Caverna mais profunda do Brasil tem 481 metros de profundidade
Durante muitos anos, o Abismo Guy Collet, situado no Amazonas, foi considerado a caverna mais profunda do Brasil. Essa história ganhou notoriedade, principalmente após a pesquisa realizada em 2006, que descobriu a caverna na Serra do Aracá. Com uma profundidade impressionante de cerca de 671 metros, a descoberta foi celebrada como um feito notável na espeleologia. Entretanto, a jornada de verificação científica trouxe à tona uma nova realidade e reposicionou a Gruta do Centenário, em Minas Gerais, como a verdadeira campeã.
A descoberta de 2006 foi fruto de uma parceria entre a ONG italiana Akakor Geographical Exploring e a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE). Os pesquisadores exploraram uma caverna que parecia ter uma formação vertical extraordinária, o que justificou seu nome em homenagem a um renomado espeleólogo. Essa medida foi registrada formalmente e rapidamente se tornou a informação oficial sobre as cavernas do Brasil.
Mas a ciência está em constante evolução, e descobertas precisam ser constantemente verificadas. Em 2015, novas equipes de pesquisadores decidiram investigar o Abismo novamente, buscando entender melhor suas características. O que eles encontraram foi surpreendente: a profundidade máxima da caverna ficava na faixa de apenas 150 metros, bem longe dos 671 metros anteriormente anunciados. Essa diferença significava não só um rebaixamento do Abismo, mas também uma correção importante nas informações sobre espeleologia.
Em 2019, durante o 35º Congresso Brasileiro de Espeleologia em Bonito, Mato Grosso do Sul, os dados da expedição de 2015 foram apresentados. A comunidade científica aceitou as novas medições, e assim o Abismo Guy Collet perdeu seu status de caverna mais profunda, enquanto a Gruta do Centenário reassumiu essa posição.
Localizada no Pico do Inficionado, na Serra do Caraça, a Gruta do Centenário foi mapeada entre 1996 e 1998, confirmando sua profundidade em 481 metros. Assim, ela se solidificou não apenas como a caverna mais profunda do Brasil, mas também como uma das mais importantes do mundo no que tange a formações em rocha quartzítica.
Embora o Abismo Guy Collet não tenha se mantido como o mais profundo, sua relevância permanece. A caverna é um exemplo clássico de geologia, com sua formação em quartzito e localização em uma montanha de topo plano, chamadas tepuis. As dificuldades de acesso tornam sua exploração um verdadeiro desafio, refletindo a importância da verificação contínua no mundo científico. Essa história nos lembra que a busca pela verdade nunca para, e cada nova descoberta pode abrir portas para revisões e novas compreensões.