Restituição Imposto de Renda: o que fazer se seu valor não for liberado

A restituição do Imposto de Renda é um momento aguardado por milhões de contribuintes brasileiros, representando o retorno de valores pagos a mais ao longo do ano-calendário. Esse recurso, muitas vezes, é fundamental para o reequilíbrio do orçamento familiar, o pagamento de dívidas ou a realização de pequenos projetos.

O processo de devolução é realizado pela Receita Federal em lotes mensais, seguindo um cronograma e uma ordem de prioridades. No entanto, é comum que alguns contribuintes enfrentem a frustração de não encontrar seu nome na lista de pagamentos na data esperada, o que gera dúvidas e preocupação.

Diversos fatores podem levar ao bloqueio ou ao atraso na liberação da restituição, sendo a retenção na malha fina o motivo mais comum. Inconsistências entre as informações declaradas e os dados que a Receita Federal possui de outras fontes podem paralisar o processo até que a pendência seja esclarecida.

Compreender o fluxo da restituição, saber como consultar a situação da sua declaração e conhecer os procedimentos para regularizar eventuais problemas é essencial.

Entenda o processo de restituição do Imposto de Renda

A restituição do Imposto de Renda não é um prêmio ou um benefício, mas sim a devolução de um valor que pertence ao próprio contribuinte. Ela ocorre quando, no ajuste de contas anual, o sistema da Receita Federal identifica que o imposto retido na fonte ao longo do ano foi maior do que o imposto efetivamente devido.

Esse cálculo é realizado automaticamente pelo programa da declaração. Ele compara o total de imposto já pago com o valor final a ser pago, após a aplicação de todas as deduções legais permitidas, como despesas com saúde, educação e dependentes. Se o resultado for um saldo a favor do contribuinte, ele terá direito à restituição.

O pagamento é organizado em cinco lotes, distribuídos entre os meses de maio e setembro. A ordem de recebimento segue critérios de prioridade definidos em lei, e o valor a ser restituído é corrigido pela taxa Selic, para compensar a inflação do período de espera.

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Como consultar a situação da sua restituição do Imposto de Renda

A Receita Federal disponibiliza canais oficiais para que o contribuinte possa consultar o status de sua declaração e o andamento da restituição. O método mais simples é por meio do site específico de consulta, no endereço restituicao.receita.fazenda.gov.br.

Nessa página, basta informar o número do CPF, a data de nascimento e o ano do exercício da declaração para obter uma resposta rápida sobre a situação. O sistema informará se a declaração já foi processada, se está em fila de restituição ou se possui alguma pendência.

Para uma consulta mais detalhada, o canal indicado é o Portal e-CAC – Centro Virtual de Atendimento (cav.receita.fazenda.gov.br). Acessando com a conta Gov.br, o contribuinte pode entrar na seção “Meu Imposto de Renda” e visualizar o extrato completo do processamento de sua declaração, incluindo o motivo exato de uma eventual retenção em malha.

Motivos comuns para a restituição do Imposto de Renda não ser liberada

O principal motivo que impede a liberação da restituição é a retenção da declaração na “malha fina“. Isso acontece quando o sistema da Receita Federal encontra alguma divergência entre as informações declaradas pelo contribuinte e os dados fornecidos por outras fontes, como empresas, bancos e planos de saúde.

Erros de digitação, omissão de rendimentos ou a declaração de despesas médicas que não batem com os informes das clínicas e hospitais são causas frequentes de retenção. Qualquer inconsistência acende um alerta no sistema, que separa a declaração para uma análise mais aprofundada.

Outros fatores que podem impedir o pagamento, mesmo que a declaração já tenha sido processada e liberada, são erros nos dados bancários informados para o crédito ou a existência de pendências do contribuinte com a Receita Federal, como débitos de anos anteriores.

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O que fazer se sua restituição cair na malha fina do Imposto de Renda

Descobrir que a declaração caiu na malha fina não deve ser motivo para desespero. A primeira atitude a ser tomada é acessar o Portal e-CAC para identificar a origem do problema. O sistema oferece o “Extrato de Processamento”, que detalha exatamente qual é a pendência encontrada pela Receita Federal.

Com essa informação em mãos, o contribuinte pode avaliar a situação. Se o erro foi do próprio declarante, que esqueceu de informar um rendimento ou digitou um valor incorreto, o caminho é a correção. Se os dados declarados estiverem corretos, será preciso aguardar uma notificação da Receita para apresentar os documentos comprobatórios.

É importante não tomar nenhuma medida antes de verificar o motivo da pendência no e-CAC. A retenção na malha fina é, primeiramente, um chamado para a verificação e a correção de informações, e a maioria dos casos pode ser resolvida pelo próprio contribuinte de forma online.

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A retenção na malha fina é o principal motivo para o atraso na restituição, sendo causada por inconsistências entre os dados declarados e as informações de terceiros – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Como corrigir pendências e regularizar a situação da sua restituição

Se, ao analisar a pendência, o contribuinte constatar que cometeu um erro no preenchimento, a solução é enviar uma “declaração retificadora”. Esse procedimento é feito por meio do mesmo programa utilizado para a declaração original, corrigindo as informações que estavam incorretas.

A declaração retificadora substitui integralmente a declaração anterior. Após o envio, a Receita Federal realizará um novo processamento. Se a pendência for resolvida, a declaração sairá da malha fina e o contribuinte entrará na fila para receber sua restituição nos lotes residuais.

Caso o contribuinte entenda que sua declaração original está correta e que o erro está nos dados de terceiros, ele pode optar por aguardar uma intimação da Receita Federal para apresentar os documentos que comprovem suas informações. Esse processo, no entanto, costuma ser mais demorado.

Prazos e canais para contestar a não liberação da restituição

Se a declaração permanecer na malha fina e o contribuinte receber uma “Notificação de Lançamento” da Receita Federal, cobrando imposto ou aplicando multa, e ele discordar da avaliação, é possível apresentar uma contestação formal.

Essa contestação, chamada de “impugnação”, deve ser apresentada dentro de 30 dias, contados a partir do recebimento da notificação. Trata-se de um processo administrativo formal, no qual o contribuinte apresenta sua defesa e todas as provas documentais que sustentam sua declaração.

O processo de impugnação pode ser complexo e é realizado por meio do sistema e-Defesa, no Portal e-CAC. Nesses casos, pode ser recomendável buscar o auxílio de um profissional da área de contabilidade para garantir que a contestação seja feita de forma correta e bem fundamentada.

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Restituição não creditada: como solicitar o valor novamente

Pode ocorrer uma situação em que a restituição é liberada pela Receita Federal, mas o dinheiro não é depositado na conta do contribuinte. Isso geralmente acontece quando os dados bancários informados na declaração estão incorretos ou se a conta foi encerrada.

Nesses casos, o valor da restituição fica disponível para resgate no Banco do Brasil (bb.com.br) por um período de um ano. Para receber o dinheiro, o contribuinte pode reagendar o crédito para uma nova conta por meio do portal do banco ou entrando em contato com a Central de Atendimento.

Se o resgate não for feito dentro desse prazo de um ano, o valor retorna para a Receita Federal. A partir daí, o contribuinte ainda tem um prazo de até cinco anos para solicitar o pagamento, por meio do preenchimento de um formulário eletrônico chamado “Pedido de Pagamento de Restituição”, disponível no site da Receita.