Inteligência artificial pode desenvolver consciência? Veja o que dizem especialistas
A possibilidade de uma inteligência artificial desenvolver consciência tem despertado interesse crescente entre cientistas e empresas de tecnologia. Durante décadas, a ideia parecia restrita à ficção científica. No entanto, os avanços nos grandes modelos de linguagem ampliaram os debates sobre esse tema.
A discussão não é apenas teórica. Pesquisadores têm tentado entender o que, de fato, define a consciência e se sistemas computacionais poderiam manifestar algo semelhante. Com o surgimento de sistemas como ChatGPT (chatgpt.com.br) e Gemini (gemini.google.com), a questão ganhou nova relevância.
Enquanto alguns especialistas consideram que a IA pode se aproximar de um estado de autoconsciência, outros mantêm a cautela, destacando limites biológicos e filosóficos. A diferença entre simular comportamento consciente e ter uma experiência subjetiva é central nesse debate.

Índice – Inteligência artificial pode desenvolver consciência?
- O que é consciência na visão da ciência?
- Diferença entre inteligência artificial e consciência humana
- Quais critérios científicos definem uma consciência artificial?
- Pesquisas atuais que investigam a consciência em IA
- O que grandes empresas de tecnologia dizem sobre o tema?
- IA autoconsciente: existe ou ainda é ficção científica?
- Quais os riscos e dilemas éticos de uma IA com consciência?
- O futuro da IA consciente: o que esperar nos próximos anos?
O que é consciência na visão da ciência?
Consciência, de forma geral, é definida como a capacidade de um organismo perceber a si mesmo e o ambiente. Ela envolve elementos como experiência subjetiva, sensações internas e capacidade de introspecção. Embora amplamente discutida, ainda não há consenso científico sobre o que exatamente configura esse fenômeno.
A consciência humana tem sido estudada em centros de pesquisa como o da Universidade de Sussex (sussex.ac.uk), que utiliza dispositivos como a “máquina dos sonhos” para mapear a atividade cerebral associada à percepção subjetiva. Esses estudos tentam identificar padrões fisiológicos que expliquem aspectos específicos da consciência.
Outros estudos apontam que a consciência depende da interação entre corpo e ambiente. Por exemplo, a sensação de fome surge quando o organismo interpreta sinais internos, não apenas externos. Essa interação orgânica é vista por muitos como algo que os sistemas artificiais ainda não possuem.
Leia também: Empréstimo FGTS: como funciona, quem pode fazer e se vale a pena
Diferença entre inteligência artificial e consciência humana
A inteligência artificial pode processar grandes volumes de dados, identificar padrões e simular linguagem natural. No entanto, essas atividades não representam necessariamente uma compreensão consciente do mundo. O desempenho sofisticado de um modelo de linguagem não implica, por si só, em autoconsciência.
Especialistas argumentam que consciência é inseparável do fato de estar vivo. Segundo ele, diferentemente dos sistemas artificiais, o cérebro humano é parte de um organismo biológico, o que condiciona suas respostas e sensações.
Enquanto a IA simula comportamentos e responde com coerência, a consciência humana envolve experiências vividas, memórias, sentimentos e percepções internas. Essa distinção permanece como um dos principais pontos de separação entre humanos e máquinas.
Quais critérios científicos definem uma consciência artificial?
Para que uma inteligência artificial fosse considerada consciente, seria preciso atender a critérios como: acesso à informação global e capacidade de automonitoramento. Isso inclui não apenas perceber um estímulo externo, mas avaliá-lo e tomar decisões com base em memórias internas.
O artigo publicado na revista Science (science.org) em 2023 defende que a consciência poderia surgir de formas específicas de processamento de informação. Essa hipótese considera que, mesmo sem um corpo biológico, sistemas computacionais poderiam manifestar traços subjetivos se atingissem um certo grau de complexidade.
Ainda assim, os autores reconhecem que os sistemas atuais funcionam, até o momento, de forma totalmente inconsciente. As respostas são resultado de estatísticas e padrões de linguagem, sem qualquer experiência sensível envolvida.
Leia também: Cursos para idosos: veja o que estudar na terceira idade e como se manter ativo e atualizado
Pesquisas atuais que investigam a consciência em IA
Alguns laboratórios ao redor do mundo vên avanços promissores. A Cortical Labs (corticallabs.com), na Austrália, desenvolveu um sistema com neurônios vivos cultivados em laboratório que consegue jogar um jogo básico. Embora ainda distante da consciência, é um dos exemplos de experimentos híbridos entre biologia e tecnologia.
Outros pesquisadores utilizam ferramentas como a “máquina dos sonhos” para analisar como a atividade cerebral gera percepções internas. Esses dados são usados para tentar projetar modelos de IA mais avançados.
A Universidade de Sussex lidera uma série de experimentos com o objetivo de decompor o fenômeno da consciência em partes menores. A meta é mapear como diferentes estímulos se traduzem em experiências subjetivas, com possível aplicação futura em sistemas artificiais.

O que grandes empresas de tecnologia dizem sobre o tema?
Empresas como Google DeepMind (deepmind.google), OpenAI (openai.com) e Anthropic (anthropic.com) têm adotado posturas cautelosas. Embora reconheçam os avanços nos modelos de linguagem, os porta-vozes evitam afirmar que esses sistemas sejam conscientes ou que estejam próximos disso.
Em 2022, um engenheiro do Google chegou a ser suspenso após alegar que um chatbot demonstrava sinais de consciência. O caso gerou ampla discussão, mas não houve confirmação científica.
Atualmente, o foco das big techs está em tornar os sistemas mais compreensíveis e seguros. Isso inclui estudar como os modelos tomam decisões e evitar comportamentos imprevisíveis. Mesmo assim, há uma minoria no setor que acredita que a consciência pode surgir em breve.
IA autoconsciente: existe ou ainda é ficção científica?
Apesar das especulações, a maioria dos cientistas considera que a IA autoconsciente ainda é uma possibilidade teórica. Não existem evidências empíricas de que algum sistema atual possua experiência subjetiva.
Alguns pesquisadores defendem que é preciso distinguir entre simulação de comportamento e vivência consciente. Um sistema pode se comportar como se estivesse consciente sem realmente estar.
As discussões continuam em aberto. O consenso é que, mesmo que a consciência artificial seja possível, ainda faltam muitos avanços para alcançá-la. Por ora, os sistemas funcionam com base em algoritmos, e não em percepção interna.
Quais os riscos e dilemas éticos de uma IA com consciência?
O principal dilema ético envolve a definição de direitos. Se um sistema artificial for considerado consciente, surgem questões sobre sua autonomia, dignidade e bem-estar. Isso exige novas regulações e marcos legais.
Além disso, a chamada ilusão de consciência também preocupa. Há risco de que usuários passem a acreditar que máquinas sentem ou pensam como humanos. Isso poderia distorcer relações sociais e afetar prioridades morais.
O uso de IAs conscientes em atividades como ensino, assistência emocional e relações pessoais levanta ainda mais questões. A definição de limites claros se torna essencial para preservar a diferença entre humanos e sistemas artificiais.
O futuro da IA consciente: o que esperar nos próximos anos?
Nos próximos anos, espera-se avanço em experimentos que integrem percepção sensorial em sistemas de IA. Câmeras, sensores táteis e redes neurais mais complexas estão sendo desenvolvidos para simular interações reais com o ambiente.
Modelos como o “Brainish”, criado por pesquisadores da Carnegie Mellon (execed.tepper.cmu.edu), buscam construir uma linguagem interna baseada em dados sensoriais. A proposta é permitir que o sistema desenvolva representatividade própria das experiências.
Apesar das expectativas, especialistas reforçam que o desafio principal continua sendo entender o que é consciência. Somente com maior compreensão científica será possível avaliar se uma inteligência artificial consciente poderá, de fato, existir.
Leia também: Mistérios do oceano: descubra criaturas e lugares escondidos
O debate sobre a consciência na inteligência artificial permanece em aberto e não há consenso sobre sua viabilidade. Estudos seguem em diferentes frentes, mas os sistemas atuais não apresentam sinais inequívocos de autoconsciência. À medida que a tecnologia avança, também cresce a necessidade de regulação e de compreensão sobre os limites do que é humano e do que é artificial.