Hiroshima e Nagasaki: 80 anos das bombas atômicas

80 Anos dos Bombardeios de Hiroshima e Nagasaki: Recordações e Reflexões

No dia 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima, no Japão, vivenciou um evento devastador: a explosão da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos. Três dias depois, em 9 de agosto, uma segunda bomba atingiu Nagasaki. O impacto dessas tragédias ainda é sentido, e relatos de sobreviventes mostram como a experiência continua a ecoar em suas vidas.

Sobreviventes Compartilham Suas Histórias

Masako Wada, sobrevivente de Nagasaki e atual secretária-geral adjunta da Nihon Hidankyo, uma organização de apoio a sobreviventes das bombas, expressa sua preocupação. “Oitenta anos se passaram, mas nada mudou. Corremos um risco maior hoje do que no passado”, afirma. Ela acredita que os testemunhos de quem viveu essas experiências devem ser ouvidos para evitar futuros desastres.

Outro sobrevivente, Toshio Tanaka, que tinha apenas seis anos durante o ataque a Hiroshima, também compartilha suas preocupações. “Se continuarmos nesse caminho de conflitos e guerras, isso pode levar à Terceira Guerra Mundial e à destruição completa da Terra”. Essa mensagem é incentivada por eventos globais atuais, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, que, segundo Wada, exacerbam a ameaça de uma guerra nuclear.

O Contexto Histórico da Explosão

Em 1945, os Estados Unidos estavam em guerra com o Japão há três anos, após o ataque a Pearl Harbor. Com a guerra se intensificando, o então presidente Harry Truman emitiu um ultimato à rendição do Japão, anunciado em 26 de julho. No entanto, o uso de armas nucleares não foi mencionado, apesar de já serem parte da estratégia militar dos EUA.

Hiroshima foi escolhida como alvo principal devido à sua importância militar e à pouca destruição anterior. No dia do ataque, um bombardeiro B-29, chamado Enola Gay, lançou a bomba chamada “Little Boy” a aproximadamente 600 metros acima da cidade. A explosão gerou uma onda de calor imensa e destruiu grande parte da cidade, resultando em perdas de vidas que variam de 50 a 140 mil pessoas, considerando os efeitos imediatos e os prolongados pela radiação.

Impactos Físicos e Psicológicos

Em Nagasaki, apenas três dias depois, uma bomba chamada “Fat Man” foi lançada, resultando em destruição em uma escala horrenda. Enquanto Nagasaki não sofreu tanto quanto Hiroshima por causa de seu terreno montanhoso, estima-se que entre 40 a 70 mil pessoas morreram como consequência desse ataque.

Os sobreviventes, conhecidos como hibakusha, enfrentaram consequências físicas e psicológicas duradouras. Muitos sofreram queimaduras severas, doenças e traumas emocionais que persistem até hoje. “Acredito que, mesmo em tempos de guerra, tais mortes nunca deveriam ser permitidas”, declarou uma sobrevivente durante um discurso no Prêmio Nobel em 2024.

A Lição do Passado e o Futuro

Hoje, cerca de 12,3 mil ogivas nucleares existem no mundo, uma realidade que preocupa muitos, incluindo os sobreviventes. Wada destaca que, entre os hibakusha restantes, muitos estão com idades em torno de 90 anos, e cerca de 10 mil deles falecem a cada ano. Sua maior preocupação não é apenas a perda de memória viva, mas a possibilidade de que eventos semelhantes possam ocorrer novamente.

“Meu medo é que, antes que isso aconteça, tenhamos novos hibakusha”, conclui. A mensagem clara é a busca pela abolição imediata das armas nucleares e a promoção da paz, para que os horrores de Hiroshima e Nagasaki nunca sejam esquecidos.