou outro animal de estimação, é uma das causas mais comuns de estresse.

A mudança de residência também é um evento altamente estressante para um felino. A necessidade de se adaptar a um novo território, com novos cheiros e sons, pode deixá-lo inseguro e fazer com que ele durma menos ou procure locais escondidos para descansar. O mesmo pode ocorrer com reformas ou a simples mudança de móveis de lugar.

A falta de um ambiente enriquecido é outro fator relevante. Um gato que vive em um espaço monótono, sem prateleiras para escalar, arranhadores para afiar as unhas e brinquedos para estimular seu instinto de caça, pode desenvolver tédio crônico. Essa falta de estímulo mental e físico frequentemente se manifesta como um aumento nas horas de sono.

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Quando é hora de procurar um veterinário por causa do sono excessivo

A decisão de procurar um médico veterinário deve ser tomada sempre que o tutor observar uma mudança brusca e persistente nos hábitos do animal. Se o sono excessivo vier acompanhado de outros sintomas, a visita ao profissional se torna ainda mais urgente.

Sinais de alerta que, combinados com a letargia, exigem atenção incluem a perda ou o aumento de apetite, mudanças no consumo de água, vômitos, diarreia, dificuldade para urinar ou defecar, miados excessivos ou diferentes do normal, e comportamento agressivo ou arredio.

Ninguém conhece o animal melhor do que seu próprio tutor. A percepção de que “algo não está certo” é, muitas vezes, o primeiro passo para o diagnóstico de um problema. Não hesite em procurar ajuda profissional ao notar qualquer alteração, pois os gatos são mestres em esconder sinais de dor ou doença, e a intervenção precoce pode fazer toda a diferença.