Maior erupção da história e suas consequências culturais e climáticas
Em abril de 1815, o mundo presenciou um fenômeno natural que deixou marcas profundas na história. O Monte Tambora, um vulcão na ilha de Sumbawa, na Indonésia, resolveu entrar em erupção depois de séculos dormindo. E o que aconteceu foi algo assustador, com consequências que se estenderam a várias partes do planeta.
A explosão foi tão poderosa que o Monte Tambora perdeu mais de 1.200 metros de altura, formando uma caldeira de seis quilômetros de diâmetro. Essa força destruiu vilarejos nas proximidades e também gerou tsunamis devastadores. O resultado? Cerca de 10 mil pessoas perderam a vida só na ilha de Sumbawa, em um instante de horror.
No dia 5 de abril, uma primeira explosão mandou cinzas a 29 quilômetros de altura. E as consequências foram imediatas. Nos dias seguintes, o estrondo da erupção foi ouvido a centenas de quilômetros, e no dia 10 de abril, a situação se agravou ainda mais. Vilas inteiras, como Saugur e Tambora, foram consumidas pelas chamas. Estima-se que mais 10 mil vidas se foram nesse período.
E não parou por aí. A erupção liberou cerca de 60 quilômetros cúbicos de cinzas e gases na atmosfera, o que acabou influenciando o clima global. Isso resultou em um fenômeno curioso, que ficou conhecido como “ano sem verão”.
## O ano sem verão
No verão de 1816, principalmente no Hemisfério Norte, a estação simplesmente desapareceu. As temperaturas despencaram, os dias nublados se arrastaram por meses e a produção agrícola foi severamente afetada ao redor do mundo.
Na Europa, as colheitas não resistiram e a fome se espalhou. Na Irlanda, um surto de tifo e a falta de alimentos levaram a cerca de 40 mil mortes. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o solo congelado durante a temporada de verão frustrava os agricultores, que, desesperados, começaram a se mudar para o oeste do país em busca de melhores terras.
Esse cenário de instabilidade econômica fez surgir a primeira grande depressão americana, o “Pânico de 1819”.
Na Ásia, os impactos também foram sentidos. Mudanças climáticas na Baía de Bengala facilitaram a mutação da bactéria da cólera, resultando em uma pandemia que perdurou até 1823. A condição de frio extremo e inundações na província chinesa de Yunnan trouxe uma fome severa, levando a população a cultivar papoulas e, assim, a região se tornou parte da produção de ópio.
## Impacto na cultura
Apesar do desastre, a erupção do Tambora também deixou suas marcas na cultura. Com o preço da aveia nas alturas, o uso de cavalos virou um problema. Isso levou o engenheiro Karl Drais a criar a bicicleta como uma alternativa para locomoção.
Na Europa, o verão perdido fez com que escritores e artistas se inspirassem em seu sofrimento. Mary Shelley deu vida à obra “Frankenstein”, enquanto Lord Byron produziu o poema “Darkness”, tudo isso durante uma temporada de dias sombrios à beira do Lago Genebra.
Na China, o autor Li Yuyang recorreu à poesia para expressar as dores e as injustiças da época. Artistas como J. M. W. Turner e Caspar David Friedrich também se deixaram tocar pela atmosfera carregada de cinzas, retratando os céus nublados e amarelados.
O que ocorreu no Monte Tambora foi, sem dúvida, um desastre natural, mas suas consequências mudaram o clima, impactaram a economia e até influenciaram a cultura ao redor do globo.