Escala 5×2 começa a chegar ao varejo e pode mudar rotina de trabalhadores no Brasil

Farmácias DPSP e H&M testam jornada de cinco dias de trabalho por dois de descanso, diferente da tradicional escala 6×1 usada no comércio.

Uma mudança silenciosa começa a aparecer no varejo brasileiro. Redes conhecidas, como o grupo DPSP, dono de grandes farmácias, e a H&M, do setor de moda, começaram a testar a adoção da escala 5×2 em parte de suas lojas.

Hoje, o mais comum no comércio é a escala 6×1 — seis dias de trabalho para apenas um de descanso. O novo formato, de cinco dias seguidos por dois de folga, é comum em escritórios e setores administrativos, mas raramente encontrado em atividades voltadas ao atendimento direto.

A medida ainda é pontual e não substitui de imediato o modelo predominante, mas já chama a atenção por alterar uma lógica histórica do setor varejista. Para trabalhadores, o impacto pode ser sentido no dia a dia, seja na saúde, no lazer em família ou na forma de consumir.

O que muda com a escala 5×2

Na prática, a principal diferença está no tempo de descanso. O modelo 5×2 reúne a tradicional semana de cinco dias trabalhados, seguida de dois de folga consecutivos. Isso permite que o funcionário tenha um fim de semana ou dois dias fixos para descansar, algo raro na rotina do comércio.

Já a escala 6×1 costuma gerar folgas desencontradas, muitas vezes em dias de pouco convívio social, como às terças ou quartas-feiras. Essa dinâmica dificulta para muitos funcionários conciliar compromissos familiares, religiosos, acadêmicos e até momentos de lazer.

Ao oferecer dois dias de descanso seguidos, a expectativa é reduzir o cansaço físico e emocional e também melhorar a produtividade durante os dias de trabalho.

Por que o varejo mantém 6×1

O modelo 6×1 sempre foi dominante no comércio por conta das jornadas estendidas de shoppings, supermercados e farmácias. Como o funcionamento costuma ser diário, as empresas alegam que a distribuição 6×1 garante mais cobertura nos horários e atende melhor ao fluxo de clientes.

Por outro lado, isso exige do trabalhador maior adaptação e uma vida menos previsível, já que a folga semanal nem sempre acontece no mesmo dia.

A chegada da escala 5×2 aponta para uma tentativa de equilibrar essa equação. Além do benefício ao funcionário, a empresa tende a ganhar em retenção de talentos e redução de rotatividade, problemas frequentes em setores de alta demanda.

Experiências iniciais

Redes como DPSP e H&M já estão trabalhando com esse modelo em algumas unidades, o que abre espaço para avaliação nos próximos meses. Ainda não há números consolidados que mostrem o impacto na produtividade ou no faturamento, mas o interesse já indica movimento.

Para muitos trabalhadores, a simples possibilidade de ganhar dois dias seguidos de descanso pode fazer diferença. Com isso, o varejo começa a se aproximar de um modelo mais alinhado ao vivido em escritórios, bancos e parte da indústria.

Reflexos para o consumidor

Para quem frequenta lojas, farmácias e shoppings, a mudança não deve afetar o atendimento. A expectativa é de que a operação se ajuste com escala de equipes, sem prejuízo para os clientes.

A transformação acontece nos bastidores, na vida de quem está por trás do balcão, no caixa ou no atendimento direto. No dia a dia, isso pode significar trabalhadores mais descansados e motivados, capazes de atender melhor sem o peso da sobrecarga.

Ainda é cedo para dizer se o 5×2 vai ganhar força no varejo de forma massiva. O que se nota é um movimento experimental que pode abrir caminho para mudanças maiores.

Enquanto isso, empregados que já fazem parte desse teste vivem algo inédito no comércio: fim de semana prolongado, rotina menos fragmentada e chance real de planejar compromissos fora do trabalho.