Dafra e sua moto street que tentou competir com a CG

A Dafra Speed 150 chegou ao mercado brasileiro em 2008 com a proposta de ser uma alternativa à dominadora Honda CG no segmento de motos de 150cc. Com um visual atraente, painel digital e um preço bastante competitivo, essa moto prometia uma opção mais acessível para quem roda nas cidades.

Contudo, a trajetória da Speed 150 não foi das mais tranquilas. Questões de desempenho, problemas de qualidade e um serviço pós-venda que deixou a desejar acabaram colocando à prova a confiança dos motociclistas. Agora, em 2025, ela ressurge no mercado de usados como uma das opções mais em conta, mas a pergunta que fica é: será que vale a pena apostar em um modelo tão polêmico?

A promessa de 2008: um design moderno e um preço atrativo

A Dafra, que faz parte do Grupo Itavema, fez uma entrada forte no Brasil com a Speed 150, lançada em junho de 2008. Por apenas R$ 4.990, a moto oferecia um pacote bem interessante: rodas de liga leve, freio a disco na frente, partida elétrica e um painel digital que mostrava conta-giros e indicador de marcha.

Esse valor chamava a atenção, especialmente se comparado à Honda CG 150 ESD, que custava quase R$ 2.000 a mais. O foco estava em conquistar quem queria um pouco mais de tecnologia e um design mais moderno sem gastar muito.

A batalha contra a Honda CG: menos potência e mais consumo

Apesar de suas qualidades, a Speed 150 não conseguiu superar a Honda CG em termos de desempenho. Seu motor de 149,4 cm³ entregava apenas 13,2 cavalos de potência, enquanto a CG oferecia 14,2 cv e um torque que garantiam uma aceleração mais rápida e eficiente.

E não para por aí. O consumo de combustível também ficou abaixo do ideal. A Speed alcançava no máximo 28 km/l, enquanto a CG fazia cerca de 32 km/l. Além disso, o assento mais inclinado da Speed gerava desconforto e a suspensão da CG se destacava nas ruas brasileiras.

A situação piorou quando a Dafra teve que adequar a Speed às normas de emissão de poluentes. Após a recalibração, a potência despencou para 11,1 cv, e o consumo aumentou, chegando a cerca de 30 km/l nas cidades. Essa mudança trouxe vibrações indesejadas em altas rotações, tirando um pouco do prazer de pilotar a moto.

Os problemas de qualidade e um pós-venda que deixou a desejar

A fama da Speed 150 se deteriorou devido a problemas de qualidade. Muitos donos reclamavam que peças de acabamento, como carenagens e lanternas, eram difíceis e caras de encontrar. A ausência de um mercado de peças paralelas fez com que a manutenção se tornasse uma dor de cabeça, diferentemente do que acontece com a Honda, que possui uma rede maior.

Essa falta de suporte e a imagem negativa da marca em relação ao pós-venda criaram um ciclo vicioso: a desconfiança dos consumidores refletiu nas vendas, o que por sua vez desestimulou o mercado de peças, tornando a moto ainda menos atraente.

O legado em 2025: uma opção barata no mercado de usados

A produção da Dafra Speed 150 foi encerrada em 2014. Hoje, essa moto se tornou uma das opções mais baratas entre as usadas. Em 2025, é possível encontrar modelos na faixa de R$ 2.000 a R$ 4.000 em sites como a OLX, o que a coloca entre as 150cc mais acessíveis do Brasil.

Porém, esse preço baixo não vem sem suas desvantagens. O custo inicial atraente pode ser ofuscado por problemas persistentes e a dificuldade em conseguir peças de reposição. A história da Speed 150 nos lembra que, no universo das motos, um preço baixo e a confiança na qualidade nem sempre andam lado a lado.