Professor de sânscrito enfrenta assédio e perde promoção após protesto

Na sexta-feira, 4 de julho, estudantes muçulmanos da Universidade de Chittagong, em Bangladesh, realizaram uma série de ações de pressão contra o professor hindu Dr. Kushal Baran Chakraborty, que é assistente de professor na área de Sânscrito. O docente estava em processo de promoção para o cargo de professor associado, quando um grupo de alunos se reuniu de forma organizada em frente ao prédio do reitor, interrompendo o procedimento.

Os estudantes, muitos deles vinculados ao Islami Chhatra Shibir (ICS), a ala estudantil da Jamaat-e-Islami, exigiram o cancelamento da promoção de Dr. Chakraborty e a sua expulsão da universidade. O grupo chegou a cercar o prédio onde ocorria a entrevista da promoção, criando um clima de intimidação.

Dentro do escritório do reitor, o líder do Islami Chhatra Shibir, Habibullah Khaled, confrontou Dr. Chakraborty, fazendo ameaças e gritando com o professor. Dr. Chakraborty é ativista e membro de grupos que representam a comunidade hindu, e frequentemente se pronuncia contra as violações de direitos sofridas pelos hindus em Bangladesh.

Tentativas de desacreditar Dr. Chakraborty foram feitas, vinculando-o a supostas acusações de homicídio e alegando que ele facilitaria atos de opressão sob o governo liderado por Sheikh Hasina.

Após cerca de três horas de tensão no escritório do reitor, Dr. Chakraborty foi escoltado para sua residência em um veículo da universidade. A pressão exercida pelos estudantes resultou na suspensão da reunião do comitê responsável pela promoção.

O vice-reitor, Md. Kamal Uddin, foi acusado de ameaçar Dr. Chakraborty no decorrer do confronto. Outros membros da administração, como o registrador atuante, Mohammad Saiful Islam, minimizaram a situação, afirmando que a hostilidade dos estudantes era uma consequência das ações passadas do professor.

A comunidade hindu, representada pelo grupo Sanatani Jagran Jote, manifestou seu descontentamento em relação ao incidente, realizando um protesto na Universidade de Dhaka no mesmo dia. Os manifestantes pediram segurança para Dr. Chakraborty e criticaram a atual situação política em Bangladesh, com ativistas afirmando que a democracia e o Estado de Direito não estão sendo respeitados.

Desde a saída forçada de Sheikh Hasina do poder em 2024, muitos professores hindus têm enfrentado situações similares, sendo coagidos a resignar. O ambiente acadêmico tem se tornado cada vez mais hostil, especialmente para professores de minorias religiosas, resultando em um aumento da intolerância nas instituições de ensino.

Os recentes eventos em Bangladesh refletem um aumento preocupante do radicalismo entre estudantes e uma crescente vulnerabilidade das minorias, especialmente a comunidade hindu, em meio a um clima de insegurança e repressão.