Pacientes surdos ouvem novamente após uma sessão de tratamento

Pesquisadores de cinco hospitais na China, incluindo o Eye & ENT Hospital da Universidade Fudan, em Xangai, criaram uma terapia genética injetável que promete restaurar a audição em pessoas com mutações no gene OTOF. Esse tratamento foi testado em 10 indivíduos, com idades variando entre 1 e 24 anos.

A surdez genética ocorre por causa da falta de uma proteína chamada otoferlina, que é fundamental para transmitir sons do ouvido ao cérebro. Essa nova terapia é um grande passo na medicina genética e traz uma nova esperança para quem vive essa condição.

Os resultados foram impressionantes: após seis meses de tratamento, os participantes que antes precisavam ouvir sons a 106 decibéis conseguiram ouvir a partir de 52 decibéis, que é o equivalente ao volume de uma conversa normal. Essa melhoria pode oferecer mais qualidade de vida e uma alternativa mais natural em comparação com os implantes cocleares que já existem.

Avanços na terapia genética

A terapia utiliza um vetor viral para levar uma cópia saudável do gene OTOF até as células auditivas, ajudando a restaurar a audição natural dessas pessoas.

Historicamente, os tratamentos para surdez genética se limitavam a dispositivos que apenas melhoravam a percepção de som, sem realmente garantir uma audição normal. Essa nova abordagem visa preencher essa lacuna, aumentando a experiência auditiva dos pacientes.

Os dados do estudo revelam que o progresso foi mais rápido entre as crianças de 5 a 8 anos. Um exemplo tocante é uma menina de 7 anos que, após o tratamento, conseguiu manter conversas diárias com sua mãe, algo que antes era impossível.

O futuro da surdez genética

Os pesquisadores continuam a acompanhar esses pacientes para avaliar por quanto tempo os resultados se mantêm. As perspectivas de segurança a longo prazo parecem boas, já que não foram relatados efeitos colaterais graves. A única reação observada foi uma queda temporária nos neutrófilos, mas sem riscos sérios à saúde.

O próximo passo da equipe é expandir os testes clínicos para conseguir a aprovação necessária e disponibilizar o tratamento para mais pessoas. Além disso, há planos de explorar essa terapia para outras mutações genéticas, como GJB2 e TMC1, que também causam perda auditiva significativa.

Perspectivas e implicações

Esse avanço é considerado uma grande conquista no tratamento da surdez genética, pois oferece soluções que visam restaurar a audição natural, ao invés de apenas proporcionar alívio temporário.

Com isso, muitos pacientes ao redor do mundo podem ter uma qualidade de vida bem melhor, superando as barreiras que a deficiência auditiva costuma trazer. Os resultados iniciais são promissores, e a esperança é que, com pesquisas contínuas, essa terapia possa beneficiar um número ainda maior de pessoas, mudando vidas e transformando a maneira como encaramos a surdez genética.