Passagem de 39 km no Oriente Médio e o risco ao petróleo global
O estreito de Ormuz se tornou, em 2025, o centro de um dos maiores desafios econômicos do mundo. Este estreito, que fica entre o Irã e Omã, é uma passagem crucial para o petróleo e gás natural. A tensão entre Irã e Estados Unidos aumentou a ponto de ameaçar a estabilidade de um quinto de todo o petróleo disponível no mercado global. As consequências de um bloqueio nessa área podem ser sentidas em todo o planeta, afetando economias e levando a uma inflação galopante.
### A geografia do perigo: um corredor de apenas 39 km
O próprio formato do estreito de Ormuz, que em seu ponto mais estreito mede apenas 39 quilômetros, contribui para a sua importância estratégica. Com duas pistas de navegação, uma para cada direção, esses canais têm apenas 3 quilômetros de largura. Essa estreiteza transforma os navios em alvos fáceis e torna a navegação nesta área uma tarefa arriscada. Quando se trata de superpetroleiros, essa rota ocupada oferece pouca flexibilidade, aumentando o risco de um ataque.
### A artéria do petróleo: 20 milhões de barris por dia em 2024
Cerca de 20 milhões de barris de petróleo e derivados atravessaram o estreito diariamente em 2024. Isso representa cerca de 20% de todo o petróleo consumido no mundo. Além disso, o estreito é vital para o gás natural, com um quinto do Gás Natural Liquefeito (GNL) global transitando por ali. Isso inclui grandes quantidades enviadas do Catar para mercados na Ásia, como China, Índia, Japão e Coreia do Sul, que dependem muito dessa rota.
### 2025: o ano da tensão com o conflito Irã-Israel
A situação em 2025 foi marcada por uma escalada crescente de conflitos. Em abril de 2024, a “guerra sombria” entre Irã e Israel passou a ser um combate aberto. O ponto crítico ocorreu com o bombardeio de um consulado iraniano, seguido por uma resposta do Irã que envolveu um grande ataque com drones e mísseis. Após o colapso das negociações sobre o programa nuclear do Irã em junho de 2025, as tensões se intensificaram ainda mais, com riscos de confrontos diretos no estreito.
### O arsenal iraniano: mísseis, drones e bloqueio por seguro
O Irã tem consciência de que não pode competir diretamente com a marinha americana. A estratégia deles é criar um ambiente hostil, conhecido como “negação do mar”. Para isso, utilizam um arsenal variado, que inclui minas navais, mísseis antinavio e drones capazes de sobrecarregar a defesa de embarcações. Em vez de um fechamento completo, o Irã busca um “bloqueio por seguro”, que aumenta os custos de navegação e dificulta o comércio sem uma declaração formal de guerra.
### A quinta frota dos EUA e seus aliados em prontidão
Para contrabalançar essa ameaça, os Estados Unidos mantêm uma forte presença militar na região, com a Quinta Frota da Marinha baseada no Bahrein. Recentemente, essa frota recebeu reforços adicionais, incluindo grupos de ataque de porta-aviões. Uma inovação também entrou em cena: a Task Force 59, que integra uma série de drones para monitoramento constante da área, dificultando qualquer ataque iraniano sem que a autoria seja identificada.
Essa combinação de forças militares e estratégias em jogo torna a situação no estreito de Ormuz complexa e repleta de incertezas.