Quem criou o Pix? Descubra a origem do sistema de pagamento instantâneo do Brasil

O Pix se consolidou como uma ferramenta indispensável no cotidiano dos brasileiros, transformando a maneira como pessoas e empresas realizam pagamentos e transferências. Sua agilidade, gratuidade e disponibilidade 24 horas por dia o tornaram o meio de pagamento mais utilizado no país em um tempo recorde.

Desde seu lançamento, a plataforma promoveu uma verdadeira revolução no sistema financeiro nacional, impulsionando a inclusão digital e a bancarização de milhões de pessoas. A simplicidade de seu funcionamento, contudo, contrasta com a complexidade do projeto que o originou.

Muitas dúvidas ainda cercam a criação do sistema, especialmente sobre quem foi o responsável por sua idealização e implementação. A resposta para essa questão não aponta para uma única pessoa ou para um governo específico, mas sim para uma instituição central na estrutura econômica do Brasil.

A história do Pix é um projeto de Estado, que envolveu anos de estudo, a colaboração de dezenas de instituições e um planejamento cuidadoso para modernizar a infraestrutura de pagamentos do país. A origem e as etapas de seu desenvolvimento revelam os objetivos por trás dessa inovação.

Antes do Pix: o cenário dos pagamentos no Brasil

Antes da implementação do Pix, o cenário de transferências de dinheiro no Brasil era dominado por métodos mais lentos, caros e limitados. As principais opções para enviar valores entre contas de bancos diferentes eram a Transferência Eletrônica Disponível (TED) e o Documento de Ordem de Crédito (DOC).

Ambos os sistemas, no entanto, possuíam restrições significativas. As transferências só podiam ser realizadas durante o horário bancário, em dias úteis. A TED liquidava a operação no mesmo dia, se feita até o final da tarde, enquanto o DOC levava um dia útil para ser compensado. Além disso, as taxas cobradas pelos bancos para essas operações eram consideravelmente altas para o consumidor comum.

Esse cenário criava barreiras para a agilidade das transações comerciais e pessoais, além de manter uma grande parcela da população dependente do dinheiro em espécie e de boletos bancários, que também possuem um prazo de compensação de um a três dias úteis, dificultando a fluidez da economia.

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O idealizador: como a ideia do Pix surgiu no Banco Central

O Pix é uma iniciativa 100% brasileira, concebida, desenvolvida e operada pelo Banco Central do Brasil – BCB (bcb.gov.br). Ele é um projeto de Estado, e não de um governo específico, o que significa que sua criação atravessou diferentes gestões presidenciais, sendo conduzida pelo corpo técnico permanente da autarquia.

A ideia de criar um sistema de pagamentos instantâneos começou a ser formalmente estruturada em 2018, durante o governo de Michel Temer, com a criação de um grupo de trabalho dedicado ao tema no Banco Central. O objetivo era modernizar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e torná-lo mais eficiente, competitivo e inclusivo.

Apesar de ter sido lançado oficialmente em novembro de 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro, o projeto foi uma construção contínua do Banco Central. A iniciativa foi inspirada em sistemas de pagamento instantâneo que já existiam em outros países, como o Zelle nos Estados Unidos e o Faster Payments no Reino Unido, mas foi totalmente adaptada à realidade e às necessidades do Brasil.

O projeto e a equipe por trás da criação do Pix

O desenvolvimento do Pix foi um processo colaborativo, liderado e coordenado pela equipe técnica do Banco Central. Para garantir que o sistema atendesse às necessidades de todo o mercado, o BCB promoveu um amplo diálogo com os mais diversos agentes do sistema financeiro e de pagamentos.

O grupo de trabalho responsável pelo projeto contou com a participação de mais de 130 instituições, incluindo grandes bancos tradicionais, bancos digitais, fintechs, cooperativas de crédito, bandeiras de cartão e associações representativas do comércio e do varejo.

Essa colaboração foi fundamental para definir as regras, os padrões tecnológicos e os protocolos de segurança do novo sistema. A participação de um leque tão variado de empresas garantiu que o Pix nascesse como uma plataforma aberta e interoperável, capaz de conectar todas as instituições de forma padronizada.

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Como o Pix foi implementado: as etapas de desenvolvimento

A implementação do Pix seguiu um cronograma de etapas bem definidas. Após a fase inicial de estudos e a criação do grupo de trabalho em 2018, o ano de 2019 foi dedicado à definição das regras e dos requisitos técnicos fundamentais do sistema, com a publicação dos primeiros regulamentos e a realização de consultas públicas.

Em 2020, o projeto entrou em sua fase de implementação prática. Em outubro daquele ano, foi iniciada a primeira etapa visível ao público: o cadastramento das Chaves Pix. Os usuários puderam começar a vincular seus CPFs, números de telefone e e-mails às suas contas bancárias.

Após o período de cadastramento, em novembro, teve início uma fase de operação restrita, na qual um grupo limitado de usuários e instituições testou o sistema em ambiente real. Finalmente, em 16 de novembro de 2020, o Pix foi lançado oficialmente para toda a população brasileira.

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O Pix se diferencia da TED e do DOC por ser instantâneo, gratuito para pessoas físicas e funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo feriados – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

O que torna o Pix uma inovação: o diferencial do sistema

O Pix se tornou uma inovação de referência mundial por combinar três características fundamentais que o diferenciaram de outros sistemas de pagamento. A primeira é a sua disponibilidade total: o sistema funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo feriados.

O segundo grande diferencial é a simplificação da experiência do usuário por meio do uso das Chaves Pix. Em vez de precisar digitar dados complexos como número da agência, da conta e CPF do destinatário, o usuário pode iniciar uma transação utilizando uma informação simples, como o número de celular ou e-mail.

Por fim, o modelo de custos do Pix foi decisivo para sua rápida adoção. A gratuidade das transações para pessoas físicas e o custo muito baixo para pessoas jurídicas eliminaram as barreiras financeiras que limitavam o uso de transferências eletrônicas, promovendo uma massiva inclusão financeira.

Pix x TED e DOC: as vantagens do novo sistema de pagamentos

A comparação entre o Pix e os sistemas de transferência mais antigos, a TED e o DOC, evidencia a magnitude da inovação. Em termos de velocidade, o Pix é incomparável, com as transações sendo liquidadas em poucos segundos. A TED, embora rápida, só funciona em dias úteis e em horário bancário, enquanto o DOC leva um dia útil para ser compensado.

No quesito custo, a vantagem do Pix é ainda maior. Para pessoas físicas, as transferências e pagamentos são gratuitos, enquanto as taxas para a realização de uma TED ou um DOC em bancos tradicionais podem ser bastante elevadas. Para as empresas, o custo por transação via Pix é, em média, muito inferior ao de outras modalidades.

A disponibilidade é outra vantagem clara. A possibilidade de realizar uma transferência a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer dia do ano, conferiu uma flexibilidade sem precedentes às transações financeiras no país, adaptando o sistema bancário à dinâmica da vida digital e do comércio eletrônico.

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O impacto do Pix na vida dos brasileiros e na economia

O impacto do Pix desde seu lançamento foi expressivo. A ferramenta se tornou rapidamente o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, superando o dinheiro em espécie, o boleto e os cartões de débito e crédito em número de transações. Dados do Banco Central mostram que o sistema movimenta trilhões de reais a cada ano.

Para a população, o Pix representou uma democratização do acesso a serviços financeiros. Milhões de pessoas que antes dependiam de dinheiro em espécie passaram a realizar suas transações de forma digital, com mais segurança e praticidade. A ferramenta foi um grande motor de inclusão financeira no país.

Para a economia, os benefícios foram igualmente significativos. Para as empresas, o recebimento instantâneo dos valores das vendas melhorou o fluxo de caixa. A redução dos custos de transação e a digitalização dos pagamentos aumentaram a eficiência do comércio e abriram espaço para novos modelos de negócio.