Fiat descontinua motor durável depois de 40 anos e 10 milhões de unidades
A indústria automotiva brasileira passa por mudanças significativas com a aposentadoria do icônico motor Fire. Após quatro décadas de trajetória, a Fiat decidiu encerrar a produção desse motor, um verdadeiro símbolo de resistência e economia, em 2025. Essa decisão se deve, em grande parte, ao avanço das normas ambientais e à necessidade de inovação tecnológica.
O Fire deixou sua marca ao ser instalado em mais de 10 milhões de veículos ao redor do mundo. Conhecido por sua durabilidade e custo de manutenção acessível, esse motor conquistou a confiança de muitos brasileiros.
Origem do motor Fire e sua chegada ao Brasil
O motor Fire, que significa Fully Integrated Robotised Engine (Motor de Integração Totalmente Robotizado), surgiu na Europa em 1985, estreando no Lancia Y10. A sua entrada no Brasil aconteceu em fevereiro de 2000, quando começou a ser produzido na fábrica da Fiat em Betim (MG), equipando o Palio 1.3 de 16 válvulas. A versão 1.0, que chegou em 2001, deu início a um ciclo de 24 anos em que o Fire se consolidou como uma referência de confiabilidade e eficiência no mercado de motores compactos.
Modelos equipados e reputação do propulsor Fire
Durante sua longa trajetória, o motor Fire foi essencial para diversos modelos de sucesso da Fiat, como Uno, Palio, Siena e Mobi. O motor se destacou pela economia de combustível e durabilidade, sendo uma escolha popular também entre veículos de trabalho, como o utilitário Fiorino. Muitas vezes, o Uno era adaptado para frotas que exigiam um motor robusto. Famoso por alcançar mais de 300 mil quilômetros sem falhas sérias, o Fire ganhou a fama de “inquebrável” entre os consumidores e especialistas.
Impacto das normas ambientais no fim do Fire
A aposentadoria do motor Fire está ligada às novas exigências do Proconve L8, que começou em 2025. Essas normas impuseram limites ainda mais rigorosos sobre a emissão de poluentes, forçando a indústria a adotar soluções mais eficientes e menos poluentes. Segundo a Stellantis, grupo que controla a Fiat, o custo para atualizar o motor Fire diante das novas regras seria inviável.
Embora em 2021 algumas modificações tinham sido feitas, como melhorias no sistema de injeção eletrônica e ajustes no catalisador, a adaptação do motor às novas normas acabou por ser impossível sem comprometer seu custo-benefício, que sempre foi uma de suas maiores vantagens.
Evolução tecnológica do motor Fire no Brasil
Nesta jornada, o Fire passou por várias transformações. Começando como um motor 1.3 de 16 válvulas, ganhou versões 1.0 e 1.4, além de ser adaptado para funcionar com etanol em 2003. Essa flexibilidade o ajudou a se adequar à realidade brasileira, que valoriza combustíveis alternativos.
O design simplificado do cabeçote facilitou a manutenção e alavancou ainda mais sua reputação de baixo custo. Graças à grande quantidade de veículos com esse motor nas ruas e à facilidade de encontrar peças, muitas oficinas se especializaram na manutenção do Fire, tornando-o acessível até para quem tem um orçamento mais apertado.
Legado do motor Fire na democratização do carro popular
O motor Fire foi fundamental para democratizar o acesso ao automóvel no Brasil. Ajudou a impulsionar programas de renovação de frota e deu vida a modelos como o Palio em 1997 e o Uno Mille. Muitos veículos com esse motor continuam rodando nas ruas, mesmo anos após sua fabricação, atestando sua durabilidade.
Curiosidades e impacto global do propulsor Fire
Além de seu sucesso no Brasil, o motor Fire foi utilizado em mais de 10 milhões de carros em vários continentes, como na Ásia e na Europa. Sua robustez e simplicidade fizeram dele uma escolha popular entre motoristas de táxi, motoristas de aplicativo e pequenos empresários que buscavam uma solução confiável para o dia a dia.
O desenvolvimento do Fire foi inovador para a época, incorporando automação industrial nas linhas de montagem no final dos anos 1980, garantindo precisão e eficiência nos processos de produção. O motor também se destacou pela facilidade de adaptação às normas de emissões locais.
Futuro dos motores na Fiat e no Brasil
Com o fim da produção do Fire em Betim, a Fiat se volta para novas tecnologias, investindo em motores turbo de três cilindros, híbridos e elétricos. Estas inovações visam atender aos desafios ambientais e de eficiência energética que a indústria enfrenta globalmente.
A história do Fire é um exemplo de como se equilibram robustez, custo acessível e a necessidade de se atualizar tecnologicamente em motores compactos.