Google adquire aplicativo de mapas de Israel por US$ 1 bilhão
Em 2013, vivíamos uma verdadeira disputa entre os gigantes da tecnologia pelo controle dos nossos celulares. O aplicativo de mapas Waze, que surgiu em Israel, estava no centro dessa batalha. Com uma proposta inovadora e uma comunidade super engajada, ele se tornou uma ameaça ao monopólio do Google Maps.
A jogada do Google, então, foi simples e direta: comprar o concorrente. O valor da aquisição foi quase US$ 1 bilhão. Mas não foi apenas para garantir um produto de qualidade. O objetivo era evitar que outras empresas conseguissem usar o Waze para desafiar seu domínio no mundo dos mapas digitais. Essa é a história de como o Google eliminou a concorrência ao abraçar o Waze.
### A origem em Israel: como um projeto comunitário de 2006 virou uma febre global
A trajetória do Waze começa em 2006, com um projeto chamado “FreeMap Israel”, desenvolvido pelo programador Ehud Shabtai. A ideia dele? Usar os próprios motoristas como ferramentas para mapear as ruas, em vez de investir em equipamentos caros. Com isso, cada motorista se tornava um sensor, reportando em tempo real sobre trânsito, acidentes e radares.
Esse projeto comunitário evoluiu em 2008, tornando-se uma empresa. Com uma liderança forte e um investimento que chegou a dezenas de milhões de dólares, o Waze cresceu rapidamente. Em junho de 2013, já contava com quase 50 milhões de usuários em 190 países. Um feito e tanto!
### A compra de US$ 966 milhões pelo Google em 2013
O sucesso do Waze não passou despercebido pelos grandes nomes da tecnologia. Em um momento em que o Apple Maps estava enfrentando sérios problemas de lançamento, a Apple e o Facebook rapidamente perceberam o potencial do Waze. Ambas fizeram ofertas bilionárias, mas o Google se destacou.
Enquanto o Facebook queria que a equipe se mudasse para a Califórnia, o Google se comprometeu a manter as operações em Israel. Essa flexibilidade foi crucial, aliada a um pagamento de US$ 966 milhões, que selou o acordo em 11 de junho de 2013.
### Como o Google Maps absorveu as melhores funções do Waze
Após a compra, o Google prometeu que o Waze continuaria funcionando de forma independente, pelo menos por um tempo. Entretanto, algo começou a acontecer nos bastidores: as melhores funcionalidades do Waze foram sendo lentamente integradas ao Google Maps.
Os dados de trânsito em tempo real foram os primeiros a dar as caras. Em 2019, o Google Maps também ganhou a função de alertas para radares e acidentes, característica marcante do Waze. Assim, as informações geradas pelos usuários do Waze começaram a ornamentar o Google Maps. O que antes era uma “startup dentro de uma corporação”, como disse o ex-CEO do Waze, Noam Bardin, começou a ser engolido pela grande estrutura do Google.
### O fim da independência: a fusão de 2022 e a nova estrutura
O grande divisor de águas se deu em dezembro de 2022. O Google anunciou a fusão da equipe de 500 pessoas do Waze com sua divisão Geo, que inclui Google Maps, Google Earth e Street View. A justificativa foi a necessidade de reduzir custos e eliminar duplicidades. Na prática, foi o fim da autonomia do Waze, que deixou de ser uma unidade de negócios independente para se tornar apenas mais um produto na imensidão do Google.
Apesar de tudo isso, o Waze ainda estava firme em 2025, com seu público fiel. Em fevereiro do mesmo ano, o aplicativo foi classificado como uma “Plataforma Online Muito Grande” pela União Europeia, com mais de 50 milhões de usuários ativos mensais apenas na região. Muitos ainda preferem o Waze pelo seu algoritmo eficiente que evita congestionamentos e pela interface mais intuitiva.
Contudo, o futuro do Waze é uma incógnita. A estratégia do Google parece ser de manter o aplicativo vivo para coletar dados valiosos, enquanto suas melhores funcionalidades são transferidas para o Google Maps. Para o Google, a aquisição foi um grande sucesso: a concorrência não apenas foi eliminada, mas integrada.