China revela AG600, maior aeronave anfíbia do mundo
Após 16 anos de desenvolvimento e testes, o AG600 da China, conhecido como Kunlong ou "Dragão d’Água", finalmente está pronto para voar. Em 2025, essa enorme aeronave anfíbia, considerada a maior do mundo, recebeu sua certificação para produção em massa. Isso a coloca como um importante componente na aviação estratégica da China, junto com o avião de transporte Y-20 e o jato de passageiros C919.
A missão do AG600 é digna, visando combater incêndios e realizar resgates marítimos. No entanto, as suas especificações indicam um propósito adicional: ser uma ferramenta poderosa nas ambições geopolíticas de Pequim. Vamos entender melhor a engenharia por trás desse gigante e os desafios que o cercam.
A importância estratégica do projeto do AG600 da China
O projeto do AG600 começou em 2009, como parte de uma estratégia do governo chinês para dominar o desenvolvimento de aeronaves grandes e complexas. A ideia era criar um ecossistema industrial autossuficiente, reduzindo a dependência de tecnologias estrangeiras.
Embora o investimento bilionário tenha sido justificado como uma necessidade de um sistema nacional de resgate, suas características fazem do AG600 uma ferramenta bastante útil para apoiar a presença da China no Mar da China Meridional. Com um alcance de 4.500 km, a aeronave pode operar de forma eficiente na região.
A engenharia anfíbia: o design do “barco voador” e sua propulsão
O AG600 é uma verdadeira obra-prima da engenharia, equilibrando as necessidades de voo com as de operação na água. A parte superior se assemelha a um avião, enquanto a parte inferior é um casco de barco.
Com 36,9 metros de comprimento e uma envergadura de 38,8 metros, a aeronave é equipada com quatro motores turboélice WJ-6, uma tecnologia chinesa que se tornou independente de projetos estrangeiros. Seu design permite que opere em mar aberto, navegando em ondas de até 2 metros de altura, garantindo robustez durante as missões.
As capacidades de coletar 12 toneladas de água e resgatar 50 pessoas
O AG600 é projetado para duas missões civis principais:
Combate a incêndios: Uma de suas habilidades mais impressionantes é a capacidade de coletar 12 toneladas de água em apenas 20 segundos ao passar sobre a superfície de um lago ou do mar. Essa água pode ser despejada em uma área de 4.000 metros quadrados, facilitando uma resposta rápida durante incêndios florestais.
Busca e salvamento (SAR): Em operações de resgate marítimo, a aeronave pode transportar até 50 pessoas de uma só vez, com um raio de ação de 1.500 km, cobrindo grandes extensões do oceano.
O AG600 da China contra seus rivais do Japão e da Rússia
No mercado, o AG600 encontra dois concorrentes notáveis, cada um com suas características únicas.
Contra o ShinMaywa US-2 (Japão): A disputa aqui é sobre agilidade. O avião japonês é conhecido por sua habilidade em decolagens e pousos curtos, necessitando de apenas 280 metros de água para operar. O AG600, por outro lado, requer uma “pista” de 1.500 metros, o que limita sua flexibilidade em mares mais agitados.
Contra o Beriev Be-200 (Rússia): Aqui, o foco é a velocidade. O Be-200 é um avião a jato mais rápido, ideal para respostas imediatas a incêndios. Já o AG600, com seus motores turboélice, pode não ser tão veloz, mas tem um alcance maior e condição para operar em mares mais severos, se tornando uma ‘maratona’ no combate a incêndios.
A certificação para produção em massa e seu papel no Mar da China Meridional
A trajetória de 16 anos do AG600 culminou em 2025 com a obtenção de seu Certificado de Tipo pela agência de aviação civil chinesa (CAAC) em abril de 2025. Em junho do mesmo ano, recebeu o Certificado de Produção, permitindo oficialmente o início da fabricação em massa.
Com a certificação, o ‘Dragão d’Água’ está pronto para cumprir suas missões, que, oficialmente, são voltadas para a proteção do território chinês. Extraoficialmente, suas capacidades de pouso em qualquer ponto do Mar da China Meridional fazem dele uma peça estratégica fundamental, tanto para a segurança da população quanto para a vigilância nos mares.