“Materialists” analisa o romance como estratégia de negócios

A Nova Obra de Celine Song: "Materialistas"

O novo filme de Celine Song, "Materialistas", busca explorar as complexidades do amor e do casamento, mas não consegue atingir todo o seu potencial. A trama gira em torno de Lucy, uma casamenteira que trabalha em uma agência de relacionamentos de alto padrão em Nova York, e tenta questionar o que realmente significa amar alguém na sociedade contemporânea.

Desde o início, a obra se apresenta não apenas como um drama romântico, mas também como uma reflexão crítica sobre o gênero. A narrativa é introduzida com uma cena peculiar, que remete a tempos antigos, onde um casal parece mais interessado na troca de bens materiais do que no amor verdadeiro. Isso estabelece o tom do filme, que não se limita a retratar relacionamentos, mas propõe um exame mais profundo das motivações que nos levam a escolher nossos parceiros.

Lucy, interpretada por Dakota Johnson, é uma mulher na casa dos trinta e poucos anos, que desempenha seu papel com bastante seriedade. No seu trabalho, ela busca unir pessoas com base em critérios rigorosos, como altura, renda e aparência física, utilizando uma abordagem quase científica para encontrar parceiros ideais. A ideia é que os casais formados por meio desse método sejam mais compatíveis, como se fosse um algoritmo.

O filme começa de forma promissora, com Lucy organizando um casamento perfeito para dois de seus clientes. Essa festa é tratada como uma grande conquista, quase uma vitória em uma competição. Ela orienta a noiva sobre os benefícios materiais e estratégicos do matrimônio, destacando a faceta comercial do amor.

Durante a festa, Lucy conhece Harry, um irmão do noivo, que parece ser um potencial cliente, e seu ex-namorado John, um aspirante a ator que enfrenta dificuldades financeiras. Lucy diz não acreditar no casamento e sonha em viver sozinha, mas a trama a leva a uma encruzilhada entre amor e segurança material.

O filme explora a ideia de que o casamento muitas vezes é mais uma questão de propriedade e controle do que de amor verdadeiro. Lucy, com sua visão pragmática, sabe muito bem como operar dentro desse sistema, mas quando começa a vivenciá-lo, percebe que as contas não se fecham como ela imaginava.

Nos primeiros momentos, "Materialistas" apresenta diálogos longos e reflexivos, apresentando a história de forma mais lenta e melancólica do que os típicos romances de Hollywood. Apesar do potencial, conforme a narrativa avança, o filme começa a perder o ritmo. As conversas se tornam repetitivas e as emoções, que deveriam fortalecer as relações de Lucy com Harry e John, não se concretizam.

Embora o filme aborde questões importantes raramente discutidas em comédias românticas, ele não consegue criar a conexão emocional que os espectadores esperam. Ao final, o que prometia ser uma reflexão profunda sobre amor e casamento se transforma em uma análise fria, onde os personagens parecem mais ferramentas para explorar ideias do que seres humanos em busca de afeto.

"Materialistas" é uma tentativa interessante de provocar discussões sobre relacionamentos numa abordagem mais cerebral, mas, no final, a falta de emoção genuína faz com que o público se distancie dos personagens. Apesar de ter uma estrutura bem construída e apresentar um tema relevante, a falta de ressonância emocional esvazia o impacto da mensagem que o filme pretende transmitir.