Por que soluçamos: o que causa o soluço e como ele funciona no seu corpo?
A dúvida sobre por que soluçamos é uma curiosidade universal, pois o soluço é uma manifestação involuntária do corpo que todas as pessoas, de bebês a adultos, experimentam ao longo da vida. Esse reflexo, embora comum e geralmente inofensivo, pode ser incômodo e até mesmo intrigante por sua natureza súbita.
O som característico do “hic” é o resultado de uma complexa e rápida sequência de eventos que envolvem o sistema respiratório, mais especificamente o músculo diafragma e as cordas vocais. Não se trata de uma falha, mas de um reflexo neuromuscular que pode ser desencadeado por uma série de fatores.
Na maioria das vezes, um episódio de soluço é breve e está ligado a situações cotidianas, como comer muito rápido ou ingerir bebidas gaseificadas. No entanto, em casos mais raros, soluços persistentes podem ser um indicativo de que algo mais sério está acontecendo no organismo.
Compreender o mecanismo por trás do soluço, suas causas mais comuns e as técnicas que podem ajudar a interrompê-lo é o caminho para lidar com o desconforto.
Índice – Por que soluçamos
- A fisiologia do soluço: o papel do diafragma e da glote
- O que causa o soluço: as causas mais comuns e inesperadas
- Os soluços em bebês e adultos: entenda as diferenças
- Como o soluço pode ser um sinal do seu corpo sobre a saúde
- Dicas para fazer o soluço parar e acabar com o incômodo
- Quando o soluço é persistente: quando procurar um médico
A fisiologia do soluço: o papel do diafragma e da glote
O soluço, cujo termo técnico é singulto, é um fenômeno essencialmente respiratório. Ele tem início com uma contração súbita e involuntária do diafragma, o grande músculo em forma de cúpula que se localiza na base do tórax e que é o principal responsável pelos movimentos da respiração.
Esse espasmo do diafragma provoca uma inspiração de ar rápida e abrupta. Quase que instantaneamente após essa contração, a glote, que é a abertura da laringe onde se localizam as cordas vocais, se fecha de forma brusca.
É esse fechamento repentino da glote que interrompe a entrada de ar e causa a vibração das cordas vocais, produzindo o som “hic” que caracteriza o soluço. Todo esse processo é um ato reflexo, controlado por uma via nervosa que envolve o nervo vago, o nervo frênico e uma área no sistema nervoso central.
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O que causa o soluço: as causas mais comuns e inesperadas
Os gatilhos que podem desencadear o reflexo do soluço são variados, mas a maioria está relacionada a uma irritação dos nervos que controlam o diafragma.
Gatilhos Digestivos
As causas mais comuns estão ligadas ao sistema digestivo. Comer em excesso ou muito rapidamente pode causar a dilatação do estômago, que, por sua proximidade, acaba por irritar o diafragma. Da mesma forma, a ingestão de bebidas gaseificadas ou alcoólicas também pode levar a essa distensão gástrica.
Gatilhos Emocionais e de Temperatura
Fatores emocionais, como estresse, ansiedade ou uma crise de riso, também podem desencadear episódios de soluço ao alterarem o padrão respiratório normal. Mudanças súbitas de temperatura, como beber um líquido muito gelado ou comer algo muito quente, também podem estimular os nervos e iniciar o reflexo.
Causas Menos Comuns
Outras causas incluem o ato de engolir ar, o que pode acontecer ao mascar chiclete ou ao fumar, e, em alguns casos, o refluxo gastroesofágico, no qual o ácido do estômago irrita o esôfago e os nervos próximos.
Os soluços em bebês e adultos: entenda as diferenças
O soluço é um fenômeno extremamente comum em recém-nascidos e bebês, ocorrendo com uma frequência muito maior do que em adultos. Na maioria das vezes, essa ocorrência é considerada normal e faz parte do desenvolvimento do sistema nervoso e digestivo da criança.
Em bebês, os soluços são frequentemente desencadeados durante ou após a amamentação. Isso pode ocorrer porque o bebê engole ar junto com o leite, ou porque seu estômago pequeno se enche rapidamente, pressionando e irritando o diafragma. Mudanças de temperatura e até mesmo o refluxo, que é comum nessa fase, também são causas frequentes.
Em adultos, embora o mecanismo fisiológico seja o mesmo, os episódios de soluço tendem a ser menos frequentes e estão mais associados a gatilhos específicos, como os hábitos alimentares e o estresse. Enquanto nos bebês o soluço é quase sempre benigno, nos adultos, um episódio persistente pode ter um significado clínico mais relevante.
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Como o soluço pode ser um sinal do seu corpo sobre a saúde
Na grande maioria dos casos, um episódio de soluço é uma condição aguda, que dura poucos minutos e se resolve de forma espontânea, sem a necessidade de nenhuma intervenção. Esses soluços episódicos são considerados inofensivos e não indicam nenhum problema de saúde.
No entanto, quando os soluços se tornam persistentes, durando mais de 48 horas, ou intratáveis, durando mais de um mês, eles podem ser um sinal de que existe uma condição médica subjacente que está causando a irritação crônica do nervo frênico ou do nervo vago.
Nesses casos, o soluço deixa de ser o problema principal e passa a ser um sintoma. Ele pode estar associado a uma série de doenças, como o refluxo gastroesofágico, distúrbios do sistema nervoso central, como um AVC, ou até mesmo a presença de um tumor no pescoço ou no tórax que esteja comprimindo um dos nervos da via do reflexo.

Dicas para fazer o soluço parar e acabar com o incômodo
As técnicas populares para parar o soluço, embora pareçam aleatórias, possuem uma base fisiológica comum: a maioria delas busca interromper o ciclo do reflexo por meio de uma superestimulação do nervo vago ou pelo aumento dos níveis de dióxido de carbono no sangue.
Manobras respiratórias, como prender a respiração por 10 a 20 segundos ou respirar dentro de um saco de papel, atuam aumentando a concentração de CO₂ no sangue, o que pode ajudar a inibir os espasmos do diafragma.
Outras técnicas, como beber um copo de água gelada rapidamente, chupar uma fatia de limão, engolir uma colher de chá de açúcar ou fazer um gargarejo com água, buscam estimular a parte de trás da garganta, onde passa o nervo vago. Essa forte estimulação pode “distrair” o nervo e interromper os sinais que causam o soluço.
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Quando o soluço é persistente: quando procurar um médico
É fundamental saber diferenciar um episódio comum de soluço de uma condição que exige atenção médica. O principal critério para essa diferenciação é o da duração do episódio.
Se um episódio de soluço se estender por mais de 48 horas, ele é classificado como “soluço persistente” e a recomendação é a de que a pessoa procure um médico para uma avaliação. A persistência do sintoma indica que a causa não é um gatilho simples e passageiro.
Além da duração, a presença de outros sintomas associados também é um sinal de alerta. Se o soluço vier acompanhado de dor abdominal, febre, dificuldade para respirar, vômitos ou perda de peso, a consulta médica deve ser imediata. O soluço persistente pode levar a complicações como a fadiga e a desnutrição, e a investigação de sua causa é indispensável.