Líder quilombola celebrada em 25 de julho teve parlamento próprio
O Senado brasileiro instituiu o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorado em 25 de julho. Essa data homenageia uma importante líder da resistência à escravidão no Brasil. Tereza, conhecida como “Rainha Tereza”, governava o Quilombo do Quariterê, onde exerceu sua liderança por cerca de 20 anos, organizando a comunidade de maneira semelhante a um parlamento.
O Quilombo do Quariterê, localizado em Mato Grosso, é conhecido desde pelo menos 1748. Relatos históricos mostram que Tereza assumiu a liderança após a morte do rei que a precedeu. Ela conduzia reuniões em sua casa para discutir assuntos do quilombo, com um conselho formado por seus colaboradores, incluindo José Piolho, um escravo que tinha grande autoridade.
Em 1770, colonizadores atacaram o quilombo, resultando na prisão de muitos de seus habitantes. Acredita-se que Tereza tenha tirado a própria vida após ser capturada, mas os detalhes exatos do que aconteceu são incertos. O legado de Tereza destaca não apenas sua liderança feminina, mas também a diversidade e a complexidade da organização do quilombo, que contava com funções bem definidas entre seus membros para a administração e proteção do território.
Vale mencionar que, mesmo após o considerado fim do quilombo, remanescentes do grupo continuaram a resistir. 25 anos depois da destruição do Quariterê, bandeirantes encontraram e atacaram alguns desses sobreviventes, que se tornaram figuras importantes na comunidade, incluindo médicos e líderes religiosos.
A figura de Tereza de Benguela ressoa até hoje entre as mulheres quilombolas. Alciléia Torres, uma jovem liderança do quilombo Kalunga, em Cavalcante (GO), afirma que Tereza é uma força ancestral que acompanha todas as mulheres de sua comunidade. Alciléia enfatiza que o espírito de luta e resistência de Tereza está presente em cada mulher que vive e trabalha no quilombo, seja em casa, na roça ou à frente de projetos comunitários.
A data de 25 de julho foi oficialmente reconhecida como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra em 2014, após um projeto de lei apresentado pela senadora Serys Slhessarenko, de Mato Grosso, em 2009. Essa celebração ressalta a importância da história e da resistência das mulheres negras no Brasil.