Filme reconhece sua própria comicidade e se entrega
O personagem Coisa, interpretado por Ebon Moss-Bachrach, tem um papel menor na trama, mas os momentos em que aparece são impactantes. O ator optou por um tom de voz mais sério em suas cenas, o que pode ser uma estratégia para trazer uma abordagem mais reflexiva ao filme. Além disso, como fã de quadrinhos, é interessante notar que sua vestimenta faz referência a algumas das melhores fases da criação do artista Jack Kirby. Outro detalhe curioso é a presença de uma barba, que ao longo dos anos se tornou uma marca registrada em adaptações do personagem; ele já teve diversas mudanças, como cicatrizes e até capacetes, o que faz essa escolha parecer uma homenagem a essa tradição.
No entanto, o personagem Reed Richards, interpretado por Pedro Pascal, não se saiu tão bem. A atuação de Pascal não foi convincente em comparação à imagem que muitos fãs têm do personagem nos quadrinhos. Pode ser que o bigode ou até a familiaridade do ator com outras produções tenham influenciado na percepção do público. Apesar de seu carisma, a interpretação não conseguiu criar a conexão esperada, levando muitos a questionarem se Pascal se encaixaria melhor em outros papéis, como o de Doutor Estranho.
A Surfista Prateada, por sua vez, poderia ter aparecido mais no filme. A decisão de torná-la mulher teve como objetivo destacar a importância de Sue Storm na narrativa. Ainda que a mudança não fosse estritamente necessária, o resultado trouxe uma certa diversão. Julia Garner, a atriz que dá vida à personagem, é amplamente reconhecida como uma das melhores de sua geração, e sua performance contribui muito para credibilizar um dos conceitos mais inusitados dos quadrinhos. A ideia de uma mulher prateada, surfa no espaço em busca de planetas para alimentar um gigante pode parecer absurda, mas, no filme, isso é apresentado de uma forma quase aceitável, grande parte do mérito vai para a atuação de Garner.