Alerta vermelho! Café pode sumir das prateleiras; veja o motivo e prepare o bolso

Oferta global do grão enfrenta desafios climáticos e econômicos, pressionando os preços e aumentando o risco de escassez nos mercados

O café, um dos produtos mais consumidos no mundo, enfrenta um período de incerteza. A oferta do grão tem sido impactada por fatores climáticos adversos, o que pressiona os preços e pode comprometer o abastecimento nos mercados.

O cenário já reflete no valor pago pelos consumidores, que registram aumentos expressivos nos últimos meses.

O custo da matéria-prima teve um crescimento acumulado de mais de 220% entre 2021 e 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic (abic.com.br). As projeções indicam que essa tendência pode continuar, devido às dificuldades na produção e ao aumento da demanda global.

Além disso, questões geopolíticas e dificuldades no transporte marítimo também interferem no preço final do café, tornando o produto ainda mais caro nas prateleiras.

Com os estoques reduzidos e um mercado internacional aquecido, especialistas alertam que o consumidor deve sentir o peso desses reajustes no bolso.

Alerta vermelho! Café pode sumir das prateleiras; veja o motivo e prepare o bolso
Produção do café está em crise e pode afetar orçamento de consumidores – Crédito: Dragana_Gordic / Freepik

Brasil, Vietnã e Indonésia registram queda na produção

Os maiores produtores de café do mundo enfrentam desafios climáticos que afetam a produtividade das lavouras.

O Brasil, que lidera o mercado global, sofreu impactos diretos com períodos prolongados de seca e temperaturas elevadas. A Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (conab.gov.br) estima que a safra de 2025 deve atingir 51,8 milhões de sacas, uma redução de 4,4% em relação ao ano anterior.

No Vietnã, segundo maior produtor mundial, a falta de chuvas resultou em uma queda de 20% na produção da safra 2023/24. As exportações também foram afetadas, registrando uma redução de 10% pelo segundo ano consecutivo.

Já na Indonésia, as chuvas excessivas prejudicaram as plantações, levando a uma retração de 16,5% na produção e de 23% nas exportações.

Com a redução na oferta desses países, o mercado internacional tem enfrentado dificuldades para equilibrar os estoques. Essa limitação da produção impacta diretamente os preços, que seguem em alta e devem permanecer elevados ao longo do ano.

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Inflação do café atinge supermercados e cafeterias

O consumidor já percebe o aumento nos preços do café, tanto nos supermercados quanto nos estabelecimentos que comercializam a bebida.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (ibge.gov.br) mostram que o quilo do café moído dobrou de preço desde 2020, registrando uma alta acumulada de 50,3% nos últimos 12 meses.

Nos Estados Unidos e na União Europeia, a inflação do café também preocupa.

Relatórios preliminares apontam que, em dezembro de 2024, o grão ficou 6,6% mais caro para os consumidores norte-americanos e 3,75% para os europeus. No Brasil, o aumento foi ainda maior, atingindo 20,25% no primeiro bimestre de 2025.

As cafeterias também sentem o reflexo da alta dos preços. O cafezinho servido fora de casa ficou, em média, 10,5% mais caro no último ano. Esse aumento é impulsionado pela necessidade de repassar os custos da matéria-prima, que subiu 224% desde 2021.

Mercado internacional pressiona demanda e reduz estoques internos

Com a valorização do grão no exterior, a maior parte da produção brasileira tem sido direcionada para exportação, reduzindo a disponibilidade para o mercado interno.

Segundo a consultoria Safras & Mercado (safras.com.br), 93% da safra 2024/25 já foi comercializada, restando apenas 7% do grão disponível para venda no país.

Os produtores, por sua vez, adotam uma estratégia mais cautelosa diante da instabilidade climática e da oscilação dos preços. Apenas 13% da safra 2025/26 foi vendida antecipadamente, número bem abaixo da média dos últimos cinco anos, que era de 22% no mesmo período.

Essa menor oferta contribui para a elevação dos preços e reforça a preocupação com a possibilidade de escassez do produto nas prateleiras. O setor segue monitorando os impactos climáticos e os desdobramentos do mercado global para definir os próximos passos.

Fraudes no café aumentam em meio à alta dos preços

O crescimento do valor do café tem levado ao aumento de fraudes no setor.

Produtos de baixa qualidade, conhecidos como “café fake”, estão cada vez mais comuns no varejo. A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Proteste (proteste.org.br) alerta que algumas marcas utilizam misturas de cascas, folhas e até grãos defeituosos para baratear o custo da produção.

Além disso, a substituição do grão por ingredientes como milho, cevada e açaí tem sido identificada em análises laboratoriais. Essas práticas são proibidas pela legislação brasileira, mas ainda assim ocorrem em diversas regiões.

Para combater o problema, o Ministério da Agricultura intensificou a fiscalização e realizou apreensões em fábricas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os produtos irregulares foram retirados do mercado, mas a recomendação é que os consumidores fiquem atentos à procedência do café que compram.

Perspectivas para o setor e tendências para os próximos meses

O mercado de café segue instável e as previsões indicam que os preços devem continuar elevados nos próximos meses. A expectativa é de que novos reajustes ocorram até a chegada da safra 2026, quando a produção pode alcançar maior estabilidade.

Enquanto isso, o consumo interno segue em alta. No Brasil, a demanda por café torrado e moído cresceu 1,1% entre 2023 e 2024, totalizando 21,9 milhões de sacas consumidas. O país permanece como o segundo maior consumidor mundial da bebida, atrás apenas dos Estados Unidos.

No cenário global, a Organização Internacional do Café – OIC (ico.org/pt) prevê uma continuidade na pressão sobre os preços, impulsionada pela redução da oferta e pelo aumento da demanda.

O comportamento do mercado dependerá das condições climáticas nos principais países produtores e das movimentações comerciais no exterior.

Com a produção limitada e os custos elevados, os consumidores devem se preparar para um café cada vez mais caro e, possivelmente, com menor variedade disponível nas prateleiras.