Impressora 3D de resina: por que ela oferece a melhor qualidade de impressão?

A impressora 3D de resina se consolidou no mercado como a tecnologia de escolha para a criação de objetos com altíssimo nível de detalhamento e acabamento superficial. De miniaturas para jogos a protótipos de joias e modelos odontológicos, essa tecnologia tem revolucionado diversos setores.

Diferentemente das impressoras 3D mais conhecidas, que utilizam filamentos plásticos derretidos, os modelos de resina operam com base em um processo chamado fotopolimerização. Nessa técnica, uma resina líquida sensível à luz é solidificada camada por camada por um feixe de luz ultravioleta (UV).

Essa abordagem fundamentalmente distinta é o que permite que as impressoras de resina alcancem um nível de precisão e de suavidade de superfície que é, em geral, inatingível pela tecnologia de filamento. O resultado são peças com detalhes minuciosos e sem as linhas de camada visíveis.

Apesar de suas vantagens em qualidade, a impressão com resina também possui suas particularidades, como a necessidade de um pós-processamento mais complexo e o manuseio cuidadoso dos materiais.

O que é uma impressora 3D de resina e como a tecnologia funciona

Uma impressora 3D de resina é um equipamento que constrói objetos tridimensionais por meio da solidificação seletiva de uma resina líquida fotopolimérica. O processo se baseia na propriedade que certas resinas têm de endurecer (polimerizar) quando expostas a uma fonte de luz com um comprimento de onda específico, geralmente na faixa ultravioleta.

O funcionamento geral da maioria das impressoras de resina de consumo se dá de forma invertida. Uma plataforma de construção é submersa em um tanque (ou cuba) com a resina líquida, deixando uma fina camada de líquido entre a plataforma e o fundo transparente do tanque. Por baixo, uma fonte de luz projeta a imagem da primeira camada do objeto, solidificando a resina.

Após a cura da primeira camada, a plataforma de construção se eleva ligeiramente, permitindo que uma nova camada de resina líquida flua por baixo. O processo é, então, repetido centenas ou milhares de vezes, com a fonte de luz projetando a imagem de cada nova camada, até que o objeto esteja completamente formado, suspenso de cabeça para baixo na plataforma.

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A principal diferença entre impressoras de resina e a filamento (FDM)

A diferença mais fundamental entre uma impressora de resina e uma de filamento, também conhecida como FDM (Modelagem por Fusão e Deposição), está na matéria-prima e no método de construção. Enquanto a impressora de resina parte de um líquido que é solidificado, a impressora FDM parte de um rolo de filamento plástico sólido que é derretido.

Essa diferença no processo resulta em qualidades de impressão distintas. A impressora FDM constrói o objeto depositando um fio fino de plástico derretido, camada por camada. Esse método, por sua natureza, deixa linhas de camada visíveis e possui uma limitação na resolução dos detalhes, que é determinada pelo diâmetro do bico extrusor.

A impressora de resina, por outro lado, cura uma camada inteira de uma só vez, com uma resolução que é definida pelos pixels da tela LCD ou pelo ponto do laser. Isso permite a criação de detalhes muito mais finos e de superfícies extremamente lisas, sem as marcas de camada características da impressão por filamento.

O segredo da qualidade: como a resina e a luz criam peças com alto detalhe

O segredo da altíssima qualidade da impressão em resina reside na precisão com que a luz pode ser controlada. Nas impressoras do tipo MSLA (ou LCD), que são as mais comuns no mercado de consumo, a fonte de luz UV é mascarada por uma tela de LCD de alta resolução.

Essa tela de LCD funciona como um estêncil, permitindo que a luz passe apenas nas áreas que correspondem à geometria da camada a ser impressa. A resolução da peça é, portanto, determinada pelo tamanho dos pixels dessa tela. Impressoras modernas utilizam telas com resolução 4K, 8K ou até superior, o que significa que cada pixel pode ter um tamanho de apenas alguns micrômetros.

Essa capacidade de definir detalhes em uma escala micrométrica é o que permite a reprodução de texturas complexas, de pequenas inscrições e de características minuciosas que seriam impossíveis de serem criadas por um bico extrusor de uma impressora de filamento, que possui um diâmetro centenas de vezes maior que um pixel de luz.

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A ausência de camadas visíveis e a precisão do acabamento

Uma das vantagens estéticas mais notáveis da impressão em resina é a quase total ausência de linhas de camada visíveis na peça final. Como cada camada é uma seção transversal curada de forma homogênea, a transição entre elas é muito mais suave do que na impressão por filamento.

Esse processo resulta em um objeto com um acabamento de superfície de alta qualidade, que se assemelha a uma peça moldada por injeção. Em muitos casos, o objeto sai da impressora praticamente sem a necessidade de pós-processamento, como lixamento ou aplicação de preenchedores para suavizar a superfície.

Essa característica é especialmente importante para a produção de figuras com formas orgânicas, modelos de joalheria e protótipos de design, nos quais a qualidade do acabamento superficial é um fator determinante para a percepção de valor e de profissionalismo do produto.

Impressora 3D de resina por que ela oferece a melhor qualidade de impressão
A principal vantagem da impressão em resina é a alta resolução e o acabamento de superfície liso, ideal para a produção de miniaturas, protótipos de joias e modelos odontológicos – Crédito: freepik / Freepik

Vantagens da impressora de resina para protótipos e miniaturas

As características de alta resolução e de acabamento superior tornam a impressora de resina a tecnologia ideal para aplicações específicas. Na área de prototipagem de produtos, ela permite a criação de modelos de alta fidelidade visual, que replicam com exatidão a aparência do produto final.

O mercado de miniaturas para jogos de tabuleiro e de colecionáveis é um dos que mais se beneficia da tecnologia. A capacidade de imprimir personagens e objetos em escalas diminutas, com a preservação de todos os pequenos detalhes, como texturas de roupas e expressões faciais, é o grande atrativo para os hobbistas.

Da mesma forma, a tecnologia revolucionou os setores de joalheria e de odontologia. Joalheiros utilizam as impressoras de resina para criar os modelos mestres de suas peças, que são então utilizados no processo de fundição de metais preciosos. Na odontologia, elas são usadas para a produção de guias cirúrgicos, modelos de arcadas dentárias e alinhadores ortodônticos com uma precisão impecável.

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Desvantagens e desafios: os pontos negativos da impressão com resina

Apesar da qualidade superior, a impressão com resina apresenta algumas desvantagens e desafios que devem ser considerados. O principal deles é o manuseio dos materiais. As resinas líquidas são compostos químicos tóxicos, que podem causar irritação na pele e cujos vapores não devem ser inalados, exigindo o uso de equipamentos de proteção, como luvas e máscaras, e um ambiente bem ventilado.

O processo de pós-impressão também é mais complexo e trabalhoso do que o da impressão por filamento. Após a conclusão da impressão, a peça precisa ser lavada em um solvente, como o álcool isopropílico, para a remoção de todo o excesso de resina não curada. Em seguida, ela precisa passar por um processo de cura final em uma câmara de luz UV para atingir sua resistência máxima.

O custo dos insumos e a durabilidade das peças também são pontos de atenção. A resina líquida costuma ser mais cara do que os rolos de filamento. Além disso, as resinas padrão são, em geral, mais frágeis e quebradiças do que os plásticos utilizados em FDM, e podem se degradar com a exposição prolongada à luz solar, o que as torna menos adequadas para peças mecânicas e funcionais.