Maior aquário de água doce do mundo no Brasil tem 5 milhões de litros
Projetado para ser um dos marcos de Campo Grande, o novo aquário é uma verdadeira obra de arte. Com a assinatura do arquiteto Ruy Ohtake, o prédio tem curvas que lembram o fluxo dos rios do Pantanal, desafiando a engenharia. As paredes de vidro, que medem 31 centímetros, são capazes de sustentar até 200 toneladas de água, oferecendo uma experiência única aos visitantes.
A construção, que tinha previsão de 900 dias para ser finalizada, levou muito mais tempo. Problemas técnicos e embargos ambientais atrasaram a obra por 11 anos, até a sua tão aguardada inauguração em 2022. O resultado, no entanto, compensou toda a espera, consolidando o Pantanal como referência global em conservação aquática.
Um laboratório vivo de biodiversidade
No subsolo do aquário, três laboratórios recebem a visita de pesquisadores que atuam como verdadeiros guardiões da biodiversidade. Eles se dedicam ao estudo da reprodução em cativeiro e reintrodução de espécies, como as arraias-bobo, em áreas que precisam de recuperação no Pantanal. No ano passado, o aquário celebrou mais de 250 nascimentos de 49 espécies diferentes, incluindo 12 eventos de reprodução que foram inéditos para a ciência.
Educação, inclusão e acessibilidade
Uma das grandes vantagens do Bioparque Pantanal é o acesso gratuito, com agendamento realizado online. O espaço é pensado para ser totalmente inclusivo: há legendas em português, inglês e espanhol em todas as exposições, além de piso tátil e sinais em Libras para 67 espécies de peixes, resultado de uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Impacto econômico e acesso ao Bioparque
O Bioparque se tornou um sucesso tanto em termos de visitantes quanto economicamente. Em 2024, mais de 375 mil pessoas de 120 países visitaram o local, injetando cerca de R$ 120 milhões na economia local. Os hotéis em Campo Grande também sentiram esse impacto, com uma elevação de 12% na taxa de ocupação durante feriados prolongados, além da ampliação da malha aérea com novos voos semanais.
Uma viagem pelos rios brasileiros
O aquário proporciona uma verdadeira jornada pelos rios do Brasil:
Amazônia Inundada: aqui, o tanque “Floresta Alagada” recria o ciclo das cheias da Amazônia, com raízes submersas e até peixe-boi-da-Amazônia.
Cerrado Cristalino: na área que simula a “Nascente do Rio Formoso”, os peixes como piraputangas nadam em água filtrada de maneira natural, replicando os rios de Bonito.
- São Francisco em miniatura: um painel de 15 metros apresenta a vida aquática do Velho Chico, com espécies como surubins e pacamãs sob uma correnteza controlada.
Em várias partes do aquário, biólogos fazem micro-palestras sobre a ecologia e os desafios dos rios, promovendo a conscientização ambiental.
Pesquisa aplicada e ciência cidadã
O aquário também investe em pesquisa, desenvolvendo sensores de qualidade da água em parceria com a Embrapa Pantanal. Os visitantes podem baixar um aplicativo gratuito que traz informações em tempo real sobre diversos parâmetros, tornando a visita uma verdadeira aula interativa.
Sustentabilidade operacional
Quando o assunto é energia, o Bioparque se destaca. Toda a energia utilizada vem de uma usina solar de 1,8 MW instalada no estacionamento. A água que é captada passa por um sofisticado sistema de filtragem, permitindo o reúso de 97% do total, um índice que é inédito entre aquários da América Latina.
Turismo e identidade regional
Esse aquário se consolidou como um novo cartão-postal em Campo Grande, atraindo turistas e aumentando a média de permanência na cidade. Pacotes que combinam a visita ao Bioparque com safáris em fazendas do Pantanal estão sendo oferecidos por agências, trazendo ainda mais dinamismo ao turismo local.
O governo estadual já está estudando a possibilidade de expandir o projeto, com a criação de um centro de reabilitação de quelônios e um tanque oceânico, focando sempre na preservação da água doce.