Brasil registra maior número de alunos por professor em faculdades privadas

O Brasil se destaca de maneira surpreendente na educação superior: é o país que tem a maior quantidade de estudantes por professor nas instituições privadas. Um relatório recente da OCDE, chamado Education at a Glance (EaG) 2025, revelou que a relação aqui chega a impressionantes 62 alunos para cada docente. Para comparação, a média nos países da OCDE é de apenas 18 alunos por professor.

No entanto, quando olhamos para o ensino público, a situação muda radicalmente. Aqui, a média é de apenas dez estudantes por professor, que é um número inferior à média da OCDE, que é de 15. Isso mostra um desafio claro nas estruturas de ensino no Brasil.

Um dos motivos para essa superlotação nas turmas, principalmente nas instituições privadas, é o crescimento das matrículas em cursos de educação a distância (EaD). De acordo com o Inep, essa modalidade se tornou bastante popular e, na maioria, é oferecida pelas escolas privadas. Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 9,9 milhões de alunos matriculados no ensino superior. E adivinha? A grande maioria, 79,3%, está em instituições privadas. Para você ter uma ideia do aumento da EaD, entre os novos alunos, 73% optaram por cursos a distância. Já nas escolas públicas, 85% dos novos estudantes escolheram a modalidade presencial.

Christyne Carvalho, coordenadora de Estatística Internacional Comparada do Inep, acredita que o novo marco da educação a distância pode ajudar a mudar esse panorama. Ela afirma que a superlotação é influenciada pelo crescimento do EaD e que as novas políticas educacionais poderão, futuramente, resolver esses problemas.

Novas regras na educação a distância

Uma das mudanças mais significativas trazidas por esse marco regulatório é a determinação de que nenhum curso de bacharelado, licenciatura ou tecnologia pode ser 100% online. Essa medida pode trazer um equilíbrio importante entre as modalidades, tentando garantir uma formação mais completa para os alunos.

O desafio do envelhecimento dos professores

Outro ponto que o Inep destacou é o envelhecimento da força docente. O relatório indica que, entre 2013 e 2023, houve um crescimento de 23% no número de professores com 50 anos ou mais, chegando a 33,8% dessa faixa etária. Isso nos faz refletir sobre o interesse dos mais jovens pela carreira docente, um fenômeno que também está sendo observado em outros lugares do mundo.

Christyne apontou que a abordagem sobre a idade dos educadores, conhecida como etarismo, está gerando debates importantes. A média de professores mais velhos na OCDE é ainda maior — 40,4%. Esse dado, segundo ela, serve como um alerta e nos faz pensar em ações que possam atrair novas gerações para a educação.

Por fim, esses dados do EaG nos mostram não só números, mas também os desafios e as possibilidades que enfrentamos no campo da educação. O relatório abrange o desempenho dos alunos, taxas de matrícula e a estrutura dos sistemas educacionais de 38 países membros da OCDE, além de contar com a participação do Brasil e outras nações. Com um foco especial no ensino superior, fica evidente a necessidade de olhar com atenção para o futuro da educação no nosso país.