Consignado do FGTS: entenda como funciona essa nova modalidade de empréstimo
Consignado do FGTS já está disponível mesmo sem regras definidas. Veja como funciona e quais riscos o trabalhador assume com essa nova linha de crédito.
Consignado do FGTS é o nome da nova linha de crédito que permite ao trabalhador usar parte do saldo do fundo como garantia. A proposta vale para quem tem carteira assinada ou é microempreendedor individual.
Desde que o governo anunciou, essa possibilidade tem gerado debates e opiniões divididas entre especialistas e trabalhadores. O que chamou a atenção é o uso do dinheiro do fundo como garantia mesmo sem regras detalhadas definidas. Ainda que exista a previsão legal, a regulamentação oficial deve acontecer apenas em junho.
Enquanto isso, o empréstimo já pode ser contratado e as parcelas são descontadas diretamente do salário. Para conseguir o crédito, o trabalhador deve autorizar o uso de até 10% do saldo do FGTS ou, em caso de demissão, a multa de 40%. Se houver inadimplência, o saldo reservado do FGTS servirá para quitar a dívida.

Por que o novo Consignado do FGTS tem gerado tanta discussão?
Uma das maiores críticas é que o trabalhador não consegue sacar o FGTS livremente quando precisa. Mesmo assim, o valor pode servir como garantia para bancos. Muitos veem isso como uma contradição, já que o dinheiro continua preso, mas serve para beneficiar as instituições financeiras.
Na prática, o trabalhador paga juros usando o próprio dinheiro como garantia. Além disso, há o risco de aumento do endividamento entre os brasileiros, principalmente na população de baixa renda.
Os dados mais recentes mostram que mais de 74 milhões de pessoas estavam endividadas em janeiro deste ano. Ou seja, em vez de resolver, o novo crédito pode piorar a situação de quem já está apertado.
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Como funciona o desconto do Consignado do FGTS na folha de pagamento?
Como todo empréstimo consignado, os descontos acontecem diretamente do salário. A margem continua sendo de até 35% da renda mensal. Se o trabalhador mudar de emprego, a dívida pode ser transferida para o novo vínculo ou renegociada.
Caso não haja solução, o banco usa o FGTS garantido para receber o valor restante. O problema é que o risco recai todo sobre o trabalhador. Para o banco, não há chance de prejuízo, pois ele recebe de qualquer forma.
Por outro lado, quem pegou o empréstimo pode ficar sem acesso ao fundo justamente em um momento de necessidade, como uma demissão ou emergência.
O que é o FGTS e por que ele existe?
O FGTS não é descontado do salário. Ele é um depósito mensal feito pelo empregador e representa 8% da remuneração bruta do trabalhador. Esse dinheiro é guardado em uma conta vinculada e, por regra, só pode ser sacado em algumas situações específicas.
O objetivo é formar uma reserva de segurança ao longo da vida profissional. Além de servir como poupança forçada para o trabalhador, o FGTS também está em políticas públicas. Parte dos recursos vai para projetos de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana.
Programas como o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, usam esse dinheiro para ajudar famílias a conquistarem a casa própria. Mesmo com essas funções, há quem defenda o uso parcial do FGTS para garantir empréstimos com juros menores.
A ideia é que o trabalhador possa trocar dívidas caras por uma linha mais barata, protegendo o orçamento. Essa possibilidade pode ser válida em casos específicos, mas precisa de cuidado para não gerar novos problemas.
O que pode mudar nos próximos meses?
A expectativa é que a regulamentação completa do consignado do FGTS saia em junho. Até lá, contratos continuam sendo firmados com base na Medida Provisória. Muitas dúvidas ainda estão no ar, como o limite exato de garantia e as regras para portabilidade da dívida.
Enquanto isso, especialistas recomendam cautela na hora de aderir. Assim sendo, quem está pensando em contratar esse tipo de empréstimo deve analisar todas as condições antes de decidir.
O valor emprestado, os juros cobrados, o desconto direto no salário e o bloqueio do FGTS devem ser levados em conta. Afinal, nem sempre a taxa menor compensa a perda de acesso ao fundo.