Real digital: entenda o que é o Drex e como ele vai mudar as transações
Após a revolução dos pagamentos instantâneos com o Pix, o Banco Central do Brasil (bcb.gov.br) avança para a próxima etapa da modernização do sistema financeiro nacional com o Drex. A iniciativa, que cria uma versão digital para a moeda brasileira, promete transformar a forma como pessoas e empresas realizam transações complexas.
O Drex, anteriormente conhecido como Real Digital, é uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC), que funcionará como uma extensão das cédulas e moedas que já conhecemos. A proposta é oferecer uma plataforma para uma nova geração de serviços financeiros, baseada em tecnologias como a de registro distribuído (DLT), semelhante à blockchain.
Diferentemente do Pix, que é um meio de pagamento, o Drex é a própria moeda em um ambiente digital, projetado para permitir a execução de contratos inteligentes e a negociação de ativos digitais. Essa característica abre um leque de novas possibilidades para o mercado, desde a compra de imóveis até investimentos.
O projeto ainda está em fase de testes, mas seu potencial para aumentar a segurança e a eficiência das transações já movimenta o setor financeiro. A tecnologia por trás do Drex, suas aplicações práticas e as diferenças para os sistemas atuais são os pontos centrais para se preparar para essa nova realidade.
Índice – Drex
- O que é o Drex e por que ele é chamado de “real digital”
- Drex versus Pix: entenda a diferença e a principal função de cada um
- A tecnologia de contratos inteligentes que o Drex vai permitir
- Como o Drex vai mudar as transações de compra e venda de bens
- A tokenização de ativos: a nova forma de investir com o Drex
- Segurança e custo: as principais vantagens do Drex para as transações
- Como acessar e usar o Drex na prática com sua carteira digital
O que é o Drex e por que ele é chamado de “real digital”
O Drex é o nome oficial da moeda digital do Brasil, uma iniciativa do Banco Central que se enquadra na categoria de Moedas Digitais de Banco Central, ou CBDCs. Na prática, ele é a representação eletrônica da moeda nacional, o real, e terá paridade de um para um, ou seja, 1 Drex sempre valerá 1 real.
A nomenclatura “real digital” era o termo utilizado durante as fases iniciais do projeto e descreve sua natureza de forma literal. O nome “Drex” foi adotado para criar uma marca mais moderna e de fácil identificação, em linha com a estratégia utilizada no Pix. Cada letra do nome remete a uma característica: “D” de digital, “R” de real, “E” de eletrônico e “X” de conexão.
É fundamental entender que o Drex não é uma nova criptomoeda, como o Bitcoin. Enquanto as criptomoedas são descentralizadas, o Drex será emitido e totalmente controlado pelo Banco Central, possuindo a mesma estabilidade e garantia da moeda física que já circula no país.
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Drex versus Pix: entenda a diferença e a principal função de cada um
Embora ambos representem grandes inovações do Banco Central, Drex e Pix possuem finalidades e funcionamentos distintos. O Pix é um sistema de pagamentos instantâneos, uma infraestrutura que permite a transferência de reais entre contas bancárias de forma rápida e a qualquer momento.
O Drex, por outro lado, é a própria moeda em formato digital, operando em uma nova plataforma tecnológica. Enquanto a função do Pix é a de ser um “meio de transporte” para o dinheiro, a do Drex é ser o “dinheiro em si” nesse novo ambiente, permitindo operações muito mais complexas do que uma simples transferência.
A diferença na prática é clara: para pagar uma conta ou transferir dinheiro para um amigo, o Pix continua a ser a ferramenta ideal. Para uma transação que exige a troca simultânea de um bem e do pagamento, como a compra de um carro, a plataforma Drex, com seus contratos inteligentes, será a solução.
A tecnologia de contratos inteligentes que o Drex vai permitir
A principal inovação que a plataforma Drex irá habilitar é o uso de “contratos inteligentes” (smart contracts). Trata-se de programas de computador autoexecutáveis, nos quais os termos de um acordo entre duas ou mais partes são escritos diretamente em linhas de código.
Esses contratos são executados de forma automática em uma rede de registro distribuído (DLT). As ações previstas no contrato, como a transferência de um valor ou de um ativo, ocorrem apenas quando as condições pré-programadas são cumpridas, sem a necessidade de um intermediário para validar a operação.
Essa tecnologia é o que transforma o Drex em “dinheiro programável”. Ela permite a criação de serviços financeiros nos quais o cumprimento de uma obrigação está condicionado, de forma automática e segura, ao cumprimento da contrapartida, eliminando riscos e burocracias.
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Como o Drex vai mudar as transações de compra e venda de bens
A aplicação dos contratos inteligentes na plataforma Drex irá transformar a maneira como bens de alto valor, como veículos e imóveis, são negociados. Hoje, essas transações envolvem um problema de confiança e a necessidade de intermediários, como cartórios, para garantir a segurança da operação.
Com o Drex, será possível programar a troca de forma simultânea e incondicional. No caso da venda de um carro, por exemplo, o valor do pagamento em Drex do comprador e o documento de propriedade do veículo, também em formato digital (token), podem ser colocados em um contrato inteligente.
O contrato só irá liberar o dinheiro para o vendedor no exato instante em que liberar o documento de propriedade para o comprador. Se uma das partes não cumprir sua obrigação, a operação é automaticamente desfeita, e o dinheiro e o documento retornam para seus donos originais. Esse processo, conhecido como “liquidação atômica”, reduz drasticamente o risco de fraudes.

A tokenização de ativos: a nova forma de investir com o Drex
Outra grande revolução que a plataforma Drex irá possibilitar é a “tokenização” de ativos financeiros e reais. Tokenizar significa transformar o direito sobre um ativo em um registro digital (token) em uma rede DLT.
Com essa tecnologia, será possível, por exemplo, transformar um título público federal ou a escritura de um imóvel em um token digital. Esses tokens poderão ser negociados diretamente na plataforma Drex, de forma mais ágil e transparente.
A tokenização também permite o fracionamento de ativos de alto valor. Um imóvel, por exemplo, poderá ser dividido em milhares de tokens, permitindo que pequenos investidores possam comprar uma fração do bem. Isso tem o potencial de democratizar o acesso a investimentos que hoje são restritos a grandes investidores.
Segurança e custo: as principais vantagens do Drex para as transações
Uma das principais vantagens esperadas com o Drex é o aumento da segurança nas transações financeiras. A tecnologia DLT, com seu sistema de registro criptografado e distribuído, torna as operações mais seguras e rastreáveis, inibindo a prática de crimes como a lavagem de dinheiro.
A redução de custos operacionais é outra grande vantagem. Ao automatizar processos e eliminar a necessidade de múltiplos intermediários em transações complexas, a plataforma Drex tende a baratear o custo dos serviços financeiros, o que pode se refletir em taxas menores para o consumidor final.
No entanto, é importante notar que, diferentemente do Pix, que é gratuito para pessoas físicas, as operações com o Drex poderão ter custos. Como elas estarão associadas a serviços financeiros mais complexos, como a compra de um imóvel ou um investimento, é natural que as instituições financeiras cobrem por essa prestação de serviço.
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Como acessar e usar o Drex na prática com sua carteira digital
O cidadão comum não terá acesso direto ao Drex emitido pelo Banco Central, que funcionará como uma moeda de atacado para as transações entre as instituições financeiras. O acesso do público será feito por meio de uma versão intermediada, o “real tokenizado”.
O real tokenizado será a representação digital dos saldos que os clientes possuem em suas contas bancárias. Para utilizá-lo, o consumidor usará uma carteira digital, que será oferecida por seu banco, fintech ou outra instituição financeira autorizada, e que estará integrada aos aplicativos que já utiliza hoje.
Na prática, o processo será simples. O usuário irá converter seus reais da conta corrente para o real tokenizado dentro de sua carteira digital. Com esses tokens, ele poderá então interagir com a plataforma Drex para realizar as transações, como a compra de um ativo tokenizado ou a execução de um contrato inteligente.