Hiponatremia: o que é e como a condição é diagnosticada e tratada

A hiponatremia é uma condição metabólica que ocorre quando os níveis de sódio no sangue se tornam perigosamente baixos. Embora o sódio seja frequentemente associado à hipertensão, ele é um eletrólito vital para o funcionamento do corpo, regulando o equilíbrio de líquidos e a função de nervos e músculos.

Contrariando a intuição popular, a causa mais comum da hiponatremia não é a falta de ingestão de sal, mas sim o excesso de água no organismo. O consumo de grandes volumes de líquido em um curto período pode diluir a concentração de sódio no sangue, levando a um desequilíbrio perigoso.

Esse desequilíbrio faz com que a água se desloque para o interior das células, causando inchaço. No cérebro, esse processo é particularmente arriscado e pode levar a sintomas neurológicos graves, que vão desde a confusão mental até convulsões e coma, exigindo atenção médica imediata.

Compreender as causas, saber reconhecer os sintomas e conhecer as formas de prevenção e tratamento é fundamental para lidar com essa condição.

Entenda a hiponatremia: a condição causada pela baixa de sódio

A hiponatremia é definida como uma concentração de sódio no plasma sanguíneo inferior a 135 miliequivalentes por litro (mEq/L), sendo que os níveis normais se situam entre 135 e 145 mEq/L. Trata-se do distúrbio eletrolítico mais comum encontrado na prática clínica, afetando uma ampla gama de pacientes.

O sódio desempenha um papel fundamental na manutenção do volume de fluido extracelular e na regulação da pressão osmótica, que é a força que controla o movimento de água entre o interior e o exterior das células. Quando a concentração de sódio no sangue diminui, a água tende a entrar nas células para reequilibrar a concentração, causando o edema celular.

É esse inchaço das células que causa os sintomas da hiponatremia, sendo o cérebro o órgão mais vulnerável. Como o crânio é uma estrutura rígida que não se expande, o inchaço das células cerebrais (edema cerebral) aumenta a pressão intracraniana, o que pode levar a disfunções neurológicas graves e potencialmente fatais.

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As principais causas da hiponatremia: de problemas renais a medicamentos

As causas da hiponatremia são diversas e podem ser agrupadas em três categorias principais: excesso de água, perda de sódio ou uma combinação de ambos. A causa mais direta é a ingestão excessiva de água, que ultrapassa a capacidade dos rins de excretar o excesso de líquido.

Diversas condições médicas podem levar à retenção de água e, consequentemente, à hiponatremia. Insuficiência cardíaca, cirrose hepática e insuficiência renal são doenças que comprometem a capacidade do corpo de regular os fluidos. Outra causa importante é a Síndrome da Secreção Inapropriada do Hormônio Antidiurético (SIADH), na qual o corpo produz excesso do hormônio que comanda a retenção de água pelos rins.

O uso de certos medicamentos também é uma causa frequente. Os diuréticos tiazídicos, comumente usados para tratar a hipertensão, podem aumentar a excreção de sódio. Alguns antidepressivos, anticonvulsivantes e analgésicos, por outro lado, podem estimular a produção do hormônio antidiurético, levando à retenção de água.

Sintomas da hiponatremia: como identificar os sinais de alerta

Os sintomas da hiponatremia são primariamente neurológicos e sua gravidade depende da rapidez com que os níveis de sódio caíram e do grau da queda. Em casos de hiponatremia leve ou de desenvolvimento lento, os sintomas podem ser sutis.

Os sinais iniciais incluem náuseas, vômitos, dor de cabeça, perda de apetite e uma sensação de cansaço ou letargia. Conforme a condição se agrava, podem surgir confusão mental, agitação, desorientação, cãibras ou fraqueza muscular.

A hiponatremia grave ou de instalação rápida é uma emergência médica. Os sintomas podem evoluir para convulsões, dificuldade respiratória, diminuição do nível de consciência e coma. O reconhecimento rápido dos sinais de alerta e a busca por atendimento médico são fundamentais para evitar complicações.

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Como a hiponatremia é diagnosticada: exames de sangue e urina

O diagnóstico da hiponatremia começa com a avaliação clínica do paciente, incluindo a análise dos sintomas, do histórico médico, do uso de medicamentos e das circunstâncias que podem ter levado ao desequilíbrio, como a ingestão excessiva de líquidos.

A confirmação do diagnóstico é feita por meio de um exame de sangue simples, que mede os níveis de eletrólitos no plasma. Um resultado que aponte uma concentração de sódio abaixo de 135 mEq/L confirma a presença de hiponatremia.

Uma vez confirmada a condição, o passo seguinte é investigar a sua causa. Para isso, são realizados exames adicionais de sangue e de urina, que medem a osmolalidade (a concentração de partículas) do plasma e da urina, e a concentração de sódio na urina. Esses exames ajudam o médico a diferenciar as possíveis causas e a direcionar o tratamento correto.

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O diagnóstico da hiponatremia é confirmado por um exame de sangue que mede a concentração de sódio e outros eletrólitos, sendo fundamental para guiar o tratamento – Crédito: freepik / Freepik

Tratamento da hiponatremia: como reverter a condição de forma segura

O tratamento da hiponatremia deve ser cuidadosamente planejado, pois depende da causa, da gravidade dos sintomas e da duração do desequilíbrio. Para casos leves e assintomáticos, a medida mais comum é a restrição da ingestão de líquidos.

Se a causa for um medicamento, o médico irá avaliar a possibilidade de ajustar a dose ou de substituí-lo. Se houver uma doença subjacente, como a insuficiência cardíaca ou a SIADH, o tratamento dessa condição é a prioridade para corrigir o desequilíbrio de sódio.

Nos casos de hiponatremia grave e sintomática, o tratamento é uma emergência hospitalar e consiste na administração intravenosa de uma solução salina hipertônica. A reposição do sódio, no entanto, deve ser feita de forma lenta e controlada, pois uma correção muito rápida pode causar uma lesão neurológica grave e permanente, conhecida como síndrome de desmielinização osmótica.

A importância da hidratação correta na prevenção da hiponatremia

A prevenção da hiponatremia, especialmente daquela induzida por excesso de líquidos, passa pela conscientização sobre a hidratação correta. Embora beber água seja essencial para a saúde, o consumo excessivo e desequilibrado pode ser perigoso.

Para a população em geral, a recomendação é beber água conforme a sensação de sede. Para atletas de resistência, que perdem grandes quantidades de sódio pelo suor, a hidratação exige um planejamento mais cuidadoso durante treinos e competições prolongadas.

Nesses casos, a reposição de líquidos deve ser feita não apenas com água, mas também com bebidas isotônicas ou suplementos que contenham eletrólitos, como o sódio e o potássio. Isso ajuda a repor o que foi perdido no suor e a evitar a diluição perigosa do sódio no sangue.

O que fazer se você suspeitar de hiponatremia: quando procurar ajuda médica

Em situações de suspeita de hiponatremia leve, por exemplo, após a prática de um exercício intenso com grande ingestão de água, e na presença de sintomas como náuseas ou cãibras, a primeira medida é interromper a ingestão de líquidos e consumir algum alimento ou bebida que contenha sódio.

No entanto, é fundamental saber quando a busca por ajuda médica é necessária. Se os sintomas forem neurológicos, como confusão mental, desorientação ou dor de cabeça intensa, ou se a pessoa tiver um fator de risco conhecido, como uma doença cardíaca ou renal, o atendimento médico deve ser procurado.

A hiponatremia grave, marcada por convulsões ou pela perda de consciência, é uma emergência que exige o acionamento imediato de um serviço médico de urgência. A automedicação ou o adiamento do tratamento podem levar a consequências graves, e apenas um profissional de saúde pode diagnosticar e tratar a condição de forma segura.