Ozempic face pode impulsionar aumento na cirurgia estética
Dr. Paul Jarrod Frank, dermatologista em Nova York, notou que nos últimos dois anos muitos pacientes começaram a apresentar efeitos colaterais indesejados após o uso de medicamentos para emagrecimento, como o Ozempic. Embora esses pacientes tenham perdido peso, muitos relataram que estavam parecendo mais velhos devido à perda de volume no rosto.
A expressão “Ozempic face” foi criada por Frank para descrever a aparência de pele flácida e a face mais angulada que alguns desenvolvem ao usar esses medicamentos, que incluem o semaglutídeo, ingrediente ativo de produtos como Ozempic e Wegovy. Este fenômeno é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, principalmente aquelas que perdem mais de 10 quilos.
Frank explica que, ao perder muito peso, a pele pode ficar com um aspecto desinflado, semelhante a um balão que não pode ser enchido novamente. Em muitos casos, a cirurgia pode ser necessária para tratar essas questões, mas aumentar a quantidade de preenchimento facial pode ser suficiente para outras pessoas.
Atualmente, cerca de 20% dos pacientes de Frank fazem uso de medicamentos GLP-1 como parte de seus tratamentos. Esses medicamentos, que normalmente são utilizados para controle de diabetes tipo 2, estimulam a produção de insulina e ajudam a controlar a fome. Embora muitos os utilizem para emagrecer, os médicos têm registrado um aumento na busca por procedimentos estéticos após a perda de peso.
Uma das pacientes, Kimberly Bongiorno, de Nova Jersey, perdeu peso após realizar uma cirurgia bariátrica e, mais recentemente, começou a usar Wegovy. Apesar de considerar a medicação quase milagrosa, ela enfrentou problemas estéticos, como pele solta e a falta de volume facial.
Após perceber essas mudanças, Kimberly decidiu realizar um facelift e um levantamento de pescoço para lidar com a flacidez. Desde o procedimento, ela comentou que as pessoas têm a elogiado pela aparência mais jovem e saudável.
Dados da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos mostram que o número de facelifts nos EUA aumentou 8% entre 2022 e 2023, enquanto o uso de preenchimentos faciais dobrou no mesmo período. Essa tendência não é atribuída apenas ao uso de medicamentos GLP-1, mas é evidente que eles têm influenciado o interesse por cirurgias estéticas.
Dr. Steven Williams, ex-presidente da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, observou que essa nova classe de medicamentos permitiu que pacientes considerassem opções não cirúrgicas para emagrecimento, o que pode impactar a demanda por cirurgias.
Entretanto, a relação entre o uso de GLP-1 e os procedimentos estéticos ainda precisa ser mais investigada. Há preocupações sobre o que acontece com os pacientes que recuperam peso após interromper o uso dos medicamentos, o que é comum em muitos casos.
Por fim, especialistas destacam a importância de abordar o desafio de emagrecer de forma integral, o que envolve não apenas medicações, mas também uma mudança de estilo de vida que inclui alimentação saudável e exercícios. Dessa forma, o objetivo é garantir que os pacientes não dependam desses medicamentos por toda a vida e consigam manter resultados duradouros.