Estudos revelam que mulheres têm o dobro de predisposição genética à depressão em comparação aos homens
Pesquisa inédita mostra que fatores genéticos influenciam mais a depressão feminina, abrindo caminho para tratamentos personalizados.
A depressão tem sido estudada há décadas, mas um dos maiores avanços recentes veio de um grupo internacional que analisou o DNA de quase 200 mil pessoas para entender por que a doença afeta mais as mulheres.
A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, revelou que as mulheres têm quase o dobro de marcadores genéticos associados à depressão do que os homens. São cerca de 13 mil variações genéticas ligadas ao transtorno feminino, contra cerca de 7 mil nos homens.
Isso indica que, além dos fatores ambientais e sociais já conhecidos, a diferença na prevalência da depressão entre os sexos está também profundamente relacionada a questões genéticas.
O que isso significa para mulheres e homens
Sabia-se que as mulheres têm o dobro da chance de desenvolver depressão clínica ao longo da vida, mas o motivo biológico era pouco claro. Esta pesquisa agora dá pistas importantes.
Os genes ligados à depressão feminina estão mais relacionados a características metabólicas — como variações de peso e níveis de energia — e hormonais, o que pode explicar por que as mulheres apresentam sintomas diferentes dos homens.
Descobertas que podem mudar tratamentos
Desvendar esses fatores genéticos ajuda a entender o que realmente causa a depressão e abre caminho para desenvolver tratamentos mais específicos para cada sexo.
A pesquisadora Jodi Thomas, que liderou o estudo, ressaltou que entender os genes comuns e únicos em cada gênero traz uma visão mais clara sobre o transtorno e permite o avanço de terapias personalizadas.
Faltava pesquisa focada em mulheres
Historicamente, a maior parte dos estudos clínicos focou no sexo masculino, deixando lacunas no conhecimento sobre a depressão feminina.
Agora, com evidências genéticas mais sólidas, há um chamado para que as futuras pesquisas incluam mais mulheres e levem em conta essas diferenças biológicas para criar medicamentos e tratamentos mais eficazes.
O transtorno depressivo maior
A depressão clínica é um dos problemas de saúde mental mais comuns no mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Com as novas descobertas, a expectativa é que cada vez mais o cuidado com a saúde mental seja adaptado para reconhecer as particularidades genéticas e fisiológicas de homens e mulheres.
Se sentir sintomas como tristeza profunda, falta de energia, mudanças no apetite e no sono, ou dificuldades para realizar tarefas do dia a dia, busque ajuda médica.
O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento, que pode envolver psicoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida.
O novo estudo reforça que a depressão vai muito além do emocional: envolve uma complexa interação genética, metabólica e hormonal, que precisa ser considerada para oferecer o melhor cuidado possível.