Melatonina natural: descubra o alimento que te faz dormir mais rápido

Uma noite de sono de qualidade é um dos pilares fundamentais para a saúde física e mental. No entanto, para uma parcela crescente da população, adormecer e manter um sono reparador se tornou um desafio diário, com consequências que se estendem por toda a rotina.

Em busca de soluções, muitas pessoas recorrem a suplementos, mas a alimentação pode ser uma aliada natural e eficaz. A ciência da nutrição tem demonstrado que o que comemos, especialmente nas horas que antecedem o deitar, pode modular os processos biológicos que regulam o descanso.

Certos alimentos são fontes naturais de melatonina, o hormônio que comanda o nosso relógio biológico, ou de nutrientes que auxiliam em sua produção. A inclusão estratégica desses itens na dieta pode ajudar a regular o ciclo do sono de forma natural.

A identificação desses alimentos, a compreensão de seus mecanismos de ação e a adoção de uma rotina alimentar noturna saudável são os pontos centrais para quem busca melhorar a qualidade do sono por meio da nutrição, como uma alternativa ou um complemento a outras práticas.

O que é melatonina e seu papel fundamental no ciclo do sono

A melatonina é um hormônio produzido naturalmente no corpo humano, principalmente pela glândula pineal, localizada no cérebro. Sua função primordial é a de regular o ritmo circadiano, o nosso relógio biológico interno que dita os ciclos de sono e vigília ao longo de 24 horas.

A produção de melatonina é intrinsecamente ligada à luz. Quando a luminosidade do ambiente diminui, ao anoitecer, a glândula pineal é estimulada a liberar o hormônio na corrente sanguínea, induzindo a sonolência e preparando o corpo para o repouso. Pela manhã, com o retorno da luz, sua produção é suprimida, sinalizando que é hora de despertar.

Fatores do estilo de vida moderno, como a exposição excessiva à luz azul emitida por telas de celulares e computadores durante a noite, podem interferir nesse processo, inibindo a produção de melatonina e dificultando o início do sono. Por essa razão, a busca por fontes externas do hormônio, como em alimentos, tem ganhado atenção.

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O alimento mais poderoso para o seu sono: por que ele é eficaz

Embora diversos alimentos contenham nutrientes que auxiliam no sono, poucos são fontes diretas e significativas de melatonina. Entre eles, a cereja azeda (ou ginja) se destaca em estudos científicos como um dos alimentos com a maior concentração natural do hormônio do sono.

A eficácia da cereja azeda está em sua capacidade de aumentar diretamente os níveis de melatonina no organismo, o que pode ajudar a reduzir o tempo que se leva para adormecer (latência do sono) e a melhorar a qualidade geral do descanso.

Pesquisas sobre o tema têm apresentado resultados consistentes. Um estudo publicado no European Journal of Nutrition (link.springer.com/journal/394) demonstrou que adultos que consumiram suco de cereja azeda concentrado por sete dias tiveram um aumento significativo nos níveis de melatonina e relataram uma melhora tanto na duração quanto na qualidade do sono.

Como a melatonina natural presente neste alimento ajuda a dormir mais rápido

O mecanismo de ação da melatonina presente nas cerejas azedas é direto. Ao consumir a fruta ou seu suco, preferencialmente uma a duas horas antes do horário de deitar, o hormônio é absorvido pelo sistema digestivo e entra na corrente sanguínea.

Esse aumento nos níveis de melatonina circulante reforça o sinal natural que o cérebro envia ao corpo para iniciar o processo de adormecimento. Isso pode ser particularmente útil para pessoas cujo relógio biológico está dessincronizado, como em casos de jet lag, ou para aquelas que têm dificuldade em “desligar” a mente à noite.

Além da melatonina, as cerejas azedas são ricas em outros compostos, como o triptofano e as procianidinas, que também podem contribuir para um sono melhor. O triptofano é um precursor da serotonina, que por sua vez é convertida em melatonina, e as procianidinas podem ajudar a aumentar a disponibilidade do triptofano no corpo.

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Outros alimentos que também são ricos em melatonina e seus benefícios

Embora a cereja azeda seja um destaque, outros alimentos também podem contribuir com um aporte natural de melatonina. As nozes, por exemplo, são uma das melhores fontes de melatonina entre as oleaginosas, além de fornecerem magnésio, um mineral que promove o relaxamento muscular.

Peixes gordurosos, como o salmão e o atum, também são boas fontes de melatonina. Adicionalmente, eles são ricos em vitamina D e ômega-3, nutrientes que estão envolvidos na regulação da serotonina, um neurotransmissor que desempenha um papel importante na promoção do relaxamento e do bem-estar.

O leite é outra fonte conhecida, contendo tanto melatonina quanto triptofano. A tradição de tomar um copo de leite morno antes de dormir tem, portanto, uma base bioquímica que pode, de fato, auxiliar na indução do sono.

Melatonina natural descubra o alimento que te faz dormir mais rápido
A cereja azeda é uma das fontes naturais mais ricas em melatonina, e estudos mostram que o consumo de seu suco pode ajudar a melhorar a duração e a qualidade do sono – Crédito: klimkin / Pixabay

O que comer antes de dormir para potencializar a produção de melatonina

Além de consumir alimentos que já contêm melatonina, é possível ingerir alimentos que fornecem os “tijolos” para que o próprio corpo produza o hormônio. O principal desses precursores é o aminoácido triptofano, que é convertido em serotonina e, posteriormente, em melatonina.

Alimentos ricos em triptofano incluem o peru, o frango, os ovos, as sementes de abóbora e o queijo. A inclusão de uma pequena porção de um desses alimentos em uma refeição leve à noite pode ajudar a otimizar a produção endógena de melatonina.

Para potencializar o efeito, a recomendação nutricional é consumir a fonte de triptofano junto com uma porção de carboidratos complexos, como uma fatia de pão integral ou um pouco de aveia. Os carboidratos estimulam a liberação de insulina, que ajuda a “limpar” o caminho para que o triptofano chegue mais facilmente ao cérebro.

Os alimentos que você deve evitar antes de ir para a cama

Assim como alguns alimentos ajudam, outros podem prejudicar a qualidade do sono. A cafeína é o principal vilão, por ser um estimulante que bloqueia os receptores de adenosina no cérebro, a substância que promove a sonolência. Seus efeitos podem durar muitas horas, por isso deve ser evitada a partir do meio da tarde.

O álcool é outro inimigo do sono reparador. Embora uma dose de álcool possa causar sonolência inicial, ele interfere negativamente na arquitetura do sono, especialmente na fase REM. O resultado é um sono mais leve, fragmentado e menos restaurador.

Refeições muito grandes, gordurosas ou ricas em açúcar também devem ser evitadas perto da hora de deitar. Elas podem causar desconforto digestivo e refluxo, além de provocarem picos de glicemia que podem perturbar o sono. O ideal é fazer a última refeição principal de duas a três horas antes de ir para a cama.

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Hábitos que ajudam a regular o sono, além da alimentação

A alimentação é apenas um dos componentes de uma boa higiene do sono. Para uma regulação eficaz do ciclo de sono-vigília, é fundamental adotar uma rotina de hábitos saudáveis, que preparem o corpo e a mente para o descanso.

Manter um horário regular para dormir e para acordar, mesmo aos fins de semana, é uma das práticas mais importantes. Essa regularidade ajuda a sincronizar o relógio biológico, fazendo com que o corpo “aprenda” quando é hora de sentir sono e de despertar.

A criação de um ambiente propício ao sono também é essencial. Isso inclui manter o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável. A exposição à luz, especialmente a luz azul das telas, deve ser reduzida ao mínimo uma hora antes de deitar, para não inibir a produção natural de melatonina.