Sintomas de câncer de pâncreas: entenda os sinais de alerta e o que a ciência diz

Conhecer os sintomas de câncer de pâncreas é um passo fundamental para a detecção precoce de uma das doenças mais desafiadoras da oncologia. Por se desenvolver de forma silenciosa em seus estágios iniciais, o diagnóstico muitas vezes ocorre tardiamente, o que compromete as chances de um tratamento eficaz.

O pâncreas é uma glândula localizada em uma região profunda do abdômen, e essa característica anatômica faz com que tumores em fase inicial raramente causem sintomas perceptíveis. Isso contribui para que a doença avance sem que o paciente tenha conhecimento de sua condição.

Quando os primeiros sinais aparecem, eles são frequentemente vagos e podem ser confundidos com problemas digestivos comuns, como indigestão ou dores nas costas. A falta de especificidade dos sintomas iniciais é um dos maiores obstáculos para um diagnóstico rápido e preciso.

A conscientização sobre os principais sinais de alerta, os fatores de risco e os métodos de diagnóstico é a principal ferramenta para aumentar as chances de uma detecção em tempo hábil.

Por que o câncer de pâncreas é conhecido como uma “doença silenciosa”

O câncer de pâncreas é frequentemente chamado de “doença silenciosa” por uma combinação de fatores anatômicos e pela natureza de seus sintomas iniciais. Primeiramente, o pâncreas está localizado na parte de trás do abdômen, atrás do estômago, o que faz com que pequenos tumores não sejam facilmente palpáveis em um exame físico de rotina.

Devido a essa localização profunda, um tumor em estágio inicial pode crescer por um tempo considerável sem pressionar órgãos ou nervos vizinhos de forma a causar dor ou outros sintomas evidentes. A ausência de sinais claros nos estágios iniciais é a principal razão para o diagnóstico tardio.

Quando os sintomas finalmente surgem, eles costumam ser inespecíficos e de fácil confusão com problemas de saúde muito mais comuns e menos graves. Desconforto abdominal, perda de apetite e dores nas costas são queixas que podem ser atribuídas a uma série de outras condições, o que pode atrasar a investigação de uma causa mais séria.

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Os primeiros sinais e sintomas de alerta do câncer de pâncreas

Embora a doença seja silenciosa, existem alguns sinais e sintomas que, quando persistentes, devem servir como um alerta para uma investigação médica. Um dos sinais mais característicos, embora não seja o mais comum em todos os casos, é a icterícia, que é o amarelamento da pele e dos olhos.

Outros sintomas importantes incluem uma dor persistente na parte superior do abdômen, que pode irradiar para as costas, e uma perda de peso significativa e não intencional, geralmente acompanhada de uma falta de apetite.

A fadiga extrema, que não melhora com o descanso, e o aparecimento de alterações digestivas, como náuseas, vômitos ou uma sensação de saciedade precoce ao se alimentar, também podem ser sinais iniciais da doença e não devem ser ignorados se ocorrerem de forma contínua.

A relação entre icterícia, dor abdominal e a localização do pâncreas

Os sintomas do câncer de pâncreas podem variar de acordo com a localização do tumor dentro do órgão. O pâncreas é dividido em três partes: cabeça, corpo e cauda.

A icterícia é um sintoma que ocorre mais comumente quando o tumor está localizado na cabeça do pâncreas. Isso acontece porque essa região está próxima ao ducto biliar, o canal que transporta a bile do fígado para o intestino. O crescimento do tumor pode comprimir esse ducto, impedindo a passagem da bile e causando o acúmulo de bilirrubina no sangue.

Quando o tumor se desenvolve no corpo ou na cauda do pâncreas, a icterícia é um sintoma menos comum nos estágios iniciais. Nesses casos, o primeiro sinal costuma ser a dor abdominal ou nas costas, que ocorre à medida que o tumor cresce e começa a pressionar os órgãos e os nervos ao redor.

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Perda de peso e fadiga: o que a ciência diz sobre esses sintomas comuns

A perda de peso acentuada e não intencional é um dos sintomas mais relatados por pacientes com câncer de pâncreas. A ciência explica esse fenômeno por uma combinação de fatores que afetam o metabolismo e a nutrição do paciente.

O tumor pode interferir na produção de enzimas pancreáticas, que são essenciais para a digestão de gorduras e proteínas. A má digestão leva a uma absorção inadequada de nutrientes e calorias, resultando em perda de peso. Além disso, a própria doença pode causar a perda de apetite.

A fadiga associada ao câncer, por sua vez, é diferente do cansaço comum. Trata-se de uma exaustão extrema e persistente, que não é aliviada pelo repouso. Ela é causada por uma combinação de fatores, incluindo a resposta inflamatória do corpo ao tumor e o estado metabólico alterado conhecido como caquexia do câncer.

Sintomas de câncer de pâncreas entenda os sinais de alerta e o que a ciência diz
A icterícia, que é o amarelamento da pele e dos olhos, é um dos sinais mais característicos do câncer de pâncreas, especialmente quando o tumor está na cabeça do órgão – Crédito: Unknown author / Wikimedia Commons

Outros sinais que indicam a doença: de alterações no apetite a diabetes

Além dos sintomas mais clássicos, outros sinais podem estar associados ao câncer de pâncreas. Alterações nos hábitos intestinais, como o surgimento de fezes de cor clara, acinzentada e com aspecto gorduroso, podem ocorrer devido à obstrução do ducto biliar e à má digestão de gorduras.

O aparecimento súbito de diabetes tipo 2, especialmente em pessoas com mais de 50 anos e sem fatores de risco óbvios, como obesidade, é um sinal de alerta importante. O câncer pode destruir as células do pâncreas que são responsáveis pela produção de insulina, levando ao descontrole dos níveis de açúcar no sangue.

Em casos mais raros, o primeiro sinal da doença pode ser o desenvolvimento de um coágulo sanguíneo em uma veia profunda, geralmente na perna, um quadro conhecido como trombose venosa profunda. O câncer pode tornar o sangue mais propenso à coagulação, e esse evento pode ocorrer antes de qualquer outro sintoma.

Fatores de risco para o câncer de pâncreas e a importância da prevenção

Embora a causa exata do câncer de pâncreas seja desconhecida, alguns fatores de risco já foram identificados. O tabagismo é o principal fator de risco evitável, aumentando em duas a três vezes a chance de desenvolver a doença.

A obesidade e o diabetes tipo 2 também estão associados a um risco aumentado. Outros fatores incluem a pancreatite crônica (uma inflamação persistente do pâncreas), o histórico familiar da doença e a presença de certas síndromes genéticas.

A prevenção, embora não seja totalmente possível, passa pela adoção de um estilo de vida saudável. Não fumar, manter um peso corporal adequado, praticar atividade física regularmente, ter uma dieta rica em frutas e vegetais e limitar o consumo de álcool são medidas que podem ajudar a reduzir o risco.

Diagnóstico precoce: como os exames de imagem e sangue podem ajudar

Diante da suspeita de câncer de pâncreas, o médico irá solicitar uma série de exames para a investigação. Os exames de imagem são as principais ferramentas para o diagnóstico.

A tomografia computadorizada do abdômen é, geralmente, o primeiro e mais importante exame, pois permite visualizar o pâncreas e os órgãos vizinhos com detalhes, identificando a presença de um tumor. A ressonância magnética e a ultrassonografia endoscópica também podem ser utilizadas para uma avaliação mais aprofundada.

Exames de sangue também são importantes. Eles podem medir os níveis de bilirrubina, para avaliar a função hepática em caso de icterícia, e dosar o marcador tumoral CA 19-9. É importante notar que o CA 19-9 não é um exame de rastreamento, mas pode auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento da resposta ao tratamento.

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Sinais de alerta: quando procurar um médico imediatamente

Como os sintomas iniciais do câncer de pâncreas são sutis, é fundamental não ignorar sinais que sejam persistentes e inexplicáveis. A detecção precoce depende da atenção do paciente e da investigação médica.

A recomendação é procurar um médico se você apresentar icterícia (amarelamento da pele e dos olhos). Este é o sinal mais específico e exige uma investigação imediata.

Da mesma forma, uma perda de peso significativa e não intencional, acompanhada de dor persistente na parte superior do abdômen ou nas costas e de falta de apetite, é uma combinação de sintomas que justifica uma consulta médica para uma avaliação detalhada. O aparecimento súbito de diabetes em pessoas sem fatores de risco também deve ser investigado.