Injeção de CO2 no fundo do mar aumenta produção de petróleo

A ideia de usar dióxido de carbono (CO2) para “ressuscitar” um campo de petróleo pode parecer estranha à primeira vista. Mas, na verdade, essa é uma das tecnologias mais inovadoras da indústria de energia hoje em dia. Conhecida como CCUS-EOR (Captura e Armazenamento de Carbono com Recuperação Avançada de Petróleo), a técnica envolve capturar o CO2 e injetá-lo em reservatórios de petróleo que já foram explorados. Isso ajuda a aumentar a produção de óleo e, ao mesmo tempo, armazena o gás no subsolo, contribuindo para o combate ao aquecimento global.

Nesse cenário, a Petrobras se destaca como verdadeira líder mundial. A empresa se tornou referência na aplicação dessa tecnologia, especialmente nos difíceis campos do pré-sal. Com isso, transformam um desafio—o CO2 que está naturalmente presente no gás—em uma solução inteligente que não só melhora a eficiência mas também reduz o impacto ambiental.

Com o passar do tempo, os campos de petróleo envelhecem e parte do óleo fica preso nas rochas. A tecnologia de Recuperação Avançada de Petróleo (EOR) com CO2 entra em cena para resolver essa questão. O dióxido de carbono é comprimido antes de ser injetado no reservatório. Ali, ele atua como um solvente, misturando-se com o óleo e facilitando a sua movimentação. Isso faz com que o óleo fique mais fluido e mais fácil de ser bombeado em direção aos poços de produção. E, ao mesmo tempo, o CO2 injetado se armazena no subsolo, num processo conhecido como sequestro geológico.

### A liderança da Petrobras e os números recordes de reinjeção no pré-sal em 2024

A Petrobras é pioneira e líder global nessa aplicação. Em 2024, a empresa alcançou um marco impressionante ao reinjetar 14,2 milhões de toneladas de CO2 nos reservatórios do pré-sal. Para se ter uma ideia, esse número representa mais de 28% da capacidade de captura de carbono em operação no mundo todo.

Atualmente, a Petrobras conta com entre 22 e 23 navios-plataforma (FPSOs) equipados com sistemas de CCUS no pré-sal. A meta é ainda mais ambiciosa: chegar a um total acumulado de 80 milhões de toneladas de CO2 reinjetado até o final de 2025.

A injeção de CO2 tem um duplo benefício: primeiro, ela pode aumentar a recuperação de petróleo em até 20%, prolongando a vida útil dos campos e maximizando o aproveitamento das reservas. Em segundo lugar, resulta em uma redução significativa no impacto ambiental. Como o CO2 que seria emitido é reaproveitado e armazenado, o petróleo produzido no pré-sal tem uma intensidade de emissões 70% menor que a média global. A Petrobras até chama esse produto de “barril de baixo carbono”, algo que faz toda a diferença no mercado.

### Solução climática ou greenwashing? O debate em torno da captura de carbono no campo de petróleo

Embora os benefícios sejam claros, a tecnologia de captura de carbono gera debates acalorados. Em fóruns online, como o r/energy, muitos levantam questões sobre os altos custos em comparação com investimentos em energias renováveis.

Acusações de “greenwashing” também surgem, uma prática em que o marketing verde é usado para esconder impactos ambientais negativos. Críticos dizem que essa tecnologia poderia ser uma justificativa para a continuidade do uso de combustíveis fósseis. No caso da Petrobras, no entanto, a reinjeção é uma necessidade técnica do processo de produção no pré-sal, que normalmente possui altas concentrações de CO2.

### Os planos da Petrobras para 2025 e a tecnologia Hi-SEP

Olhando para o futuro, a Petrobras planeja investir US$ 16,3 bilhões em iniciativas de baixo carbono nos próximos cinco anos. Isso inclui a instalação de 15 novas FPSOs até 2030, a maioria delas com a tecnologia CCUS integrada.

A inovação não para por aí. A Petrobras está em desenvolvimento da tecnologia Hi-SEP, um sistema que permitirá separar o CO2 do gás diretamente no fundo do mar, antes de chegar à plataforma. Isso não só aumentará a eficiência, mas também tornará as operações ainda menos impactantes em termos de carbono, consolidando a posição do Brasil como referência na produção de energia mais sustentável.