PRIO adquire Campo de Tubarão Martelo e potencializa lucro
A história do campo de Tubarão Martelo é uma das mais impressionantes no setor de óleo e gás do Brasil. O que começou como uma herança conturbada do empério de Eike Batista se transformou numa operação bastante lucrativa com a PRIO, antiga PetroRio, que conseguiu não só recuperar o ativo, mas também usá-lo como base para se tornar a maior empresa independente do setor no país.
O sucesso da PRIO vem de uma mistura de visão de negócios e muita competência em engenharia. Eles compraram o campo e a plataforma num movimento estratégico e executaram um projeto inovador para ligar a produção de Tubarão Martelo a um campo vizinho. Essa mudança não só cortou gastos com aluguel, que eram milionários, como também reduziu bastante os custos de extração e deu nova vida ao legado problemático da OGX.
A origem conturbada: o legado da OGX de Eike Batista
Para entender como a PRIO chegou ao sucesso, é fundamental olhar para o passado. O campo de Tubarão Martelo foi descoberto em 2011 pela OGX, a petroleira de Eike Batista que prometia mundos e fundos. Com um IPO que virou recorde no Brasil em 2008, a OGX foi construída sob promessas de produção que nunca se concretizaram.
Infelizmente, em 2013, a empresa entrou em recuperação judicial com dívidas que chegavam a R$ 13 bilhões. Após um longo processo de reestruturação, a OGX passou a se chamar Dommo Energia e ficou com um único ativo realmente relevante: a participação no campo de Tubarão Martelo. Um ativo que tinha potencial, mas que estava nas mãos de uma empresa financeiramente frágil.
A jogada da PRIO: comprando o campo de Tubarão Martelo
Muitos viam apenas riscos na situação de Tubarão Martelo, mas a PRIO enxergou uma oportunidade. A aquisição foi feita em duas etapas. A primeira aconteceu em agosto de 2020, quando compraram 80% do campo e 100% da plataforma FPSO OSX-3 por US$ 140 milhões. Ser capaz de controlar a plataforma foi vital para acabar com os altos custos de aluguel.
A etapa final e mais decisiva veio em 2022, quando a PRIO adquiriu completamente a Dommo Energia. Com isso, garantiram o controle total do campo e, como um bônus, acesso a um crédito tributário de R$ 7 bilhões, que ajudou a melhorar ainda mais a parte financeira da operação.
O tie-back que economizou milhões
O verdadeiro diferencial da PRIO foi uma solução engenhosa. Os campos de Tubarão Martelo e Polvo, que a PRIO já operava, estavam próximos, mas cada um tinha sua própria plataforma. A solução foi conectar os poços do campo de Tubarão Martelo à plataforma do Campo de Polvo por meio de um “tie-back” submarino de 11 quilômetros.
Essa obra, que foi concluída em julho de 2021 em apenas 11 meses, custou US$ 45 milhões. O retorno foi imediato: a PRIO conseguiu cancelar o aluguel da FPSO usada no Campo de Polvo, economizando cerca de US$ 50 milhões por ano. O investimento se pagou em menos de um ano, um feito incrível para a indústria do petróleo.
O resultado da aposta: produção eficiente e custo de classe mundial
Toda essa sinergia operacional e a otimização financeira mudaram o cenário do campo de Tubarão Martelo. O custo de extração caiu para menos de US$ 12 por barril, um dos mais baixos do setor.
Com esses custos sob controle, a produção se estabilizou entre 15.000 e 16.000 barris de óleo por dia. Essa operação super lucrativa gerou um fluxo de caixa robusto, dando à PRIO a força financeira necessária para realizar novas aquisições, como a do campo de Albacora Leste. E assim, se consolidou como a maior e mais eficiente petroleira independente do Brasil.