Novos FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi revitalizam campo produtivo
O Campo de Marlim, localizado na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, já foi o campeão nacional da produção de petróleo. No entanto, a longevidade desse gigante dos mares enfrentou um desafio inevitável. Após muitos anos de operação, seu declínio era esperado. Mas agora, um ousado projeto de revitalização está em curso, trazendo esperança e inovação. O carro-chefe desta “ressurreição” são as novas plataformas flutuantes, conhecidas como FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi.
Essas modernas unidades, que começaram a operar em 2023, fazem parte de um plano para manter a produção no campo por mais duas décadas. Com a fase de aceleração prevista para 2025, a iniciativa reflete uma nova abordagem na indústria: usar tecnologia avançada para maximizar o retorno de ativos já existentes.
O auge da produção de Marlim e seu declínio
O Campo de Marlim foi descoberto em 1985 e rapidamente se tornou um símbolo de sucesso na exploração de petróleo no Brasil. Ele consolidou a Bacia de Campos como uma das principais províncias petrolíferas do mundo. Graças à sua infraestrutura original, composta por nove plataformas, Marlim atingiu um impressionante pico de produção em abril de 2002, com 615.772 barris de óleo por dia.
Com o passar dos anos, no entanto, a produção começou a cair – algo bastante natural para campos envelhecidos. As instalações, planejadas décadas atrás, já não estavam funcionando de maneira eficiente, tornando-se um ônus financeiro. A recuperação do campo era a única saída para liberar o valor significativo ainda guardado nas reservas.
O investimento de R$ 18 bilhões e a troca de plataformas
A Petrobras lançou um amplo Projeto de Revitalização para Marlim e Voador, que conta com um investimento aproximado de R$ 18 bilhões. A ideia central desse projeto é a eficiência: ao invés de manter nove plataformas antigas, agora apenas duas novas unidades de produção, as FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi, foram implantadas.
A Anna Nery iniciou suas atividades em maio de 2023, e logo depois, em agosto, foi a vez da Anita Garibaldi. Essa mudança não só torna a logística mais simples, mas também reduz os custos operacionais e permite um controle mais eficiente sobre um dos ativos mais valiosos da Petrobras.
Capacidade de produção das novas FPSOs
As novas plataformas são verdadeiras usinas do mar, projetadas para extrair o máximo de petróleo do Campo de Marlim.
FPSO Anna Nery: Alugada da empresa Yinson, possui a capacidade de produzir até 70.000 barris de óleo e 4 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
FPSO Anita Garibaldi: Esta, que vem da MODEC, é ainda mais robusta, com capacidade para 80.000 barris de óleo e 7 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Somadas, essas plataformas podem produzir até 150.000 barris de petróleo diariamente, conectadas a um conjunto de 75 poços que foram remanejados, formando uma complexa rede submarina para otimizar a extração.
O “ramp-up” de 2025 e a expectativa de prolongar a vida do campo
Com as plataformas a todo vapor, o ano de 2025 será decisivo, marcado pela fase de “ramp-up” da produção. Novos poços e antigos serão conectados gradualmente, e a Petrobras já observa um aumento significativo na produção na Bacia de Campos, evidenciado pelos relatórios que destacam a contribuição das novas FPSOs.
A expectativa é que a Anna Nery chegue ao seu pico de produção em 2025, enquanto a Anita Garibaldi deve atingir sua capacidade máxima em 2026. O objetivo do projeto é audacioso: prolongar a vida útil do Campo de Marlim até 2048, adicionando impressionantes 860 milhões de barris às reservas da Petrobras.
O projeto de revitalização não para por aí. Ele também busca atender a questões ambientais, com um compromisso em reduzir as emissões de gases de efeito estufa em mais de 50%, podendo chegar a 60%. Isso é alcançado através da tecnologia avançada das novas FPSOs, que incorporam sistemas mais eficientes e modernos.
Essa renovação não só busca otimizar a produção, mas também se alinha com as exigências de sustentabilidade do futuro. E assim, Marlim se reergue, mostrando que, mesmo após decadência, é possível encontrar novas estratégias e tecnologias para manter-se relevante.