Tarifas de Importação de Trump São Postergadas Mais Uma Vez
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou novamente a implementação de tarifas "recíprocas" sobre diversos países, que estavam previstas para entrar em vigor hoje. A nova data para a aplicação das taxas será 1º de agosto, o que prolonga a incerteza para empresas, mas também oferece mais tempo para que parceiros comerciais dos EUA negociem acordos e evitem as altas tarifas.
Economistas geralmente desaprovam tarifas, pois acreditam que elas prejudicam tanto consumidores quanto trabalhadores dentro dos países que as impõem. Apesar de reconhecerem que o livre comércio pode ter desvantagens, muitos afirmam que as tarifas elevadas raramente são a solução para problemas econômicos.
Até agora, as tarifas de Trump não resultaram em um aumento significativo da inflação nos EUA, nem desaceleraram a economia ou afetaram o crescimento do emprego. Contudo, especialistas alertam que a inflação e o emprego podem ser afetados de forma mais acentuada no final do ano, apontando que o atual cenário de calmaria pode dar uma falsa sensação de segurança ao governo.
A imposição de tarifas, que são essencialmente impostos sobre importações, tem como efeito direto o aumento de custos para indústrias e preços para consumidores. Quase metade das importações dos EUA é composta por produtos intermediários, utilizados para fabricar bens acabados. Por exemplo, a indústria de aviação e a de automóveis dependem de peças e componentes importados. Quando os custos de importação aumentam devido a tarifas, empresas americanas enfrentam dificuldades financeiras, o que pode ser refletido em preços mais altos para os consumidores.
A experiência durante o primeiro mandato de Trump, quando tarifas foram impostas a produtos no valor de US$ 283 bilhões, mostra que as taxas foram repassadas integralmente aos preços internos dos produtos importados, prejudicando os consumidores. Em contraste, tarifas mais baixas nos últimos 20 anos permitiram que os preços gerais de bens se mantivessem relativamente baixos nos EUA, mesmo com um aumento significativo nos preços de serviços.
As novas tarifas têm previsão de causar um aumento nos preços, o que já foi antecipado pelo presidente do Federal Reserve, que previu um aumento da inflação nos preços dos produtos. A experiência passada também sugere que essas tarifas podem reduzir o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos.
Economistas apontam várias razões para os efeitos negativos das tarifas na economia. Tarifas mais altas podem desviar o foco da produção para setores onde o país não tem vantagem competitiva, resultando em menor produtividade e maior utilização de recursos em áreas menos eficientes. Além disso, custos elevados de insumos importados podem impactar negativamente a capacidade produtiva das empresas.
A incerteza gerada por mudanças frequentes nas tarifas também afeta a disposição das empresas de investir. Um estudo recente revela que a porcentagem de pequenas empresas americanas planejando investimentos no curto prazo caiu para o nível mais baixo desde abril de 2020, quando a pandemia de COVID-19 estava em pleno auge.
Retaliações de outros países também se tornam uma preocupação com o aumento das tarifas. Após o anúncio das novas tarifas por parte de Trump, parceiros comerciais dos EUA reagiram rapidamente com suas próprias taxas. Na contramão desse cenário, um trégua temporária foi firmada com China e União Europeia.
Embora haja consenso entre economistas sobre os benefícios do livre comércio, eles alertam que isso também pode acarretar custos, como a perda de empregos em comunidades que enfrentam nova concorrência de fabricantes estrangeiros. Em um paralelo, a automação também contribuiu para a redução de empregos na indústria.
A ideia de uma "transição justa" ganha destaque, onde trabalhadores afetados por mudanças econômicas recebem suporte para se realocar no mercado de trabalho. Além disso, a pandemia evidenciou a dependência excessiva de cadeias de suprimento globais, que pode resultar em escassez de produtos essenciais.
Embora alguns defendam que o aumento de tarifas pode proteger a produção nacional, especialistas sugerem que subsídios diretos a setores específicos são uma alternativa mais eficaz. Mais importante ainda, o comércio livre é fundamental para manter a paz entre as nações, uma vez que relações comerciais estreitas criam vínculos que desencorajam conflitos.