Itaú faz alerta sobre pagamentos; entenda o que mudou
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) se destacou nos últimos anos como uma das empresas do setor elétrico que mais distribuiu dividendos aos seus acionistas. No entanto, essa distribuição não era contínua e, segundo análises recentes, a situação financeira da empresa deve mudar nos próximos anos.
Analistas do Itaú BBA preveem que a Cemig enfrentará dificuldades financeiras, levando a um pagamento de dividendos menor. Embora a corretora tenha ajustado a meta de preço das ações de R$ 11,30 para R$ 11,40, manteve a recomendação de “neutro”, o que indica um leve otimismo, mas também a percepção de riscos.
As expectativas são de que a Cemig consuma mais recursos financeiros nos próximos anos, o que impactará sua capacidade de manter o mesmo padrão de dividendos. As projeções de rendimento (yield) para os próximos anos são mais baixas, estimando-se 6,2% para 2025 e 2026, e 6,8% para 2027.
Nos últimos anos, a Cemig foi uma das principais pagadoras de dividendos entre as empresas do Brasil, com suas ações apresentando um aumento de mais de 80% de valor, em grande parte devido à geração de lucros extraordinários que permitiram o pagamento de altos proventos. Em 2024, a empresa pagou aproximadamente R$ 5,1 bilhões em dividendos, equivalente a R$ 1,80 por ação.
Outro assunto em pauta é a possibilidade de privatização da Cemig. A venda da empresa é uma promessa antiga do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Recentemente, surgiu a perspectiva de que a Cemig e a Copasa, empresa de saneamento do estado, possam ser federalizadas para ajudar a reduzir as dívidas do estado. Em uma conferência em Nova York, o governo de Minas confirmou a intenção de privatizar a Copasa e federalizar a Cemig, transformando-a em uma sociedade por ações.
No entanto, a federalização da Cemig, conforme o vice-governador do estado, demandaria um aporte de capital federal devido a obrigações financeiras da empresa. Essa mudança também poderia impactar negativamente a meta do estado de reduzir sua dívida.
A probabilidade de privatização da Cemig é considerada baixa atualmente. O governo de Minas apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que eliminaria a necessidade de referendo popular para aprovar a privatização de estatais. Contudo, essa PEC ainda precisa ser votada e tem enfrentado adiamentos nas últimas reuniões da Assembleia Legislativa. Além disso, o estado já protocolou projetos de lei para permitir a privatização da Cemig e da Copasa, mas esses esforços também enfrentam desafios.
Análises indicam que, apesar de algum avanço na agenda de privatização, ainda existem obstáculos significativos a serem superados, especialmente considerando o ano eleitoral de 2026. A privatização da Cemig continua a ser um tema complexo devido à resistência histórica à mudança entre as estatais do estado.