Ouro do governo: 4.580 toneladas guardadas em forte seguro

No coração do Kentucky, nos Estados Unidos, encontra-se uma fortaleza que ficou famosa por sua segurança: o Depósito de Ouro dos EUA, conhecido como Fort Knox. Esse local abriga mais de 4.580 toneladas de ouro, um tesouro cujo valor de mercado deve ultrapassar os US$ 497 bilhões em 2025. Mas Fort Knox é muito mais do que um cofre; é um verdadeiro símbolo da estabilidade do dólar americano.

Criado na década de 1930, durante a Grande Depressão, Fort Knox foi uma resposta às incertezas econômicas da época. Quando o governo americano decidiu proibir a posse privada de ouro e centralizar as reservas, ele precisava de um lugar seguro que transmitisse confiança a uma nação em crise. O imóvel foi construído em um local estratégico, longe de cidades costeiras vulneráveis, protegido por montanhas e uma base do Exército. A construção, que se assemelha a um cofre imenso feito de granito e aço, foi finalizada em dezembro de 1936, e as primeiras remessas de ouro chegaram em 1937 sob rigorosas medidas de segurança.

Por que Fort Knox foi construído em 1936 no coração da América?

Fort Knox foi projetado como um cofre extremamente seguro, especialmente em um período de instabilidade global. A preocupação com ataques e invasões fez com que as reservas de ouro se relocassem do litoral para o interior do país. O lugar escolhido, no Kentucky, tinha tudo: segurança natural e o apoio militar de uma base do Exército próximo.

A porta de 20 toneladas e a proteção do Exército: os segredos da segurança lendária

A segurança de Fort Knox é lendária e vem de várias camadas de proteção. O edifício é construído com 16.000 pés cúbicos de granito e 750 toneladas de aço. A famosa Porta do Cofre é uma das principais características, fabricada pela Mosler Safe Company. Com 53 cm de espessura e pesando 20 toneladas, ela é imponente e mantém um segredo que apenas um grupo restrito conhece.

Além disso, a Polícia da Casa da Moeda dos EUA garante a segurança imediata do local, enquanto o Exército americano atua como a última linha de defesa. Assim, qualquer ameaça não teria chance de sucesso diante de um dispositivo de segurança tão robusto.

As 4.580 toneladas de ouro: o valor real do tesouro americano em 2025

Fort Knox guarda oficialmente 147,3 milhões de onças troy finas de ouro, o que equivale a cerca de 4.580 toneladas métricas. Esse montante representa mais da metade do total de reservas de ouro dos EUA. Curiosamente, o governo registra esse ouro a um preço fixo de 1973 — apenas US$ 42,22 por onça. Isso resulta em um valor contábil estimado de US$ 6,22 bilhões. Porém, se levarmos em conta o preço de mercado de junho de 2025, o valor real do ouro em Fort Knox chega a impressionantes US$ 497,3 bilhões.

Por que o acesso ao ouro é um segredo de estado?

O sigilo em torno de Fort Knox gera um debate considerável. A última auditoria completa foi realizada em 1953, e desde então, o acesso se tornou bastante restrito. Embora o governo alegue fazer auditorias anuais, muitos críticos acreditam que essas verificações são meramente burocráticas, sem que o ouro realmente seja pesado ou testado.

Esse cenário de falta de transparência provocou teorias de conspiração e um aumento nas demandas por auditorias. Em 6 de junho de 2025, foi proposto no Congresso o “Ato de Transparência da Reserva de Ouro”, um projeto para realizar auditorias independentes e completas do ouro.

O símbolo do dólar: o papel de Fort Knox na era digital e das criptomoedas

Apesar de os EUA não operarem mais sob um padrão-ouro, as toneladas de ouro em Fort Knox ainda servem como um ícone da confiança no dólar. No mundo atual, repleto de moedas digitais e transações abstratas, a imagem de um tesouro físico guardado em uma fortaleza solidifica uma ideia de segurança e estabilidade.

Assim, Fort Knox aparece em meio a uma discussão sobre o futuro do dinheiro. Enquanto alguns veem a segurança do ouro centralizado, outros abraçam a filosofia das criptomoedas, que promovem a transparência e a confiança descentralizada. A necessidade de auditoria em Fort Knox torna essa conversa ainda mais relevante, destacando a fortaleza do século XX no debate sobre o dinheiro do século XXI.