Familiares criticam relatório que atribui erro ao piloto

Uma investigação sobre o acidente aéreo mais grave da Coreia do Sul revelou que um erro do piloto foi um fator determinante na tragédia. De acordo com relatórios da mídia local, o piloto desligou o motor errado durante o pouso do voo 2216 da Jeju Air.

Em dezembro, o avião, que levava 181 pessoas a bordo, colidiu com uma barreira enquanto tentava pousar no Aeroporto Internacional de Muan. A aeronave enfrentou um impacto de pássaros, que danificou um dos motores. Infelizmente, apenas duas pessoas sobreviveram ao acidente.

A divulgação dos resultados da investigação, que estava programada para o último fim de semana, foi adiada devido a protestos das famílias das vítimas. Os parentes alegaram que os investigadores estavam culpando exclusivamente o piloto, sem considerar outros fatores que também contribuíram para a tragédia.

No dia 29 de dezembro, enquanto se aproximava do aeroporto, a tripulação do voo 2216 relatou a colisão com pássaros e fez um apelo de emergência. Ao perceber o problema, tentaram pousar o avião de uma direção diferente. Imagens mostram a aeronave realizando um pouso de “barriga”, sem os trens de pouso, e deslizando na pista até colidir com uma barreira de concreto.

Os motores da aeronave foram enviados para análise na França em março. A investigação da Junta de Segurança da Aviação e Ferrovias da Coreia do Sul concluiu que o piloto desligou o motor esquerdo, que não apresentava falhas, em vez de desligar o motor direito, que havia sido severamente danificado pela colisão com pássaros.

Entretanto, as famílias das vítimas afirmaram que o relatório não mencionou a barreira de concreto no final da pista, que, segundo elas, foi crucial para a gravidade do acidente. Em uma declaração, os parentes pediram uma investigação justa e transparente, ressaltando a necessidade de integrar outros fatores na análise das causas do acidente.

O sindicato dos pilotos da Jeju Air também criticou as conclusões, afirmando que destacaram a falha do piloto e minimizaram outros fatores que contribuíram para o acidente. Apesar das críticas, uma fonte próxima à investigação afirmou que os resultados não seriam alterados, pois havia “provas e dados concretos”.

Após o acidente, o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul anunciou em janeiro que iria remover barreiras de concreto em sete aeroportos do país. Em maio, as famílias das vítimas apresentaram uma denúncia criminal contra Kim E-bae, diretor-executivo da Jeju Air, por negligência profissional. Esse executivo está entre 24 pessoas sendo investigadas em relação ao acidente.