Curupira é escolhido mascote da COP30, mas gera polêmica
O Curupira foi escolhido como o mascote oficial da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontecerá em Belém do Pará entre os dias 10 e 21 de novembro. Embora a escolha pareça apropriada por representar ícones da cultura brasileira, há críticas sobre a possível desconexão entre essa imagem e a realidade da Amazônia.
O Curupira é uma figura mitológica importante nas histórias indígenas e ribeirinhas. Com seus cabelos vermelhos e pés virados para trás, ele é conhecido como o defensor das florestas e castiga aqueles que desmatam ou caçam de maneira predatória. Entretanto, a transformação do Curupira em uma figura amigável e adorável para um evento internacional pode obscurecer questões sérias que afetam a região.
Recentes dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que o desmatamento e as queimadas na Amazônia permanecem em níveis preocupantes. O estado do Pará, onde ocorrerá a conferência, lidera em áreas desmatadas e queimadas. Enquanto o Curupira é utilizado para promover o evento, a floresta continua sofrendo.
Além do desmatamento, há também problemas sociais graves na Amazônia. Apesar de sua grande riqueza natural, muitos habitantes enfrentam pobreza, alta mortalidade infantil e falta de acesso a serviços básicos, como saneamento. Em Belém, as condições de saneamento são consideradas uma das piores do Brasil. Um estudo revelou que mais de 90% da população do Pará não possui coleta de esgoto, evidenciando a necessidade urgente de melhorias para a população local.
Neste contexto, algumas pessoas veem a escolha do Curupira como uma forma de "greenwashing", ou seja, uma estratégia de marketing que tenta transmitir uma imagem de compromisso ambiental enquanto pouco se faz para resolver os problemas reais. Em vez de abordar os desafios do desenvolvimento sustentável, a escolha parece estar mais focada em oferecer um símbolo que seja bem visto internacionalmente.
A escolha do Curupira também levanta preocupações sobre a forma como o folclore está sendo utilizado como ferramenta de marketing, desviando a atenção das questões críticas que afetam a Amazônia. A verdadeira natureza do Curupira contrasta com a realidade atual, onde a destruição da floresta e as necessidades da população local continuam sem solução.
Amazônia é vista por muitos como um cenário exótico em vez de uma região com uma rica cultura e desafios sérios. Algumas críticas recentes, incluindo de personalidades indígenas como Ailton Krenak, destacam que a COP30 pode se tornar um “balcão de negócios de corporações”, sem a real participação dos povos originários e sem um compromisso efetivo com a proteção do meio ambiente.
Essas preocupações ressaltam a necessidade de que a Amazônia permaneça sob controle do Brasil. Defensores alertam sobre os interesses internacionais que têm se mostrado interessados na região desde o período colonial, e defendem a regularização de atividades econômicas que podem beneficiar a população local, sem comprometer a preservação ambiental.
Por fim, a polêmica em torno do Curupira como mascote da COP30 não se limita ao simbolismo. As críticas revelam um sentimento mais profundo de necessidade de um debate real sobre como a proteção ambiental deve ocorrer sem afetar o desenvolvimento das comunidades que vivem na Amazônia.