Parque Nacional de Sete Cidades e suas impressionantes formações rochosas
No coração do semiárido piauiense, há um lugar que parece saído de um conto de fadas: o Parque Nacional de Sete Cidades. Criado em 8 de junho de 1961, ele é famoso por suas impressionantes formações rochosas que lembram muralhas, castelos e até monumentos. Durante muito tempo, as pessoas acreditaram que este parque era a prova de uma antiga metrópole, construída por navegadores fenícios. Mas, se você olhar mais de perto, descobrirá que a verdade é ainda mais fascinante.
Localizado entre Piracuruca e Brasileira, o parque é uma verdadeira obra-prima da natureza, esculpida ao longo de milhões de anos. Ao invés de segredos de civilizações antigas, suas rochas guardam vestígios de ocupações humanas pré-históricas, visíveis através de suas enigmáticas pinturas rupestres.
Como a natureza esculpiu as cidades há 400 milhões de anos
As “cidades” de Sete Cidades não são fruto do trabalho humano, mas sim de um longo processo geológico que começou há aproximadamente 400 milhões de anos. As rochas que vemos hoje fazem parte da Formação Cabeças, um conjunto de arenitos que se formaram a partir de antigos rios e mares.
As cristaleiras que compõem o parque foram moldadas pela erosão diferencial, que é o desgaste das rochas de forma desigual, provocado pela ação da água e do vento ao longo do tempo. Assim, as camadas de arenito mais resistentes formaram os topos imponentes, enquanto as mais frágeis foram desgastadas, criando vales e passagens. O resultado disso foi a formação de sete grupos distintos de rochas, ou “cidades”, conforme as falhas na crosta terrestre direcionaram esse processo.
Ecos de 6.000 anos? O que a ciência sabe sobre as pinturas rupestres
Além das formações rochosas, o Parque Nacional de Sete Cidades abriga um verdadeiro tesouro arqueológico. Nas suas paredes, você pode encontrar vários painéis de pintura rupestre, evidências de que a região já foi habitada por humanos há milênios. As pinturas, predominantemente em tons de vermelho, retratam figuras geométricas, carimbos de mãos e até um enigmático “homem alado”, possivelmente um símbolo de liderança ou xamanismo.
Acredita-se que essas pinturas tenham cerca de 6.000 anos, mas esse número é um tanto polêmico. Não existem datações definitivas que comprovem essa idade exata para os painéis de Sete Cidades. Essa associação muitas vezes ocorre devido a semelhanças com o Parque Nacional da Serra da Capivara, que tem artefatos muito mais antigos. Portanto, enquanto a presença humana na região é indiscutível, o mistério sobre a idade exata das pinturas ainda persiste.
O mito da cidade fenícia, a origem da lenda e sua refutação
Uma das histórias mais conhecidas sobre o parque é a de que ele seria uma colônia fenícia desaparecida. Essa ideia foi popularizada pelo austríaco Ludwig Schwennhagen, em 1928, em seu livro “Antiga História do Brasil”. Ele interpretou as rochas como ruínas e as pinturas como uma escritura antiga.
Entretanto, as evidências científicas atuais desmentem essa teoria. A formação das rochas é natural, e a arqueologia comprova que as pinturas são parte das tradições indígenas do Nordeste. Além disso, não há nenhum vestígio de artefatos fenícios, como cerâmica ou moedas, na área. Assim, embora a lenda tenha seu charme, ela se baseia em suposições sem fundamentos.
Como planejar sua visita à cidade de pedra
Visitar o Parque Nacional de Sete Cidades é mergulhar na história da Terra e da humanidade. Ele está acessível pelos municípios de Piracuruca e Brasileira, bem pertinho de Teresina, a cerca de 190 km de distância.
O parque é aberto todos os dias e, melhor ainda, a entrada é gratuita! Você pode explorar a área de carro, fazendo paradas para caminhadas curtas até as formações rochosas e cachoeiras. É indicado que você vá de roupas leves, calçados confortáveis e que não esqueça do protetor solar e de água. Embora não seja uma exigência, ter um guia local é uma ótima ideia. Eles conhecem todos os segredos da geologia e da arqueologia, o que pode tornar sua visita ainda mais rica e segura.
Explore, curta e deixe-se envolver pelos mistérios desse lugar fascinante!