Chorar ao cortar cebola: entenda por que isso acontece com algumas pessoas

O choro ao cortar cebola é uma das experiências mais comuns na cozinha. O fenômeno, embora inofensivo, provoca desconforto e pode afastar muita gente da tarefa de picar esse ingrediente. A explicação para isso está diretamente ligada à forma como a cebola reage quando é cortada.

Ao penetrar as camadas da cebola com uma faca, ocorre uma reação química que libera gases capazes de irritar os olhos. Esses compostos, ao entrarem em contato com a água presente na superfície ocular, desencadeiam um mecanismo de defesa: a produção de lágrimas.

O efeito é praticamente imediato e mais comum em ambientes fechados, onde o gás não se dissipa com facilidade. Embora todas as cebolas tenham potencial lacrimatório, algumas variedades são mais potentes que outras, influenciando diretamente na intensidade da reação.

A compreensão desse processo ajuda a aplicar técnicas que reduzem a liberação dos compostos irritantes e tornam a atividade mais suportável. Algumas dessas medidas estão ao alcance de qualquer pessoa e envolvem alterações simples na forma de manusear a cebola.

Por que a cebola faz chorar?

Quando a cebola é cortada, suas células são rompidas, liberando uma enzima chamada alinase. Essa enzima reage com compostos sulfurados também presentes no bulbo e gera ácidos sulfênicos, substâncias altamente instáveis que rapidamente se transformam em um gás chamado sulfóxido de tiopropanal.

Esse gás é volátil e se espalha pelo ar, alcançando os olhos em poucos segundos. Quando entra em contato com a água presente na superfície ocular, ocorre a formação de ácido sulfúrico em concentrações muito baixas.

Mesmo sendo diluído, esse ácido é suficiente para irritar as terminações nervosas da córnea. Como resposta, o organismo aciona as glândulas lacrimais, que liberam lágrimas em um esforço para diluir e eliminar o agente irritante.

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Qual substância da cebola provoca ardência nos olhos?

O principal responsável pela ardência é o sulfóxido de tiopropanal, também conhecido como sin-propanetiol-S-óxido. Ele é produzido no exato momento em que os tecidos da cebola são rompidos.

Esse composto não está presente na cebola intacta. Sua formação é resultado da interação entre as enzimas alinases e os precursores sulfurados chamados sulfóxidos-S-alquenil cisteína.

A estrutura química do sulfóxido permite que ele reaja rapidamente com a umidade dos olhos, desencadeando um processo de irritação em cadeia. Além disso, a quantidade e potência do composto variam de acordo com a variedade e frescor da cebola.

Por que algumas pessoas sentem mais os efeitos do que outras?

A intensidade da resposta ao cortar cebola varia de pessoa para pessoa por diversos fatores. Entre eles está a sensibilidade ocular individual, a frequência de exposição e até a altura da pessoa em relação à superfície de corte.

Pessoas com olhos mais sensíveis ou que utilizam lentes de contato podem sentir maior incômodo. Além disso, usuários que se aproximam demais da cebola durante o corte estão mais sujeitos a inalar o gás em maior quantidade.

A lubrificação natural dos olhos também influencia. Em olhos mais secos, o gás pode causar reações mais intensas, já que a produção de lágrimas não é tão eficiente em neutralizar o irritante.

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Existe relação entre sensibilidade ocular e reação à cebola?

Sim. A relação entre sensibilidade ocular e reação ao sulfóxido é direta. Pessoas com alergias oculares, conjuntivite crônica ou olhos ressecados tendem a sofrer mais com a ardência.

Doenças oftalmológicas também potencializam a sensação de queimação. Nesses casos, o corte da cebola pode se tornar uma tarefa extremamente desconfortável, mesmo com pequena exposição.

Indivíduos com olhos saudáveis, por outro lado, costumam apresentar reatividade menor. Ainda assim, fatores como quantidade cortada, ventilação e tipo de cebola interferem na resposta fisiológica.

Dicas para cortar cebola sem chorar

Uma das estratégias mais eficazes é resfriar a cebola por cerca de 30 minutos antes do corte. A temperatura mais baixa reduz a volatilização do gás.

Outra medida útil é utilizar facas bem afiadas, que rompem menos as células da cebola e, consequentemente, liberam menos enzimas. Evitar amassar ou bater no alimento também é importante.

Usar óculos de proteção, manter o ambiente arejado ou cortar a cebola sob uma leve corrente de água também reduz significativamente o incômodo.

Mitos e verdades sobre como evitar lágrimas ao cortar cebola

Cortar a cebola com a boca cheia de água é uma prática popular, mas não há evidência científica de que funcione. Já usar ventilador próximo à tábua de corte pode ajudar a dispersar o gás.

Congelar a cebola também é um método discutido. Embora reduza a liberação do gás, pode alterar a textura e o sabor do alimento. Outra dúvida frequente é sobre cortar cebolas com velas acesas por perto, mas isso também não possui comprovação eficaz.

Facas de cerâmica e cortes rápidos também foram apontados como formas de reduzir o incômodo, mas o que realmente faz diferença é minimizar o rompimento celular e dispersar o gás.

Quando a reação pode indicar um problema de saúde?

Em casos onde a lacrimação é excessiva, acompanhada de dor intensa, vermelhidão prolongada ou visão borrada, pode haver uma condição oftalmológica subjacente.

A exposição ao gás da cebola não deve causar sintomas prolongados. Se o desconforto persistir após o fim da tarefa, é indicado procurar um oftalmologista.

Doenças como olho seco, alergias oculares ou inflamações recorrentes aumentam a sensibilidade ao sulfóxido. O diagnóstico precoce pode evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.

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Cortar cebola na água ou gelada ajuda mesmo?

Sim. A eficácia dessas técnicas é reconhecida por especialistas. Cortar cebola submersa ou sob água corrente impede que o gás atinja os olhos com facilidade.

Resfriar a cebola antes do uso também diminui a volatilidade do sulfóxido de tiopropanal. A baixa temperatura reduz a velocidade da reação química e da evaporação.

Ambas as estratégias não eliminam completamente o desconforto, mas tornam o processo mais tolerável, especialmente quando combinadas com ventilação adequada e utensílios apropriados.