Petrobras explora petróleo na Costa do Marfim como novo pré-sal
Em um passo importante para sua volta ao mercado internacional, a Petrobras está de olho na Costa do Marfim. No dia 4 de junho de 2025, a estatal brasileira anunciou que irá iniciar negociações exclusivas para explorar nove blocos em águas profundas na costa desse país africano. Essa iniciativa está no coração da nova estratégia da empresa, que busca descobrir novas reservas de óleo e gás para garantir seu futuro.
A escolha pela África Ocidental não é por acaso. A região é considerada uma "fronteira espelho" do Brasil, pois possui uma geologia bastante semelhante à do pré-sal brasileiro. Depois de um período focado em desinvestimentos e na produção nacional, a Petrobras, agora sob nova gestão, volta seu olhar para o outro lado do Atlântico, na busca de novas oportunidades.
A vantagem técnica do Brasil e como a Petrobras busca petróleo na Costa do Marfim
Um dos grandes atrativos para a Petrobras na Costa do Marfim é justamente a geologia da região. As bacias marítimas ao longo da costa africana e do Sudeste brasileiro compartilham uma história geológica comum — formadas durante a separação do supercontinente Gondwana. Esse histórico gera características geológicas semelhantes, o que aumenta as chances de encontrar grandes reservas de petróleo.
Para a Petrobras, isso significa uma excelente oportunidade. A empresa pode utilizar toda a experiência técnica e a tecnologia desenvolvidas com o pré-sal brasileiro em um novo ambiente. Magda Chambriard, presidente da Petrobras, destaca que a companhia vai aplicar o conhecimento adquirido no Atlântico Sul para ter sucesso do "outro lado do oceano", o que ajuda a reduzir tanto os riscos quanto os custos da exploração.
O que a Petrobras vai explorar? Os 9 blocos em negociação
A aventura da Petrobras começou com uma proposta formal ao governo marfinense. O Conselho de Ministros do país prontamente aprovou a solicitação, garantindo à estatal brasileira o direito de negociar com exclusividade os contratos de exploração e produção de nove blocos offshore.
Essa exclusividade é crucial, já que impede que outras empresas façam concorrência durante a fase de negociação. Os blocos estão localizados na parte ocidental da bacia sedimentar da Costa do Marfim, uma região considerada uma nova fronteira exploratória e que ainda tem muito a ser descoberta, mas possui grande potencial.
A necessidade de diversificar para além do pré-sal
A busca da Petrobras por petróleo na Costa do Marfim é, além de estratégica, urgente. Embora os campos do pré-sal ainda tenham uma boa produção, estimativas indicam que eles podem começar a apresentar um declínio natural na próxima década. Portanto, encontrar e desenvolver novas fontes de petróleo e gás é fundamental para a sustentabilidade da empresa a longo prazo.
Além disso, expandir internacionalmente ajuda a diversificar os riscos. A Petrobras enfrenta desafios para obter licenças ambientais para explorar áreas promissoras no Brasil, como a Margem Equatorial. Investir em outras regiões, como a africana, é uma forma de garantir que o futuro da companhia não fique preso a um único lugar. Essa mudança de abordagem é um contraste com a política dos últimos anos, que focava em vender ativos internacionais para priorizar a produção no Brasil.
A expansão em xeque, as críticas de ambientalistas
Contudo, a nova estratégia de expansão da Petrobras não está livre de polêmica. A decisão de buscar novas reservas de combustíveis fósseis acontece em meio a um forte debate global sobre a crise climática, o que tem gerado críticas de grupos ambientalistas.
Essas organizações questionam a lógica de investir bilhões na busca por mais petróleo, ao invés de acelerar a transição para fontes de energia renováveis. A Petrobras, por outro lado, argumenta que essa exploração é necessária para assegurar a segurança energética durante essa transição e confia em sua capacidade técnica para realizar operações de forma responsável, minimizando impactos no meio ambiente.