Golpe do dinheiro esquecido usa site falso para roubar dados: veja como evitar

Com o avanço da digitalização dos serviços públicos, muitos brasileiros passaram a acessar o site do Banco Central (bcb.gov.br) para consultar valores esquecidos em bancos. A iniciativa oficial, chamada de Sistema de Valores a Receber, tem o objetivo de devolver recursos financeiros que estavam parados em contas inativas. Desde a criação da ferramenta, milhões de pessoas já fizeram consultas.

No entanto, esse cenário também atraiu a atenção de golpistas, que vêm aplicando fraudes virtuais sofisticadas. Os criminosos usam sites falsos, perfis em redes sociais e vídeos editados com inteligência artificial para roubar dados pessoais ou financeiros das vítimas. A aparência desses canais falsos muitas vezes imita com perfeição o ambiente digital do governo federal, o que dificulta a identificação do golpe.

O principal alvo são pessoas que não dominam totalmente o ambiente digital ou estão em busca de recuperar valores esquecidos sem entender exatamente como funciona o processo. Em muitos casos, o golpe envolve o pagamento de taxas falsas ou o fornecimento de dados sensíveis. A promessa de receber dinheiro rapidamente é a armadilha usada para convencer a vítima.

Diante desse cenário, é essencial entender como esses golpes operam, quais sinais indicam fraude e quais medidas de segurança devem ser adotadas para evitar prejuízos financeiros e violação de dados pessoais.

Golpe do dinheiro esquecido usa site falso para roubar dados veja como evitar
Site falso tenta imitar o portal do Banco Central para roubar dados durante consulta ao dinheiro esquecido – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

O que é o golpe do dinheiro esquecido?

O golpe do dinheiro esquecido ocorre quando criminosos se aproveitam da procura por valores esquecidos no sistema bancário para aplicar fraudes online. A fraude parte de sites e canais falsos que imitam o endereço oficial do Banco Central.

Esses sites enganam o usuário ao oferecer supostas facilidades para saque de valores esquecidos. O golpe pode envolver a cobrança de uma taxa inexistente ou a coleta de dados como CPF, número de conta, senhas e filiação. A vítima é levada a acreditar que está lidando com um serviço oficial do governo.

O Banco Central já alertou que não envia mensagens com links, não solicita dados pessoais e não cobra qualquer valor para consulta ou resgate.

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Como os criminosos usam sites falsos para aplicar o golpe

Os golpistas criam páginas muito semelhantes ao site oficial do Banco Central, inclusive com o uso de logos, cores e linguagem visual parecida. Em anúncios patrocinados nas redes sociais, os sites falsos prometem acesso direto ao dinheiro esquecido, com slogans como “consulte seu valor agora” ou “resgate liberado”.

Além dos sites, o golpe também se espalha por mensagens de WhatsApp, SMS e até vídeos com vozes e rostos de celebridades — manipulados com ferramentas de inteligência artificial. Em muitos casos, a vítima é convencida a preencher formulários com seus dados e realizar pagamentos por Pix com a promessa de liberação de valores.

Empresas de cibersegurança apontam que os golpes usam domínios muito próximos ao oficial, o que aumenta a chance de engano.

Quais dados pessoais estão em risco nesse tipo de golpe

O golpe do dinheiro esquecido visa obter o máximo de informações pessoais possíveis. Entre os dados mais visados estão CPF, nome completo, data de nascimento, nome da mãe, número da conta bancária e até senhas.

Com essas informações, criminosos podem praticar fraudes mais graves, como abrir contas em nome da vítima, fazer compras ou empréstimos, além de vender os dados em mercados ilegais. Especialistas em segurança digital alertam que os danos podem se estender por anos.

Esses golpes também aumentam o risco de vazamentos em cadeia, já que dados de uma pessoa podem ser cruzados com outras bases para gerar novos ataques.

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Como identificar uma página falsa de dinheiro esquecido

As páginas fraudulentas geralmente apresentam erros sutis, mas perceptíveis. Muitos desses sites têm endereços parecidos com o oficial, porém com domínios diferentes, como “.net” ou “.info” em vez de “.gov.br”.

Outro indício é a ausência de conexão segura (sem o cadeado na barra do navegador), erros de digitação, falta de outras seções no site ou páginas com aparência genérica. Também é comum a presença de pop-ups forçando a inserção imediata de dados.

É sempre recomendável digitar manualmente o endereço oficial no navegador: valoresareceber.bcb.gov.br. Nunca clique em links recebidos por terceiros ou por redes sociais.

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Golpistas usam vídeos manipulados com vozes de famosos e simulam atendimento para aplicar fraudes digitais com o dinheiro esquecido – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Principais canais usados para espalhar o golpe online

Os criminosos se aproveitam de diferentes canais digitais para disseminar o golpe. O WhatsApp é o mais usado, com envio de mensagens em massa contendo links falsos. O SMS também é comum, por transmitir uma aparência de oficialidade.

Além disso, anúncios em redes sociais e vídeos patrocinados com deepfakes (vídeos manipulados com IA) também ajudam a enganar as vítimas. Há ainda tentativas de phishing por e-mail e, em alguns casos, perfis falsos em redes como Facebook e Instagram simulando páginas oficiais.

Segundo especialistas, o uso de inteligência artificial tem tornado esses conteúdos cada vez mais convincentes.

Quem são as principais vítimas desse tipo de golpe

Idosos e pessoas com menor familiaridade digital estão entre os alvos mais frequentes. Muitos não reconhecem os sinais de fraude e acabam preenchendo formulários ou pagando taxas indevidas.

No entanto, jovens e até empresários também já foram vítimas, principalmente em momentos de crise financeira. O desejo de recuperar qualquer valor esquecido acaba deixando as pessoas mais vulneráveis a promessas tentadoras.

De acordo com levantamentos do setor bancário, os golpes costumam aumentar nos períodos em que o Banco Central libera novas consultas.

O que fazer se você já compartilhou seus dados

Quem já caiu em um golpe do dinheiro esquecido deve agir com rapidez. A primeira medida é entrar em contato com o banco para tentar acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que pode bloquear a transferência via Pix.

Além disso, é essencial registrar um boletim de ocorrência e acompanhar se há movimentações suspeitas em contas bancárias ou tentativas de crédito indevidas. Alterar senhas e ativar a verificação em duas etapas são medidas indispensáveis para proteger outras contas digitais.

Serviços como o Registrato, do Banco Central, podem ajudar a monitorar se existem contas abertas indevidamente em seu nome.

Como denunciar o golpe do dinheiro esquecido

Denúncias de páginas falsas e perfis fraudulentos podem ser feitas diretamente à Ouvidoria do Banco Central, pelo telefone 145, ou pelo site oficial da instituição.

Também é possível registrar reclamações nas plataformas das redes sociais e nos canais de denúncia da Polícia Federal e Procon. Quanto mais rapidamente o golpe for reportado, maiores são as chances de retirada do conteúdo do ar.

A empresa Kaspersky (kaspersky.com.br) orienta ainda que as vítimas documentem todas as provas — prints, comprovantes e mensagens — para facilitar a investigação.

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Dicas de segurança para evitar cair em golpes digitais

  • Digite manualmente o endereço oficial no navegador.
  • Não clique em links enviados por redes sociais, WhatsApp ou SMS.
  • Verifique se o site tem conexão segura (cadeado na barra de endereço).
  • Desconfie de promessas de liberação imediata de valores.
  • Nunca informe dados pessoais por telefone ou chat.
  • Ative a verificação em duas etapas em todos os aplicativos bancários.
  • Use antivírus atualizados e mantenha o sistema operacional protegido.
  • Consulte canais oficiais antes de realizar qualquer pagamento ou preenchimento de formulários.

Com o aumento dos golpes digitais, a informação é uma das principais formas de defesa. Ao adotar práticas de segurança e desconfiar de atalhos, o cidadão evita prejuízos e ajuda a combater as fraudes virtuais.