Gol pode cancelar voos no Brasil após pedido de recuperação judicial? O que muda para passageiros? Entenda o caso

Entenda os impactos da recuperação judicial da Gol Linhas Aéreas e saiba como isso afeta sua viagem. Passageiros podem ficar tranquilos quanto aos voos no Brasil.

A notícia recente do pedido de recuperação judicial pela Gol Linhas Aéreas tem gerado preocupações entre os passageiros e investidores.

Nas linhas abaixo, vamos explorar em detalhes os motivos que levaram a Gol a tomar essa decisão, como isso pode afetar os voos no Brasil e o que os passageiros podem esperar durante esse processo.

Recuperação Judicial GOL.
A Gol pede recuperação judicial nos EUA: o que isso significa para seus voos e serviços? (Foto: Divulgação).

Por que a Gol entrou com pedido de Recuperação Judicial?

A Gol Linhas Aéreas protocolou seu pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, invocando o Chapter 11, um processo legal que permite à empresa reestruturar suas obrigações financeiras.

Mas o que levou a Gol a tomar essa medida drástica? Em suma, a principal razão foi uma disputa com os arrendadores de suas aeronaves, que a empresa não conseguiu resolver por meio de acordos.

Como a maioria desses arrendadores está sujeita à jurisdição americana, a Gol optou por recorrer aos tribunais dos EUA.

A Gol também assegurou aos passageiros que todas as operações, incluindo seu programa de fidelidade Smiles e acordos com outras companhias aéreas, continuam inalteradas.

Em outras palavras, significa que os voos programados e as vendas de passagens estão mantidos.

Além disso, a empresa enfatizou que a decisão de buscar a recuperação judicial tem o objetivo de garantir que ela tenha a estrutura de capital adequada para enfrentar os desafios da indústria da aviação.

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Passageiros serão afetados?

Os passageiros da Gol podem estar se perguntando se essa situação afetará suas viagens. A boa notícia é que a empresa garantiu que os voos com passagens vendidas não serão afetados.

Na prática, significa que as operações da companhia, incluindo o programa de fidelidade Smiles, continuarão funcionando normalmente.

A Gol possui 143 aviões em sua frota, todos do modelo Boeing 737, e, apesar de ter recebido apenas uma das 15 entregas previstas para o ano passado, as operações seguem sem alterações significativas.

Além disso, a Gol afirmou que não há previsão de redução de pessoal ou do número de bases que mantém atualmente.

Ademais, o CEO da empresa, Celso Ferrer, destacou que o pedido de recuperação judicial visa proteger a companhia de possíveis ações por parte dos arrendadores de aeronaves, permitindo tempo e condições para negociações.

Compromissos com os clientes da Gol

A Gol também se comprometeu a honrar todas as obrigações com seus clientes, incluindo reembolsos de passagens, cupons de viagem e pagamentos associados a reclamações de bagagem ou serviços.

Isso significa, portanto, que os passageiros podem continuar a contar com o mesmo nível de serviço e confiabilidade que a Gol sempre ofereceu.

Credores e situação financeira

Dentre os principais credores da Gol estão:

  • Bank of New York Mellon, com US$ 353,8 milhões;
  • Comando da Aeronáutica, com US$ 222,5 milhões;
  • Títulos com o Bank of New York Mellon, US$ 142,1 milhões;
  • Distribuidora de combustível Vibra, antiga BR, com US$ 91,4 milhões.

O pedido de recuperação judicial já era esperado pelo mercado, dado o impasse nas negociações com os arrendadores de aeronaves e a contratação da consultoria Seabury em dezembro para revisar a estrutura de capital.

Reação do governo e perspectivas

O governo brasileiro manifestou seu compromisso em apoiar as companhias aéreas, discutindo medidas como crédito e abatimento de dívidas.

Uma das possibilidades em análise é a mudança no preço do querosene de aviação. No entanto, o Ministério da Fazenda esclareceu que eventuais descontos nos preços do combustível não devem envolver isenções fiscais.

A situação financeira da Gol é desafiadora, com um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre de 2023 e uma dívida total de R$ 20 bilhões, incluindo R$ 3 bilhões com vencimento a curto prazo.

A empresa também perdeu R$ 971 milhões em valor de mercado até o momento. O CEO Celso Ferrer atribuiu o pedido de recuperação judicial ao impacto da pandemia, que aumentou custos, dívidas e dificultou o acesso a capital.

Impacto nas ações da Gol

O anúncio do pedido de recuperação judicial nos EUA levou a uma suspensão de 30 minutos nas negociações das ações da Gol na B3, a bolsa de valores brasileira.

As ações da empresa encerraram o dia com uma queda de 3,16%, atingindo o valor de R$ 6,44.

Comparação com outras companhias aéreas

A Gol não é a única companhia aérea na América Latina a enfrentar dificuldades financeiras.

A chilena Latam também recorreu ao Chapter 11 em 2020, enquanto a Azul concluiu uma reestruturação de sua dívida em outubro do ano passado após alcançar acordos com arrendadores e outros credores.

O CEO da Gol, Celso Ferrer, acredita que a reestruturação da empresa será mais rápida do que a de outras aéreas latino-americanas, devido ao cenário de demanda mais consistente e ao suporte do Chapter 11 nos EUA.

Perspectivas para os passageiros

No geral, os passageiros da Gol podem ficar tranquilos quanto ao impacto direto em suas viagens.

A empresa enfatizou que a recuperação judicial é principalmente uma medida financeira e não deve resultar em mudanças significativas nas operações ou na experiência do consumidor.

A Gol permanece comprometida em fornecer serviços de alta qualidade e honrar seus compromissos com os passageiros durante todo o processo de reestruturação.

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