Bilionário esconde baú com US$ 1 milhão e gera caçada de 10 anos

Em 2010, um comerciante de arte e veterano de guerra, Forrest Fenn, anunciou algo que mudaria a vida de muita gente: ele tinha escondido um tesouro nas Montanhas Rochosas. Dentro de um cofre de bronze, ele colocou pepitas de ouro, moedas raras e joias. Avaliado em cerca de US$ 1 milhão, esse tesouro deu início a uma das mais intensas e perigosas caçadas ao tesouro da história recente.

A única pista deixada por Fenn era um poema enigmático com 24 linhas. A partir daí, mais de 350 mil pessoas se envolveram nessa busca ao longo de uma década, criando uma comunidade vibrante nas redes sociais. Infelizmente, essa busca custou muito: além de fortunas, pelo menos cinco pessoas perderam a vida em acidentes durante as expedições. Vamos explorar como essa história fascinante se desenrolou.

Quem foi Forrest Fenn?

Para entender esse fenômeno, é importante conhecer Forrest Fenn. Ele era um homem de múltiplas facetas. Herói da Guerra do Vietnã, Fenn recebeu condecorações por bravura após ser abatido duas vezes. Depois disso, tornou-se um negociante excêntrico de arte em Santa Fé, no Novo México.

A ideia de esconder um tesouro surgiu em 1988, quando Fenn foi diagnosticado com câncer terminal. Ele queria deixar um legado, planejando ocultar o baú e morrer ao lado dele. Vencendo a doença, Fenn decidiu, em 2010, esconder o tesouro de verdade e lançar um poema que desafiava as pessoas a se aventurarem e se afastarem da inatividade em tempos difíceis.

O poema de 9 pistas e a febre do ouro que durou 10 anos (2010-2020)

O poema, publicado em seu livro “The Thrill of the Chase”, continha nove pistas que, se seguidas corretamente, levavam ao tesouro. Sua ambiguidade criou possibilidades infinitas de interpretação, alimentando uma verdadeira febre entre os caçadores.

A partir daí, uma comunidade enorme se formou em fóruns e blogs, como o Reddit. Ali, aventureiros de várias partes do mundo compartilhavam teorias, analisavam cada entrevista de Fenn e documentavam suas expedições, que chamavam de “BOTG” (Botas no Terreno). Para muitos, a busca pelo tesouro se tornou uma obsessão, levando-os a abandonar empregos e gastar todas as economias em busca da riqueza.

As 5 mortes durante a busca

Infelizmente, essa busca pela fortuna teve um preço alto. Pelo menos cinco homens morreram em acidentes enquanto procuravam o tesouro. As mortes foram causadas por afogamentos e quedas em áreas remotas e perigosas.

Após a terceira morte em 2017, o chefe da polícia do Novo México pediu que Fenn encerrasse a caçada. Mas Fenn se recusou, argumentando que o local não era perigoso e que até mesmo um idoso poderia alcançar o tesouro. Mesmo com os avisos, a promessa de riqueza continuou atraindo pessoas a se arriscarem.

Em 6 de junho de 2020, Forrest Fenn anunciou que o tesouro havia sido encontrado por um homem "do leste", que preferiu não se identificar. Essa revelação causou frustração e especulação entre os caçadores, que questionaram a veracidade da busca. Para acalmar os ânimos, Fenn compartilhou fotos do baú e revelou que ele estava escondido em Wyoming.

A identidade do descobridor só foi revelada em dezembro de 2020. Jack Stuef, um estudante de medicina de 32 anos, deu um novo rumo à história. Ele explicou que encontrou o tesouro não por meio de decifras complexas, mas estudando a personalidade de Fenn para entender sua forma de pensar.

Batalhas judiciais, um leilão e uma nova caçada

O fim da busca abriu uma nova etapa, essa jurídica. Vários caçadores, insatisfeitos, processaram a herança de Fenn e Stuef, alegando fraude e roubo da solução. No entanto, todas as ações foram arquivadas por falta de provas.

Em dezembro de 2022, o conteúdo do baú de US$ 1 milhão finalmente se tornou público. A maioria dos itens foi leiloada, arrecadando mais de US$ 1,3 milhão. Mas a história não parou por aí. Justin Posey, um dos caçadores originais, comprou alguns dos artefatos e lançou sua própria caça ao tesouro, com um novo poema e prêmio, garantindo que a “emoção da caça” seguisse viva.