Resultados do 2º trimestre: previsões para as empresas da bolsa

O segundo trimestre de 2025 foi desafiador para os investidores na bolsa de valores. O cenário foi marcado por importantes eventos, como a imposição de tarifas por Donald Trump sobre produtos importados, um conflito de 12 dias entre Israel e Irã e debates no Brasil sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A temporada de balanços, que começa em breve, irá revelar como as empresas listadas na bolsa enfrentaram esses desafios.

Expectativas para os Resultados

Os analistas preveem resultados mistos para as empresas. Com a desvalorização do dólar brasileiro em cerca de 10% no primeiro semestre, as empresas exportadoras, que têm uma grande participação no índice Ibovespa, merecem atenção especial. O consenso geral é de que os números podem ser modestos.

Petrobras e Vale em Foco

A mineradora Vale (VALE3) enfrenta perspectivas desafiadoras. A expectativa é que seu resultado seja inferior ao do primeiro trimestre de 2025. A empresa deve sofrer com a queda no preço do minério de ferro e a desvalorização do câmbio. A XP Investimentos estima que o lucro da Vale pode cair 47% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de R$ 2,7 bilhões para R$ 1,4 bilhão.

Apesar disso, há uma expectativa de aumento na produção de ferro, que deve crescer em 12 milhões de toneladas no segundo trimestre. Essa melhora é atribuída ao fim das chuvas que impactaram a produção no início do ano.

Por outro lado, a Petrobras lida com fortes oscilações no preço do petróleo, influenciadas pelo conflito no Oriente Médio, com preços caindo para menos de US$ 70 por barril. O diretor de análise da Perfin, Marcelo Inoue, acredita que a estatal deve apresentar resultados neutros, com pouca melhoria em relação ao primeiro trimestre.

Dividends e Setores Alternativos

Os investidores que esperavam por dividendos extraordinários da Petrobras, sugeridos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, podem se decepcionar. O mercado projeta que esses proventos não devem surgir antes do terceiro trimestre.

Entre outras empresas, Suzano e Klabin, atuantes no setor de celulose, são vistas como promissoras. A Suzano deve voltar a lucrar R$ 5 bilhões, após um prejuízo de R$ 3,7 bilhões no mesmo período do ano passado, enquanto a Klabin provavelmente apresentará um crescimento mais modesto, mas positivo, no seu EBITDA.

Setor de Frango e Indústria

Os frigoríficos, que tiveram um bom desempenho até agora, podem enfrentar dificuldades. A Seara pode ver uma desaceleração na receita, e a JBS pode sofrer com a perda de ritmo no mercato. O preço do frango no Brasil caiu, e isso pode afetar os resultados da BRF.

No setor industrial, empresas como WEG e Embraer devem enfrentar dificuldades devido às tarifas impostas. A WEG deve registrar uma queda na produção de equipamentos eletrônicos, enquanto a Embraer, apesar das adversidades, tem uma carteira de pedidos robusta na Europa.

Setor Bancário e Energia

O Banco do Brasil, que teve resultados decepcionantes no último trimestre, deve continuar sob pressão, especialmente no setor de crédito para pequenas e médias empresas. Em contraste, o Bradesco deve apresentar uma recuperação significativa.

No setor de energia, a Eletrobras e a Copel podem ter um desempenho melhor devido à maior demanda em um trimestre marcado por calor intenso. A expectativa é de que tanto a Eletrobras quanto a Copel se destaquem devido à necessidade crescente de energia.

Varejo em Alta

No varejo, as marcas de moda e vestuário, como Vivara e Lojas Renner, estão projetadas para apresentar bons resultados, com aumento nas vendas, especialmente em produtos de inverno. Essa recuperação é vista como um reflexo positivo após um desempenho afetado por fatores climáticos no ano anterior.

A temporada de resultados do segundo trimestre promete ser reveladora, e muitos investidores aguardam ansiosos pelas cifras que irão entrar em cena nas próximas semanas.