Exoplaneta próximo à Terra pode ter atmosfera capaz de sustentar vida
TRAPPIST-1e, a 40 anos-luz, está na zona habitável de sua estrela e tem sinais que indicam condições semelhantes às da Terra.
Astrônomos acabam de dar mais um passo importante na busca por vida fora da Terra. Um novo estudo sugere que o exoplaneta TRAPPIST-1e, localizado a cerca de 40 anos-luz daqui, pode ter uma atmosfera capaz de sustentar condições semelhantes às do nosso planeta.
Em escalas cósmicas, essa distância é relativamente curta, o que torna a descoberta ainda mais empolgante para quem acompanha o avanço da astronomia. O planeta fica no sistema TRAPPIST-1, uma estrela anã vermelha que possui sete planetas em órbita e que, desde 2016, é alvo de estudos constantes pela possibilidade de abrigar vida.
Entre esses sete mundos, três estão na chamada “zona habitável” ou “zona Cachinhos Dourados” — uma faixa onde a temperatura é adequada para a existência de água no estado líquido. Isso aumenta as chances de encontrar ambientes que lembram a Terra. Enquanto alguns deles já foram descartados pela ausência de atmosfera, o TRAPPIST-1e voltou a animar os cientistas com novos indícios.
O que os cientistas descobriram até agora
As observações, feitas com o Telescópio Espacial James Webb (JWST), indicam que o TRAPPIST-1e pode ter uma atmosfera estável e semelhante à do nosso planeta. Há possibilidade da presença de nitrogênio, o mesmo gás que predomina aqui, além de moléculas como o metano, que ajudam a manter a temperatura da Terra equilibrada.
Isso não significa que os cientistas já tenham encontrado sinais claros de vida, mas é uma forte indicação de que esse exoplaneta pode ter condições favoráveis para abrigá-la. Os dados iniciais vieram de quatro sessões de observação, mas os pesquisadores ainda aguardam análises mais detalhadas que devem ocorrer a partir de 2026, em pelo menos mais 15 estudos programados.
Por que é tão difícil confirmar a atmosfera
Estudar um planeta tão distante não é simples. Os cientistas costumam usar o chamado “método de trânsito”: analisam a luz da estrela quando o planeta passa à sua frente. Alterações sutis nesse brilho podem revelar se existe atmosfera e do que ela é formada.
No caso do TRAPPIST-1e, o desafio é ainda maior porque sua estrela é uma anã vermelha. Ela é mais fria e instável que o Sol, e sua luz dificulta a análise dos dados, o que torna necessário o uso de modelos muito específicos para interpretar as informações coletadas.
O próximo passo da pesquisa
Se for confirmada a existência de uma atmosfera rica em nitrogênio, os cientistas pretendem buscar outros gases importantes, como dióxido de carbono e mais metano. Esses elementos são cruciais porque ajudam a reter calor, mantendo a superfície do planeta em temperaturas mais amenas.
Com esses detalhes, os astrônomos poderão estimar se existe água líquida na superfície — um dos ingredientes fundamentais para a vida como conhecemos.
Ainda não é a prova de vida
Apesar do entusiasmo, os especialistas ressaltam que ainda não é possível afirmar com certeza que o TRAPPIST-1e possui uma atmosfera. As evidências são preliminares e vão precisar de muito mais tempo e observações para se tornarem conclusivas.
Mesmo sem uma resposta definitiva, cada novo dado sobre esse exoplaneta ajuda a humanidade a compreender melhor quais mundos fora do nosso sistema solar podem ter condições reais para a vida.