Cratera de Colônia: meteoro cria buraco de 4 km com cidade

No extremo sul de São Paulo, longe do agito do centro, se esconde uma verdadeira maravilha: a cratera de Colônia. Formada há milhões de anos por um impacto celestial, esse incrível monumento geológico com 3,6 km de diâmetro fica no distrito de Parelheiros. Para muitos, é uma surpresa saber que esse tesouro não está no Piauí, mas bem no coração da maior metrópole da América do Sul.

A cratera não é apenas uma marca da história geológica. Ela abriga uma comunidade vibrante, o bairro de Vargem Grande, onde cerca de 40 mil pessoas fazem suas vidas. Essa é a história da Cratera de Colônia: um lugar onde a vida humana se entrelaça com o legado de um evento cósmico.

A descoberta da ferida de estrela no mapa de São Paulo

O que muitos não sabem é que a cratera passou quase despercebida até a década de 1960. Foi então que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisaram fotografias aéreas e perceberam sua forma circular. Em 1961, a descoberta se tornou oficial, mas foi necessário muito mais tempo para entender a verdadeira origem dessa forma.

A confirmação de que a depressão era resultado de um impacto de meteoro só aconteceu após décadas de estudos. Análises detalhadas das rochas revelaram características chamadas de “quartzo chocado”, que só se formam com a pressão e temperaturas extremas de um impacto. Essa descoberta eliminou outras teorias, como a possibilidade de origem vulcânica.

O tamanho e a idade do evento

Imagina só: um corpo celeste do tamanho de um prédio de 20 andares atingiu a Terra, causando um estrondo que liberou energia equivalente a várias bombas atômicas. Acredita-se que esse impacto aconteceu entre 5 e 36 milhões de anos atrás.

O resultado foi uma cratera com 3,6 quilômetros de diâmetro, que trouxe consigo um anel de colinas de até 125 metros de altura ao redor do buraco. Essa borda elevada ainda define a paisagem da região e delimita a cratera.

Como uma cidade cresceu dentro da cratera de Colônia?

A urbanização na cratera é um fenômeno recente. O bairro de Vargem Grande começou a ganhar forma nos anos 80, motivado pela expansão da cidade e pela busca de alternativas habitacionais para uma população de baixa renda que foi se afastando do centro.

Hoje, cerca de 40 mil pessoas vivem nesta área, enfrentando por muito tempo desafios relacionados à falta de infraestrutura, como asfalto e saneamento básico. Recentemente, no entanto, iniciativas da Prefeitura de São Paulo têm transformado a realidade local, buscando um equilíbrio entre a ocupação humana e a preservação ambiental.

O tesouro científico guardado sob o bairro

Mas a cratera de Colônia não é só uma curiosidade geológica; ela é um verdadeiro laboratório natural. Após o impacto, a depressão se transformou em um lago fechado que, ao longo de milhões de anos, acumulou sedimentos com profundidade de até 400 metros.

Esses sedimentos funcionam como uma cápsula do tempo, preservando uma riqueza de informações sobre a história do clima e da vegetação da Mata Atlântica. Por conta de seu valor inestimável, a cratera foi tombada como patrimônio geológico em 2003 e se tornou o Parque Natural Municipal da Cratera de Colônia em 2007.

É interessante pensar em como esse pedaço da história está justo no meio de uma cidade tão grande, lembrando-nos de que, mesmo nas áreas urbanas, ainda existem tesouros naturais que contam nossa história.