FPSO P-67 inicia operações no campo de Tupi com carga para a China

No coração do pré-sal brasileiro, a mais de 200 km da costa, encontramos um gigante do petróleo: o FPSO P-67. Essa plataforma não é só uma máquina de extração; é um verdadeiro símbolo da parceria entre Brasil e China. Essa colaboração tem sido fundamental para transformar o país asiático no principal destino do nosso petróleo.

A história do P-67 revela muito sobre como a demanda por energia na China se casou com a riqueza do Campo de Tupi. O FPSO foi financiado por bancos chineses, construído em um estaleiro na China e, claro, produzindo para atender principalmente o mercado chinês. Em uma década, essa relação redefiniu a geopolítica da energia global.

Dos “replicantes” da Petrobras à construção na China

Após a descoberta do pré-sal em 2006, a Petrobras precisava de eficiência para extrair o óleo. A solução foi a criação dos “FPSOs replicantes”, uma série de plataformas projetadas para acelerar a produção. A P-67 entrou nessa lista, destinada a operar no Campo de Tupi.

O plano inicial era que as plataformas fossem construídas no Brasil, mas a crise nos estaleiros nacionais, potencializada pela Operação Lava Jato, atrasou tudo. Em maio de 2015, a P-67 foi então transferida para um estaleiro na China. Isso não só ajudou a concluir sua construção a tempo, mas também solidificou a posição dos chineses como líderes na indústria naval.

A engenharia por trás do FPSO P-67

O FPSO P-67 impressiona em vários aspectos. Com mais de 300 metros de comprimento, ele consegue processar até 150.000 barris de óleo por dia e armazenar 1,6 milhão de barris em seus tanques. Depois de finalizada na China em maio de 2018, ela foi transportada para o Brasil de uma maneira bastante inovadora. Utilizando um “reboque a seco”, a P-67 fez uma viagem de 45 dias a bordo do navio semi-submersível Boka Vanguard, estabelecendo um recorde mundial.

A P-67 no Campo de Tupi em fevereiro de 2019

Ao chegar no Rio de Janeiro em julho de 2018, a P-67 passou por ajustes finais e foi instalada em seu local definitivo. Em fevereiro de 2019, a plataforma começou a extrair seu "primeiro óleo", marcando o início de uma nova era na produção de petróleo no Brasil, especialmente na área de Lula Norte, que é a mais produtiva do país.

Essa entrada em operação, juntamente com outras plataformas, foi decisiva para um aumento notável na produção do pré-sal. O Brasil começou a se afirmar como uma verdadeira potência energética.

A ponte petrolífera Brasil-China: Financiamento, construção e exportação

É impossível falar sobre o FPSO P-67 sem mencionar a forte conexão financeira com a China. Durante a crise da Petrobras, entre 2014 e 2017, os bancos estatais chineses tornaram-se os principais credores da empresa brasileira. Por meio de acordos de "empréstimos por petróleo", a Petrobras garantiu o capital necessário para suas operações, enquanto a China assegurava o fornecimento do petróleo brasileiro.

Como resultado, a participação da China nas exportações de petróleo do Brasil saltou de 20% em 2014 para 63% em 2019, fazendo dela nosso principal cliente.

O destino do primeiro carregamento de petróleo da P-67

Uma dúvida que surge é se o primeiro carregamento de 1 milhão de barris da P-67 foi todo para a China, simbolizando essa colaboração. Infelizmente, não há documentos que confirmem o destino exato dessa carga inicial. Contudo, é evidente que a maior parte do petróleo produzido pelo FPSO desde 2019 tem a China como destino.

O que realmente importa é que a P-67 representa uma cadeia inteira de colaboração entre Brasil e China, desde o financiamento até o consumo do petróleo. Essa parceria vai muito além de um único carregamento, simbolizando um elo forte entre os dois países.