Novo modelo de crédito imobiliário amplia acesso e facilita financiamento para a classe média
Governo anuncia mudanças no crédito habitacional para atrair mais compradores e fortalecer o setor da construção civil.
O governo federal apresentou um novo modelo para o crédito imobiliário que pretende facilitar o acesso à casa própria, especialmente para a classe média. A iniciativa, anunciada em São Paulo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chega com a promessa de dar novo fôlego à construção civil e ampliar o mercado de financiamento.
A mudança será feita aos poucos, começando ainda em 2025 e ganhando força até janeiro de 2027. O objetivo é modernizar o atual sistema de captação de recursos para financiamento habitacional, tornando-o mais flexível e eficiente.
Como o crédito imobiliário funciona hoje
Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 65% do dinheiro captado na poupança para financiar casas. Outros 20% ficam retidos no Banco Central (depósito compulsório) e só 15% podem ser usados para outras operações financeiras.
Esse formato encontrou dificuldades, sobretudo por causa da queda nos depósitos na poupança. Aplicações mais atrativas e a baixa rentabilidade da poupança fizeram o volume de dinheiro disponível para financiar imóveis diminuir.
O que muda com a nova regra
O novo modelo vai incentivar que mais pessoas depositem na poupança, já que quanto maior o volume, mais crédito será liberado para financiamentos. O sistema também passa a aceitar captação extra via letras de crédito imobiliário e certificados de recebíveis imobiliários.
Outra novidade importante é o aumento do limite máximo para imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.
Além disso, a Caixa Econômica vai voltar a financiar até 80% do valor do imóvel. Antes, esse percentual havia sido reduzido para 70%. Com isso, mais famílias poderão contar com juros menores para comprar a casa própria.
Transição gradual e recursos liberados
A mudança será feita com calma, para garantir estabilidade. Durante a transição, os depósitos compulsórios caem de 20% para 15%, liberando 5% para o novo regime.
O Banco Central estima que isso libere R$ 111 bilhões em recursos já no primeiro ano, dos quais R$ 52,4 bilhões serão adicionais para o financiamento habitacional, com R$ 36,9 bilhões liberados imediatamente.
A expectativa é que em 2027 o sistema esteja totalmente reformulado, sem a rigidez atual de direcionar 65% da poupança obrigatoriamente para o crédito imobiliário. O resultado deve ser um mercado mais competitivo e sustentável.
Mais concorrência entre os bancos
Uma novidade que promete movimentar o setor é permitir que bancos que não captam poupança também possam oferecer financiamentos imobiliários. Isso será possível com os chamados depósitos interfinanceiros imobiliários.
Essa mudança pode elevar a concorrência, reduzir custos e trazer mais opções para quem busca financiamento.
O ministro das Cidades destacou que essa mudança preenche uma lacuna no mercado, especialmente para a classe média com renda mensal de até R$ 12 mil.
Com juros limitados a 12% ao ano no SFH, além da ampliação do teto e maior financiamento pela Caixa, o crédito ficará mais acessível e deve estimular a construção de novos imóveis, gerando empregos e movimentando a economia.
O que dizem as autoridades
O presidente do Banco Central explicou que a mudança vai aumentar o volume de crédito sem elevar o custo dos juros para o consumidor.
Já o ministro da Fazenda ressaltou que o novo modelo faz parte de uma agenda de crescimento econômico sustentável.
O vice-presidente do país reforçou que a moradia é um direito e que o crédito imobiliário é o caminho para alcançá-lo.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção destacou que essa reformulação representa um novo ciclo no mercado imobiliário, dando continuidade a programas sociais e reafirmando o compromisso com moradia digna.
Uma etapa importante para o setor
Com as mudanças, o governo quer tornar o uso da poupança mais eficaz, facilitar o acesso ao financiamento de imóveis e impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país.
Se tudo correr bem, esse novo modelo pode ajudar milhares de famílias a realizarem o sonho da casa própria e dar início a uma fase de crescimento sustentável no mercado imobiliário.